sexta-feira, 31 de maio de 2013

Feliz dia mundial da criança!

O dia mundial da criança foi comemorado pela primeira vez em 1950, mas muita gente desconhece a razão pela qual as crianças têm um dia dedicado a elas. Conta a história que a ideia de instituir um dia da criança começou com o pós-Guerra, quando o mundo percebeu a grave situação de abandono e orfandade em que se encontravam os menores. Surge assim a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), em 1946, órgão da ONU (Organização das Nações Unidas) mundialmente conhecido por promover a defesa dos direitos das crianças.
 
Mas ainda era insuficiente, de modo que em 1950 a Federação Democrática Internacional das Mulheres propôs a ONU a criação de um dia dedicado às crianças de todo o mundo, comemorado pela primeira vez em 1 de Junho de 1950. Desde então a ONU reconhece que toda a criança, independentemente da raça, cor, sexo, religião, idioma ou opinião política, tem direito a um nome e nacionalidade; amor e compreensão; alimentação; cuidados médicos; educação; proteção contra todas as formas de exploração e de crescer num clima de paz. Estes direitos foram formalizados em 20 de Novembro de 1959, com a aprovação legal da Declaração dos Direitos da Criança, um documento contendo os 10 princípios mais importantes em termos de defesa das crianças (embora nem sempre sejam cumpridos!).
 
Por isso, penso que uma forma simbólica de comemorar o dia da criança é tendo uma ação proativa em relação a crianças em situações mais vulneráveis, seja através de pequenos donativos ou proporcionando-lhes um dia diferente. Como também, comemorar com as que nos são próximas, aproveitando o dia para viver em família momentos felizes e de lazer, como aliás é direito consagrado pela Declaração da ONU.
 
A minha dica é uma visita a Feira do Livro de Lisboa, que amanhã, a partir das 11 horas, terá imensas atividades voltadas para as crianças (e para os adultos também!), tais como: ateliês, lançamento de livros, DJ Kid, leitura de poemas e contos e muito mais... Ou um simples piquenique, uma ida à praia, um passeio em um parque da cidade onde estejam, pois é de espaço e liberdade que elas mais gostam!
 
Aproveitem bem o dia, façam suas crianças felizes e divirtam-se também!
 

quarta-feira, 29 de maio de 2013

O menu infantil: salsichas envolta em massinha (ou será o contrário?)

A Filipa Brioso (a do Bolo de Laranja!) e a Paula Fragata (outra amiga especial e mãe da amiga preferida da Malu, que depois eu conto!), andam me pedindo mais receitinhas no Blogue. Entendi perfeitamente que, ultimamente, o meu lado sério tem brincado pouco! Deve ser o meu aniversário que está a se aproximar, para o desespero da Maluzinha, que acha que a mãe está ficando velha, logo, vai morrer! Ai, meu Deus, que não se pode mais nem comemorar!
 
Bem, tenho um pacto com vocês, que é trazer-vos preferencialmente receitas fáceis e rápidas, práticas nesses dias que voam e que nos consomem... Então resolvi surpreender! Como sei que mães adoram ver os filhos limparem os pratos, segue abaixo a receita para o jantar de hoje que, aliás, dispensa receita. Agora, D. Paula Fragata, diga lá se o assunto deste post não é mesmo engraçado? Bom apetite, garotada...



 
 

 

terça-feira, 28 de maio de 2013

Sequestro, rapto ou tráfico de mulheres: o melhor combate ainda é a informação

No passado dia 06 de Maio, o mundo festejou o resgate das americanas Amanda Berry (27 anos), Gina DeJesus (23 anos) e Michelle Knight (32 anos), após uma década de cativeiro em casa de Ariel Castro (52 anos), no oeste de Cleveland. Além das três mulheres, foi também resgatada uma menor de 6 anos, filha de Amanda Berry e do seu algoz.

Durante mais de 10 anos, essas mulheres foram mantidas reféns, violadas, espancadas e torturadas. Por diversas vezes engravidaram do sequestrador e sofreram abortos provocados por maus tratos.

Ariel Castro foi acusado de violação e rapto, segundo as leis do Estado do Ohio, Estados Unidos. Alegou, em sua própria defesa, que também sofrera abuso sexual na infância. Em todo caso, o crime é de enorme gravidade e pelos seus contornos pode perfeitamente delinear o perfil de um psicopata. 

No Brasil, o tipo penal possivelmente seria sequestro e cárcere privado, praticado com fins libidinosos. Há, ainda, outras circunstâncias relevantes, como ser praticado contra menores de 18 anos e com grave sofrimento físico e moral das vítimas. Antes, seria espécie de rapto, mas este crime foi revogado pela Lei nº 11.106, de 28-03-2005.

Em Portugal, seria caso de rapto cometido contra a liberdade e autodeterminação sexual das vítimas.

A violência sexual, como se nota, esteve presente ao longo da configuração dos crimes, mas verdadeiramente o que todos têm em comum é o fato de serem praticados contra a liberdade pessoal das vítimas e com clara finalidade de coação sexual. O crime é continuado, de modo que perdura enquanto mantém-se o cativeiro.

