terça-feira, 8 de setembro de 2015

Carta aos Alfarrábios (De mim para mim, com partes de nós)

Saudades de ti, Alfarrábios! Prometi que só voltava aqui quando a vida me permitisse um momento de descontração autoral, por causa daquela coisa assombrosa de mais ou menos 300 páginas que me tira o sono e que não vejo jeito de pôr um ponto final. É que a coisa não anda, ou melhor, anda, mas de gatinha!

Eu é que ando sem paciência. Tenho visto coisas horríveis a acontecer pelo mundo, parece que estamos a meio de um novo extermínio em massa e a gente não sabe para que lado há de se virar. Outro dia, vi colegas destratarem-se por causa de política. Essas coisas de intolerância me entristece, embora eu própria, como disse, ando sem paciência. 

Quando a curiosidade é maior do que eu, vou saber se afinal aquela amiga que estava a espera de bebé já o tem no colo; ou como anda a família da outra margem do infinito azul; ou quem é que está mais feliz do que eu... e então vejo o que fazemos nós para autopromover a nossa excentricidade... acho o mundo tão estranho! Insano. Não falo das coisas que nos alegra a alma de ver na expressão de amor do outro ou na saudade que diminuímos aos bocadinhos, inocente; falo das pessoas que julgam que o mundo cabe na circunferência do seu próprio umbigo. Às vezes pego-me a rir, desacreditada. 

Mas olha, ainda assim, fui de férias. Lembra que tenho duas rainhas lá em casa? Que me enche o coração de amor? Que culpa elas têm? Também ando sem paciência para elas, coitadinhas! Para ser sincera, ando meio histérica! Elas estão a crescer rápido demais, estão se enchendo de poder... eu não acompanho... e quando a noite cai, penso que fiz tudo mal e lamento. Mas ainda assim tento dar-lhes o melhor que tenho: dou-lhes o meu tempo, escasso mesmo assim, além do meu amor por vezes fragmentado.

Continuo a correr. Durante aquela horinha, corro, penso, extravaso e tiro conclusões. Conclusões boas e más. Esses dias conclui que a vida nem sempre é o que aparenta, que é mais difícil ser tristemente verdadeiro do que fingir alegria e que, de facto, qualquer problema torna-se menor quando se tem companhia.

Por falar nisso, lembra que fez 9 anos que casei-me com o amor da minha vida? É verdade, mudamos, desde então. Mas continuo a acreditar que apaixonei-me por um homem com um coração amoroso e tenho fé que ele não se esqueça... Nem eu, Alfarrábios! Nem eu!

É que a vida não é uma história que se escreve num dia. Tem gente tão estúpida, Alfarrábios! Deus nos livre de gente estúpida.