
Antes de mais, é preciso contextualizar a notícia e frisar que, na cultura americana, um facto como este pode ser perfeitamente bem aceito e encarado com naturalidade. No entanto, deve-se ressaltar os sérios riscos que envolvem o comércio de fluido humano, sobretudo tendo em conta que, ao contrário do que acontece nos bancos públicos de leite, é impossível controlar a procedência e a qualidade do leite vendido através da Internet, como por exemplo se as mães tiveram os necessários cuidados com a saúde e a higiene durante o armazenamento; da mesma forma como não se pode controlar a utilização final desse produto, sabendo-se que em muitos casos o leite é adquirido por homens que não são progenitores.
Todos conhecem os benefícios do aleitamento materno, tanto para o bebé como para a mulher. Tive a sorte de poder amamentar as minhas duas filhas, uma bem mais do que a outra, porque elas próprias foram bebés diferentes e encontraram a mãe em fases diferentes da vida. Adorei amamentar, fá-lo-ia tantas vezes quantas fossem precisas, mas não sou nada fundamentalista! É ótimo que se tente, é excelente que se ultrapasse as dificuldades iniciais e se insista no aleitamento! E se não for possível, se não houver outra hipótese, penso que atualmente os suplementos são cada vez mais adequados e os laços entre mãe e filho são fortalecidos de inúmeras outras formas. Não há que sofrer por isto, nem que recorrer à compra de leite materno como solução.
Mas o que mais me assusta nesta notícia é que a facilidade como se compra e vende leite materno na Internet poderá fazer surgir uma classe de mulheres que engravidam para a produção de leite e outra que, dado o facilitismo, desistirá de amamentar diante da primeira dificuldade ou sequer experimentará. Isto sim, parece-me execrável, desumano e perigoso! Parece-me perfeitamente conjeturável uma versão moderna da fábula da galinha dos ovos de ouro!
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