Outra espécie parecida, mas distinta, é o tráfico de mulheres, modalidade de tráfico de pessoas. Neste caso, o sequestro ou rapto destina-se à escravidão sexual e venda de mulheres como objeto sexual, utilizando-se de ameaça, coação e abuso de autoridade sobre situações de vulnerabilidade. Há a particularidade de ser um negócio ilícito (ao contrário do que sucedeu no caso norte-americano, cuja finalidade era satisfazer a lascívia do autor), por sinal o mais lucrativo e mais praticado no mercado internacional. Estima-se que 2,5 milhões de mulheres são vendidas a cada ano ao rendimento médio de 30 milhões de dólares. No entanto, o tráfico de pessoas para fins sexuais também vitima homens e crianças.

Sabe-se que o Brasil é o país da América do Sul com o maior número de mulheres traficadas para fins de exploração sexual, sendo a Espanha o país da Europa de predileção. A grande maioria desconhece o verdadeiro propósito da migração e geralmente entram no país de destino com visto de turista e com atividades camufladas através de agências de modelos ou para trabalhos como baby sitters, garçonetes ou dançarinas.

Mas o tráfico de pessoas pode não se destinar a exploração sexual, comumente também ocorrendo para a venda de órgãos ou escravidão humana. Integra a criminalidade altamente organizada, o que o torna de difícil persecução, já que ultrapassa fronteiras e exige a cooperação internacional no seu combate. Ademais, aumenta de gravidade se considerarmos que vitimam sobretudo pessoas vulneráveis, tanto em razão da idade como em situação de pobreza.

Em suma, a melhor forma de prevenir a ocorrência desses crimes é através de campanhas de esclarecimento massivo e alerta aos pais, professores, crianças, adolescentes e jovens dos riscos de aliciamento, sobretudo através da Internet. O melhor combate ainda é a informação, o que nos confronta com a delicada missão de ter que preparar as nossas crianças a desde muito cedo perceberem o mundo sob um olhar atento e desconfiado, sem entretanto lhes roubar a inocência.

Vale a pena conferir a publicidade veiculada em Atlanta (abaixo), visando alertar as pessoas para o risco e os abusos do tráfico de mulheres.  
 

sábado, 25 de maio de 2013

30 minutos do dia dedicados ao coração, recomenda-nos o personal trainer Flávio Lima

Um dos grandes problemas da atualidade é a corrida contra o tempo. Eu própria sofro desse mal e passo a vida a fazer escolhas, simplesmente porque o dia não rende! É muito, para gerir em poucas horas! E quando tenho de abdicar de algo, vai-se logo embora o que faço por mim! Mas, no sufoco, as horas do dia que me restam é para produzir.
 
Pois bem, na lista do que “fica para depois”, está a atividade física que, ao contrário, deveria ser uma prioridade. Imagino que com vocês passa-se o mesmo, mas é dessas coisas que só damos a devida importância quando o corpo manda os sinais de que não aguenta mais esperar. No meu caso, ainda gosto de me exercitar e obrigo-me a ter isto por hábito, de modo que compreendo muito bem as pessoas que adiam a caminhada diária ou matriculam-se num ginásio e nunca lá põem os pés!
 
Por isto, consultei o personal trainer Flávio Lima, licenciado em Condição Física e Saúde no Desporto, com mestrado em Direção e Gestão Desportiva. Quis saber a sua opinião sobre o tempo que deve ser dedicado a uma atividade física, para aqueles que vivem adiando essa resolução ou desculpando-se com a falta de tempo.
 
E o Flávio mandou-me este texto delicioso, informativo e animador. Garante que bastam 30min. diários de exercício físico, para colhermos benefícios pelo resto de nossas vidas...
“Os problemas cardiovasculares são apontados como a principal causa de morte em Portugal, estimada numa média anual de mais de 30 mil. Segundo dados internacionais, em 2020 a maior incapacidade e mortalidade no mundo será devida às doenças cardiovasculares.
Outro dado importante é o da obesidade infantil. A Organização Mundial de Saúde (OMS) refere que um em cada dois adultos e uma em cada cinco crianças sofrem de excesso de peso na Europa. De acordo com a mesma fonte, Portugal e Malta são os dois países europeus com a maior taxa de obesidade em crianças com menos de onze anos, antevendo um aumento da taxa de obesidade em terreno nacional.
Para contrariar estes dados a American College of Sports Medicine (ASCM), entidade de maior credibilidade na construção das diretrizes desportivas, recomenda a prática de 30min. de atividade física diária para todas as idades.
Por outro lado, ideologias novas como a “visão primal” de Mark Sisson, baseada no fato de nosso ADN (DNA) não ter sofrido mutações ao longo dos anos, defende que devemos manter a atividade física tal como fazíamos no passado. Prega que o sedentarismo é um dos grandes problemas da sociedade moderna. Mark Sisson aponta como benefícios de uma atividade cardiovascular de moderada intensidade: redução do risco de síndrome metabólica; redução da incidência de alguns cancros (câncer); redução da depressão crónica; todos os outros benefícios cardiovasculares que conhecemos e aumento da oxidação das gorduras.
Em suma, o mais importante é adotar um estilo de vida saudável, começando pela redução do sedentarismo. Mas a prática de exercício físico com aconselhamento/acompanhamento é sempre recomendável, pois um plano de treino pode fazer com que consigamos os resultados pretendidos de forma mais motivadora, além de prevenir lesões". 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Questões éticas ligadas ao diagnóstico pré-natal de doenças genéticas

A Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, no âmbito do ensino de pós-graduação, desenvolve um Seminário onde os doutorandos têm oportunidade de apresentar e discutir resultados parciais de suas investigações. Ontem foi a minha vez e levei para discussão o tema “O aborto fetopático no Direito Penal brasileiro”. Pela atenção de todos e os comentários finais, acredito que despertou muito interesse. De fato o tema desencadeia muitos questionamentos importantes, inclusive de natureza ética, sobre a forma como olhamos para o outro.
 
