terça-feira, 1 de abril de 2014

Sinopse sobre o «Amor em tempo de Crise»

Ontem assisti a um dos episódios mais interessantes do Programa Prós e Contras, da RTP, sobre o «Amor em Tempo de Crise». Em pouco mais de 1 hora, técnicos e apaixonados discorreram sobre as suas experiências e sentimentos acerca deste motor que nos impulsiona, do amor romântico e das velhas e novas perspetivas sobre o mesmo. Ouviu-se a opinião apaixonada de um escritor sobre a sua procura pessoal pela compreensão do amor; a objetividade com que uma advogada percebe o divórcio, muitas vezes como uma solução inevitável e a cura para a auto-estima; a crença comprovada de um psiquiatra no amor como algo ainda melhor e falou-se, muito, sobre como os casais lidam com a sexualidade sob o ponto de vista de uma médica. De tudo o que foi dito e discutido, enumerei e trouxe algumas conclusões que julgo as mais importantes. Apetece-me fazer um papel de parede com elas, pôr no hall de entrada para que nunca sejam esquecidas! Passo a enumera-las:

  1. Antes de casarem, as pessoas devem aprender a lidar com a solidão. 
  2. Há a linguagem da família da mulher, a linguagem da família do homem e a linguagem do casal. Os casais precisam desvincularem-se de suas respetivas famílias e desenvolverem a sua própria linguagem. Os sogros não devem intervir.  
  3. A companhia ainda é melhor do que a solidão. A doença mental atinge mais os solteiros.
  4. A paixão dura dos 6 meses aos 3 anos; depois disto ou vira amor ou pesadelo.
  5. Muitos relacionamentos acabam porque se procura no outro o amor absoluto. Não existe o amor absoluto; a única certeza que há é que o outro irá falhar.
  6. Os casais devem resguardar a sua individualidade e respeitar as diferenças um do outro. Há o "eu", o "tu" e o "nós".
  7. A crítica negativa destrói o amor.
  8. É preciso que haja tempo e disponibilidade mútua para discutir a relação.
  9. Um casamento instável pode afetar mais os filhos do que o divórcio.
  10. Muitas vezes acusa-se o outro daquilo que se sente, que não é verdadeiramente  culpa do outro.
  11. O afeto e o respeito pelo outro deve ser ensinado desde cedo, inclusivamente nas escolas.
  12. A violência doméstica pode ser o resultado da discussão crescente entre os casais.
  13. É preciso ter em conta que a violência pode não ser somente física. Há pessoas que a dada altura deixam de ser "pessoas" e passam a ser só "tristeza".
  14. Um agressor que não é tratado continuará sendo agressor em outra relação.
  15. Os médicos de família, professores, ministros religiosos e outros profissionais deveriam ser capacitados e estarem aptos a prestar aconselhamento aos agressores e aos casais.
  16. Um amor pouco consolidado pode não sobreviver à emigração de um dos parceiros.
  17. O consumo, a facilidade ao crédito e o cansaço de uma vida atribulada faz com que os casais modernos suportem menos as crises conjugais.  
  18. Os conflitos vividos entre os casais heterossexuais são idênticos aos vividos entre os casais homossexuais; o resto é estereótipo.
  19. O órgão mais estimulante de todos é o cérebro; depois de terem esta compreensão, o casal precisa aprender a se tocar.
  20. O afeto é tanto ou mais importante que a sexualidade. Há casais que se entendem muito bem sexualmente mas que sofrem de carência afetiva. 

Por último, o que ouvi de mais marcante veio de um casal unido há 50 anos, que se mantém feliz praticando o ensinamento passado pelos pais e que segue sendo transmitido aos filhos e netos. É com este enunciado que termino, deixando que cada um de nós reflita longamente sobre o mesmo:

"A escola dos filhos é a casa dos pais."

             
(Fiquei com muita vontade de ler o livro Labirinto de Mágoas, do psiquiatra Daniel Sampaio).

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