Uma parte do que discutimos tem a ver com o risco assumido da utilização abusiva do diagnóstico pré-natal com o claro objetivo de seleção de embriões. E sendo eu defensora do direito à interrupção voluntária da gravidez em determinadas indicações, sou obrigada a esclarecer que este procedimento não é legitimamente indicado quando o disgnóstico fetal pressuponha, por exemplo, a seleção de embriões em razão do sexo ou que estejam geneticamente ligados a uma doença de manifestação tardia. Neste último caso, principalmente porque a ciência não garante que a doença se venha a manifestar, nem em quanto tempo, muito menos se já não existirá tratamento para a mesma.
 
Estas preocupações são relevantes, na medida em que o diagnóstico pré-natal modificou a forma como a sociedade lida com a deficiência, considerando a possibilidade de interromper a gestação em casos de fetos atingidos por doenças congénitas. Com efeito, o Médico Rui Nunes, Presidente da Associação Portuguesa de Bioética, alerta para a necessidade de se esclarecer a sociedade sobre os riscos de uma compulsão para o abortamento tendo em conta a opção de não deixar nascer crianças deficientes, postulando a criação de estruturas sociais necessárias para receber o deficiente (Questões Éticas do Diagnóstico Pré-natal da Doença Genética, Dissertação de candidatura ao grau de Doutor apresentada à Faculdade de Medicina do Porto, 1995, p. 93-96).
 
Assim, segundo o Autor, para que a interrupção voluntária da gravidez seja moralmente legítima, é preciso um julgamento prévio sobre a qualidade de vida extrauterina, abstraindo-se de imaginar como seria essa vida com deficiência do ponto de vista pessoal. Por exemplo, no caso da trissomia 21, torna-se irrelevante a opinião de terceiros sobre o tipo de vida do indivíduo com esta deficiência, uma vez que nem ele mesmo pode considerar se tem ou não boa qualidade de vida, não tendo nunca experimentado outro modo de vida. Já o mesmo não se pode dizer com relação a anencefalia, que nem sequer coloca a hipótese de recorrer a meios de ressuscitação após o nascimento (idem, p. 204-206).
 
Com efeito, a interrupção voluntária da gravidez deve ser reservada para situações excecionais, e especialmente nos casos de indicação fetopática, deve-se conferir ao casal as melhores condições de tomarem esta decisão de forma proporcional, munido do maior conhecimento possível sobre a doença.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

O Estatuto do Nascituro e suas implicações para os direitos das mulheres brasileiras

No passado dia 17 de Abril, o Estatuto do Nascituro (PL 478/2007) voltou a pauta da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, Brasil, para julgamento. Por apenas um voto não entrou em discussão e caso seja aprovado seguirá para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, a última desta Casa.
 
Muitas pessoas desconhecem os objetivos do Estatuto do Nascituro, bem como as suas repercussões a nível dos direitos das mulheres brasileiras. Por esta razão, entendi ser oportuno tecer algumas considerações a respeito de assunto tão delicado, dando o meu contributo para o esclarecimento dos leitores e, quiçá, a formação de uma opinião ponderada, seja ela qual for.
 
Para começar, é importante lembrar que o Brasil é um país tradicionalmente muito religioso, tendo a maior população católica do mundo, o que naturalmente repercute numa legislação bastante restritiva em matéria dos direitos reprodutivos das mulheres (decorrência do princípio da sacralidade da vida). Basta dizer, que quando se discutia as questões da mulher na elaboração da Constituição brasileira de 1988, os grupos religiosos quiseram prever no Art. 5º “a inviolabilidade do direito à vida desde a concepção”, sendo impedidos pelos grupos feministas, que após uma luta árdua conseguiram afastar a matéria abortiva do texto constitucional.
 
Não obstante, depois de mais de duas décadas de vigência da Constituição, nota-se claramente um retrocesso do Congresso Nacional em matérias ligadas aos direitos das mulheres, como se constata com a PEC 164/2012, que visa novamente assegurar a inviolabilidade do direito à vida desde a conceção. Segundo o Cfemea – Centro Feminista de Estudos e Assessoria (ONG que acompanha os debates no Poder Legislativo), a atual legislatura é a pior desde a Constituição de 1988.
 
Esta tendência conservadora da legislatura atual é também marcada pela tentativa de aprovação do Estatuto do Nascituro. Se for sancionado, o Estatuto do Nascituro representará um entrave não só ao acesso eficaz das mulheres ao aborto nos casos já permitidos (risco de vida para a mãe e gravidez decorrente de violência sexual), como também poderá dificultar a revisão da matéria, de forma a ampliar os seus direitos reprodutivos. Ademais, trará repercussões negativas para as pesquisas com células-tronco embrionárias, opondo-se neste aspeto a decisão do STF que recentemente as autorizou.
 
Isto porque o Estatuto do Nascituro assegura a proteção integral do nascituro desde o momento da conceção, incluindo nesse conceito “os seres humanos concebidos ‘in vitro’, os produzidos através de clonagem ou por outro meio científica e eticamente aceito” (Arts. 1º e 2º). Efetivamente, o Estatuto do Nascituro visa estabelecer os direitos do nascituro, equiparando equivocadamente o estatuto jurídico e moral do embrião humano com o da pessoa nascida.
 
Dentre outras determinações, reza o Art. 4º do Estatuto que “(…) é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar ao nascituro, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, ao desenvolvimento, à alimentação, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à família, além de colocá-lo a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão”.
 
Com efeito, quando o Estatuto preconiza os direitos do nascituro “com absoluta prioridade”, invalida completamente o recurso ao aborto terapêutico, cujo procedimento tem por escopo resolver o conflito existente entre a vida da mãe e a do feto. Isto vale independentemente da probabilidade de sobrevida do nascituro (Arts. 9º e 10º), contrariando, também neste aspeto, a jurisprudência já assente relativamente ao abortamento de feto portador de anencefalia.
 
Manifestamente, inviabiliza também a prática do aborto sentimental, na medida em que veda “ao Estado e aos particulares causar qualquer dano ao nascituro em razão de um ato delituoso cometido por algum de seus genitores” (Art. 12).
 
Assim, ao nascituro concebido em decorrência de crime contra a liberdade sexual da mulher é assegurado direito prioritário à assistência pré-natal e pensão alimentícia equivalente a um salário mínimo nacional até que complete 18 anos, paga pelo Estado ou pelo genitor quando identificado. E, em contrapartida, o único direito reconhecido à mulher é o acompanhamento psicológico, além de poder encaminhar o menor para adoção (Arts. 12 e 13). É por isto que se apelida o Estatuto do Nascituro de "Bolsa-estupro".
 
Outra inovação do Estatuto tem a ver com a parte penal: é criada a modalidade culposa do aborto (Art. 23); o crime de anúncio de processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto (Art. 24); proíbe congelar, manipular ou utilizar nascituro como material de experimentação (Art. 25); cria os crimes de ofensa à honra do nascituro (Arts. 26 e 27); o crime de apologia do aborto ou de quem o praticou, bem como o incitamento à sua prática (Art. 28); o crime de induzimento de mulher grávida à prática do aborto (Art. 29) e, por fim, enquadra o aborto entre os crimes hediondos.
 
Como se nota, ao nascituro é conferido um extenso leque de direitos, na mesma proporção em que se retira da mulher os direitos conquistados democraticamente, não somente os concernentes a sua autonomia e liberdade individual, mas sobretudo a sua própria saúde física e mental. Estes direitos fazem parte do elenco de direitos fundamentais e são expressão do princípio da dignidade humana, corolário de todos os demais. Por esta razão, dificilmente se poderá conferir legitimidade constitucional ao Estatuto do Nascituro.
 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

"Crianças... Escola ou casa?" Eis a minha questão, respondeu-me a Educadora de Infância Luísa Ferreira

Os últimos dias não têm sido fáceis! Espero que na próxima semana já eu esteja mais serena, ando cheia de ideias e assuntos, mas por enquanto estão a espera de que o Seminário em que serei Oradora aconteça e corra bem; a espera de que a Maluzinha se recupere e me deixe menos preocupada com a sua saúde; a espera de que encontre uma solução melhor para a Eva…
 
É verdade, estou com a cabeça cheia de preocupações! E não sei por que, comigo nunca me calha uma coisa de cada vez: quando vem, vem sempre aos montes! Acho que é para testar a minha resistência! Em todo o caso, vou seguindo com a adrenalina aos saltos.
 
Por ora, quero partilhar com vocês a minha inquietação com a Evinha. Por opção (e teimosia) tentamos manter as meninas em casa até completarem 3 anos, quando então vão para o Infantário. Com a Malu funcionou lindamente, contei com a ajuda da Elen que foi como uma segunda mãe para nós as duas. Mas depois que a Eva nasceu, imaginem vocês que já vamos na terceira suplente! Até compreendo em parte que, com duas crianças volta e meia hibernando em casa algum vírus, não é um trabalho muito apetecível! Mas elas até colaboram e eu quase que sou a subordinada, na tentativa desesperada de contar com a “pessoa” quando mais preciso! Pois bem, talvez por ironia, sempre que as meninas adoecem acontece algum motivo justificador de falta ao trabalho. E o meu trabalho? Bem, mães não adoecem, nem têm problemas pessoais! O trabalho estará pronto no último round.
 
Decerto toda esta confusão nos fez voltar a reconsiderar a hipótese de colocar a Evinha mais cedo no Infantário. Confesso envergonhada que para mim me custa imenso, acho-a tão pequenininha para já ingressar no protótipo de vida estudantil e laboral, passar todo o dia fora de sua casa, voltar para jantar e dormir! Mas por outro lado, acho que, no caso da Eva, é a melhor solução.Já a Malu é perentória: "Oh, mãe! A mana vai adorar! Ainda mais que vai ser colega da sua amiga Matilde!". 
 
Assim é a opinião da Educadora de Infância Luísa Ferreira (espero que de alguma forma possa acalenta-los também!):
 
“Crianças… Escola ou casa?
Esta é uma questão que os pais se colocam frequentemente. O sentimento que os pais têm pelos seus filhos leva-os muitas vezes a “pesarem na balança” sobre a importância de ir para a escola ou de ficar em casa com os pais ou alguém que os faça as vezes.
Quero tranquilizar os pais, pois além de Educadora de Infância, sou mãe. Devemos deixar os nossos filhotes conviverem/brincarem/socializarem-se com outras crianças. Por vezes, o nosso instinto protetor não os deixa usufruírem de algo muito importante pelo qual só passam uma vez na vida: o contato com outras crianças.
Tudo na vida tem a sua idade adequada e asseguro que as crianças têm necessidade de passar pelas vivências necessárias de cada idade! Portanto, deixem os vossos filhotes usufruírem de todas as experiências que a escola lhes proporciona. E atenção: Na escola também têm mimos, carinhos e afetos que eles não esquecerão quando forem mais crescidos!”
 

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Angels in the Garden

Para aqueles que creem, o Batismo é o nascimento da criança para a vida cristã, significa uma nova vida, purificada do pecado original. Mas também é uma tradição, um dia de festa, de comemoração, de encontro e de grande alegria! Esta a razão pela qual, tal como nos preparamos para a chegada do nosso filho, preparamos o dia do seu Batismo de forma a ser inesquecível, perfeito em cada detalhe minuciosamente imaginado e realizado. Desde a escolha dos padrinhos à Igreja, a roupa da criança, as flores, as lembranças que serão para sempre guardadas daquele dia, tudo deve parecer-nos encantador! E anos depois, cada vez que folhearmos o álbum de fotografias, recordaremos cheios de emoção aquele dia de sonho para toda a família!
 
Há pouco tempo vivi a experiência do Batismo com a Malu e não vejo a hora de repeti-la com a Eva, ainda mais depois do ensaio fotográfico que fizemos com elas no domingo passado! Desta vez, um grupo de amigos empreendedores reuniram-se em volta do tema “Batismo” e, cada qual em sua vertente, ofereceram ideias e sugestões maravilhosas!
 
Falo-vos da Mamã dá Licença, loja especializada em enxovais e roupas de criança que mais parecem saídas de um conto de fadas; da Pó de Cacau, dedicada a confeção de brindes personalizados e embalagens elegantes, de bom gosto e muito criativas; da Lili Cherry, capaz de fazer maravilhas com flores, conferindo a tudo um ar romântico e delicado, da Live Wedding Vídeo, especialista em contar histórias dignas de Cinema  e dos Estúdios J. A. Santos, experientes em captar a magia das crianças e em reportar dias festivos de modo a nunca se apagarem de nossas memórias.
 
Foi um dia meio a brincar, mas realizado de todo o coração! Uma amostra que poderá vos ajudar quando forem a vossa fez (a valer!) de idealizarem o Batizado dos vossos pequenos… Soltamos nossos anjos no jardim e o resultado foi um sonho!
 

 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

O espetacular Bolo de Laranja da Filipa

Escrever um blogue não era propriamente um assunto presente em minha vida. E é engraçado que agora sinto que faz todo o sentido: é alegre, informativo e agrada a muita gente. Assim, pouco a pouco, mais pessoas vêm partilhar conosco, como aconteceu com a Filipa. Para ser justa, tenho de dizer que quando decidi viver de vez em Portugal sabia que tinha de refazer toda a vida. Foi uma decisão difícil, já que, além da família e do trabalho, não ter amigos por perto me assustava! Os amigos não precisam ser numerosos, mas é imprescindível um ou dois com quem vez por outra a gente possa esvaziar a cabeça; além de um tanto de amigos desses que fazem a vida menos solitária, que a gente sabe que estão ali logo ao lado, atentos! A Filipa é uma dessas amigas! Desta vez, a Filipa, meio a brincar, lançou-me um desafio ao enviar a sua receita de bolo de laranja, que diz ser mais fácil e rápida de preparar do que a do bolo de maçã! Fui testar e, de fato, o bolo de laranja da Filipa é imbatível! E mais: delicioso! 

Vão achar que é impossível, mas abaixo está a receita de bolo mais fácil e rápida que há no mundo:

Ingredientes
1 laranja inteira com casca e tudo (lavada)
4 ovos
2 chávenas (xícaras) de farinha de trigo
1 a 2 chávenas (xícaras) de açúcar
1 chávena (xícara) de óleo
1 colher de chá de fermento
(Eu acrescento 1 chávena de água e 1 colher de chá de bicarbonato de sódio para o bolo ficar mais fofo)

Modo de preparar
1. Bater os ovos e a laranja inteira no liquidificador até a laranja se desfazer completamente. 2. Juntar o resto dos ingredientes (menos o fermento) e continuar a bater até resultar numa massa homogénea. 3. Por último, acrescentar o fermento (e o bicarbonato de sódio) e misturar ligeiramente. 4. Pôr em forma untada com manteiga e polvilhada com farinha de trigo. 5. Levar a assar a 180º, por cerca de 45 minutos.


domingo, 12 de maio de 2013

Feliz Dia da Minha Mãe!

Conta a história que em 1905, a americana Anna Jarvis, após a morte de sua mãe, entrou numa grande depressão. Preocupadas com o seu estado, um grupo de amigas decidiram organizar uma festa em homenagem à mãe de Anna, como forma de perpetuar a sua memória. Anna quis que a festa se estendesse para todas as mães do mundo, vivas ou mortas, e em 1914 a data foi oficializada, passando a ser comemorada no segundo domingo de Maio.
 
Vários países seguiram o exemplo dos Estados Unidos, instituindo um dia nacional em homenagem às mães. No Brasil, também comemora-se o Dia das Mães no segundo domingo de Maio. Portanto, hoje a minha mãe está de parabéns pelo seu dia! Infelizmente a distância não permite que eu esteja com ela (como gostaria!), proporcionando-lhe quem sabe um dia agradável e feliz! Quero, ainda assim, recordar-lhe que eu apenas cresci, tornei-me mãe, mas guardo intocável as memórias do seu melhor amor.
 
Hoje, nos meus alfarrábios, encontrei uma foto que reflete exatamente esse amor, onde me encontro sentada ao seu colo. Tinha perto de 3 anos e a minha mãe, aproximadamente, 21. Era um dia de domingo e vestíamos condizentes. Olhando para a foto, posso lembrar-me até do perfume que me punha e do quanto eu me sentia feliz, protegida, cuidada e amada. Custa-me imenso que esse amor às vezes pareça ter ficado guardado num passado impresso em fotografias, sufocado entre angústias e preocupações, sem tempo para ser ele mesmo! E qual a minha culpa para que isso tenha acontecido?
 
Por isso, hoje, comemoro o dia da minha mãe e lhe presto a minha mais sentida homenagem, sentada ao seu colo, feliz, protegida, cuidada e amada… Porque o amor que dela recebi perpetuou-se no infinito amor que sinto por ela!
 

quinta-feira, 9 de maio de 2013

No consultório com o Médico Dentista Humberto Prates: O desenvolvimento dos maxilares nas crianças

A saúde bucal das crianças é algo que valorizo muito. Convenhamos, não há nada mais encantador do que um sorriso com todos os dentes perfeitinhos! Este cuidado, como é óbvio, deve ser cultivado desde a mais tenra idade.
 
Assim, além do ritual com a escovação dos dentes pelo menos duas vezes por dia, anualmente – e por hábito – levo as meninas a uma consulta com o Médico Dentista, que neste caso é o Dr. Humberto Prates, Sócio das Clínicas Dental One (Lisboa) e Dental Power (Odivelas), a quem recorro fielmente desde 2006. Portanto, só tenho as melhores indicações a dar acerca do Dr. Humberto, não somente pela qualidade do seu trabalho, mas também porque acho-o bastante ético e responsável com o valor cobrado pelos seus honorários.
 
De modo que, por confiar bastante na opinião profissional do Dr. Humberto, convidei-o a vir partilhar conosco um assunto que considerasse de grande importância e que fosse pouco difundido, sendo, desta forma, bastante útil para todos nós. O Dr. Humberto aceitou prontamente o meu convite e nos trouxe um tema que com certeza deixará muitos leitores, literalmente, de “boca aberta”!
 
Hoje vamos saber um pouco sobre o desenvolvimento dos maxilares nas crianças, segundo o Médico Dentista Humberto Prates: 
“Tomem atenção ao crescimento e desenvolvimento dos maxilares nos mais pequenos, podem ser a causa de muitos problemas!
São vários os fatores que podem condicionar essas alterações nos maxilares durante o desenvolvimento do esqueleto nas crianças. Existem causas hereditárias (inalteráveis) e comportamentais (hábitos). Hábitos como chuchar até tarde, chuchar no dedo ou pôr permanentemente objetos inapropriados na boca podem ser algumas das causas de uma má formação no desenvolvimento dos maxilares, indo essa alteração ter repercussões a nível local, sistémico, comportamental e postural; condicionando assim todo um processo biológico e estrutural de desenvolvimento da criança.  
Mas para compreendermos a importância de tudo isto, temos de pensar no problema como causa de inúmeras sequelas em todo o corpo. A nível local, existe um desenvolvimento assimétrico do terço inferior da face, problemas respiratórios, problemas de deglutição, dificuldade de mastigação, predominância de maior número de cáries, sensação de boca seca, alterações na produção de saliva, problemas fonéticos, dores e tensões articulares e musculares no pescoço e ombros, entre outros. A nível sistémico e postural, as alterações são permanentes e manifestam-se em todo o corpo, podendo ser a causa de problemas gástricos, devido à má mastigação dos alimentos, bem como cardíacos, respiratórios e posturais ao nível da coluna vertebral, podendo influenciar em todo o desenvolvimento esquelético e postural da criança.
O mais interessante é que estes problemas, que muitas vezes não damos importância, influenciam no seu comportamento social, existindo estudos que referem que cada tipo de desenvolvimento maxilar e intermaxilar tem um padrão comportamental distinto e muito bem marcado, podendo as anomalias do desenvolvimento facial e maxilar influenciar assim em toda a nossa vida. 
Por isso, olhem com atenção para as vossas crianças e se notarem alguma alteração basta consultar um especialista, pois a maioria dos casos têm solução, desde que sejam acompanhados desde a infância”.
 
  

terça-feira, 7 de maio de 2013

"Batalha de Mestre", por Achel Tinoco

Nos meus alfarrábios há contos, crônicas, histórias, passatempos e receitas para todos os gostos. Há informação, esclarecimento e muita curiosidade. Há pessoas, amigos, família, parceiros, há sem dúvida de tudo um pouco, mas tudo que está nos meus alfarrábios passa antes pela minha verificação. E somente vai parar lá, porque é útil e importante para mim ou porque pode ser útil e importante para os leitores. Digamos que é como uma base-de-dados repleta de coisas boas!
 
Assim, nos meus alfarrábios também constam os livros de um grande amigo escritor, de uma típica família cacauicultora do interior da Bahia, que eu admirava por dar aos filhos os nomes mais parecidos com personagens de contos infantis do meu imaginário: Drayden, Yalu, Pagana, Achel… Uma família diferente, na concepção da pequena cidade rural de onde também eu vim!
 
E foi assim que, nesta família de emigrantes do Pará para o interior da Bahia, entre as roças de cacau e as personagens reais que povoavam aquelas terras de Ibirataia, Achel Tinoco foi retirando os contos que aos poucos deram alma às personagens fictícias que hoje habitam os seus romances e poemas.
 
Achel Tinoco merece todo o meu respeito, principalmente por ter ultrapassado as dificuldades que obrigavam os inquietos de espírito a abandonar suas casas e família, em busca dos sonhos somente concretizáveis para além das porteiras da Fazenda. Atualmente, Achel Tinoco vive exclusivamente da venda de seus livros e firmou-se definitivamente como mais um grande escritor brasileiro, declaradamente fã de José Saramago e Gabriel Garcia Marques.
 
Indico-vos a leitura de Batalha de Mestre, o mais recente romance do autor, inspirado na trajetória do seu irmão Yalu nos EUA, que particularmente tocou-me pelas semelhanças com a minha própria história e de outras pessoas que conheci em Coimbra - todas travando suas próprias batalhas pessoais! Sei, entretanto, que é irresistível a forma engraçada e provocante como Achel Tinoco nos seduz até a última linha, razão pela qual vocês vão adorar conhecê-lo!
 
Batalha de Mestre, Editora Europa, está a venda nas principais livrarias do Brasil e através da Internet, ao preço sugerido de R$ 29,90 (moeda brasileira).
 
Confiram a sinopse:
 
“A batalha descrita nas páginas deste livro é a mais bela que um ser humano pode travar: a superação pessoal em busca do conhecimento. O leitor vai se rir e vai se emocionar ao se deparar com a luta do jovem Kaloã para realizar o sonho de fazer um mestrado nos Estados Unidos. Formado em Engenharia Agronômica, vê-se diante de um dilema: frequentar o serviço público ou administrar a fazenda do pai? Decide ir para os Estados Unidos sem conhecer a língua, sem emprego acertado, somente com a cara e a coragem. Lá, encontra um mundo completamente diferente do que imaginara: hipócrita, egoísta, hostil. Nesse meio, começa sua luta para trabalhar, estudar, sobreviver: será lavador de carros, entregador de pizzas, pintor de paredes, garçom, ao tempo em que planeja o mestrado em Comércio Internacional. Anos de angústia, decepções, incertezas até receber o diploma de uma conceituada Universidade americana. O autor narra, de forma descontraída e emocionante, a história desse brasileiro idealista que saiu do interior da Bahia para ‘ganhar o mundo’, não importando quão teria de persistir. Kaloã partiu para ‘conquistar a América’. Batalha de Mestre muito deve inspirar quem ainda tem dúvidas se vale a pena correr atrás da realização de um sonho, por mais distante que ele possa parecer”.

 

sábado, 4 de maio de 2013

Queridas Mães!

Todas as noites antes de dormir, enquanto a Malu faz suas orações ao Anjo da Guarda – que sempre terminam numa prece para que “não sonhe com os maus, nem com nada”, a Eva ouve atenta e eu concluo abençoando-as e fazendo os meus pedidos... dirigidos a elas. Hoje nada pedi. Agradeci a Deus o facto de ser a mãe delas e o facto de, desde então, nunca mais ter estado só.

As minhas filhas vieram para ensinar-me o verdadeiro significado do amor de mãe. Não se ama um filho só por ser mãe! Muitas vezes, o amor de mãe nos engana e vem depois disfarçado de outras caras, outras formas... daí que a verdadeira mãe nem sempre é a biológica. E foi somente através de minhas filhas que eu compreendi isto a fundo. Devo-lhes o meu amor-próprio, a minha compaixão e a minha vida totalmente preenchida.

Mas sei que, como eu, um dia elas seguirão à procura da sua própria definição de amor, naquela viagem que provavelmente me trará novamente para dentro de mim. Hoje a minha maior tarefa, como mãe, é prepara-las para esse caminho por vir, plantando em seus pequenos corações o amor e o respeito pela família. Passo-vos o que de bom recebi e preservo-as daquilo que não quis para mim. Porque o verdadeiro amor, é justo! 

Também por isto, escolhi para esse dia um trecho do livro O Profeta, de Gibran Khalil Gibran, que muitos devem conhecer ou já devem ter ouvido falar. Li-o ainda na adolescência e, já na altura, a minha alma ansiosa guardou-o na memória, predisposta a segui-lo. 

Feliz Dia da Mãe, queridas mães! Em Portugal, hoje celebra-se o nosso dia. No Brasil é comemorado no segundo domingo de Maio. Feliz Dia da Mãe, a mim e à minha também!
"E uma mulher que carrega o filho nos braços disse: 'Fala-nos dos filhos'.
E ele disse: 'Vossos filhos não são vossos filhos. São os filhos e as filhas da ânsia da vida por si mesma. Vêm através de vós, mas não de vós. E embora vivam convosco, não vos pertencem. Podeis outorgar-lhes vosso amor, mas não vossos pensamentos, porque eles têm seus próprios pensamentos. Podeis abrigar seus corpos, mas não suas almas; pois suas almas moram na mansão do amanhã, que vós não podeis visitar nem mesmo em sonho. Podeis esforçar-vos por ser como eles, mas não procureis fazê-los como vós, porque a vida não anda para trás e não se demora com os dias passados. Vós sois os arcos dos quais vossos filhos são arremessados como flechas vivas. O Arqueiro mira o alvo na senda do infinito e vos estica com toda a Sua força para que Suas flechas se projetem, rápidas para longe. Que vosso encurvamento na mão do Arqueiro seja vossa alegria: pois assim como Ele ama a flecha que voa, ama também o arco que permanece estável'".
(Gibran Khalil Gibran, O Profeta, 1923). 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

“My first Riflle”: Apenas mais uma história trágica!

Hoje o meu dia começou invadido pela notícia vinda dos Estados Unidos (Cumberland, Kentucky), onde um menino de apenas 5 anos matou acidentalmente a irmã de 2 com a sua própria arma de fogo. A arma de calibre 22, chamada My first Riffle, é produzida pela empresa Cricket, especializada em roupas, livros e armas para crianças e foi um presente que o menino ganhou dos pais no seu 5º aniversário. Há menos de 1 mês, outra criança de 4 anos matou o amigo de 6, também com disparo de arma de fogo nos EUA (New Jersey).
 
Fiquei chocada. Tanto pela tragédia quanto pela forma como os americanos percecionam essas fatalidades. Em verdade, a população americana orgulha-se em ser a sociedade mais armada do mundo (uma em cada três pessoas possuem uma arma de fogo) e por estar apta a lutar pelo país em caso de invasão. Não importam os meios quando os fins se justificam, desde que tenham a liberdade de garantir a sua própria segurança, não importam os massacres que volta e meia nos fazem interrogar sobre a importância de leis mais restritivas acerca das armas de fogo. Basta dizer que, no dia a seguir aos tiroteios de Tucson (Arizona, 2011), 60% da população do Arizona correu às lojas para comprar armas de fogo, receosa com a possibilidade do Governo proibi-las para os particulares.
 
Qualquer pessoa nos EUA, acima de 18 anos, pode comprar armas ou munições, exigindo-se apenas o preenchimento de um formulário que é entregue ao vendedor e é este funcionário quem decide se completa ou não a venda, após uma pesquisa no NICS do FBI (National Instant Criminal Background Check System), mesmo não sendo uma autoridade. É fácil imaginar a fragilidade desse Sistema e a razão pela qual muitos utilizam-se de compradores intermediários para concretizar o seu desejo de possuir uma arma de fogo, como também acontece usualmente no caso dos pais que compram armamentos para os filhos menores, comandando a sua própria milícia. Além disso, fala-se já, para muito em breve, na possibilidade de se poder descarregar pela Internet e imprimir uma arma perfeitamente funcional através de uma impressora 3D.
 
E fico aqui a me questionar de quem seria a responsabilidade no caso deste triste acidente (mais um!) ocorrido na terça-feira passada nos EUA envolvendo duas crianças e uma mãe supostamente desatenta! De acordo com a sua explicação, ausentou-se por apenas 3 minutos, tempo suficiente para a tragédia acontecer. Mas, quantas vezes também nós deixamos nossos filhos sós, por apenas 3 minutos, confiantes no controlo absoluto da nossa quase sobrenaturalidade? Como responsabilizar a negligência dessa mãe, se antes os Estados Unidos aceitam e de certa forma facilitam o acesso das crianças às armas de fogo? O que fazer neste caso, se a própria vida encarregou-se de prender perpetuamente esta mulher dentro do seu mais severo e imperdoável julgamento próprio? Haverá, afinal, algo que possa recompor os fatos? Talvez, não!