quinta-feira, 6 de junho de 2013

A dermatite atópica, vista pelo Pediatra José Carlos Ferreira Guimarães

Quem leu o post «Onde dorme um português, dormem dois ou três», sabe da verdadeira confiança e admiração que tenho pelo Dr. José Carlos Ferreira Guimarães, Pediatra de minhas filhas. É claro que eu tenho a sorte de ter duas filhas saudáveis, mas o Dr. Guimarães também tem o poder de, com sua calma natural, desmistificar todas as minhas paranoias de mãe. Tem sempre uma palavra acertada, que eu imagino que só é possível devido a sua larga experiência na Medicina, e não raramente eu saio do seu Consultório pesando menos 10kg só de peso na consciência! Por isso, não me canso de recomendar o Dr. Guimarães a todos que me solicitam a indicação de um Pediatra.
 
Assim, na semana passada, virose vai, virose vem, fomos ter com o Dr. Guimarães, aproveitando também para a consulta de rotina das meninas. Com relação à Eva, a única coisa que me preocupa é a sua dermatite atópica. Desde que nasceu, volta e meia aparece-lhe uma manchinha vermelha no pescoço, que eu trato invariavelmente com creme hidratante e outro com corticoide nas ocasiões mais intensas. Mas aborrece-me que isto não ceda definitivamente! Então, o Dr. Guimarães entregou-me este texto que agora vos partilho e que responde a todas as dúvidas!
 
Antes, deixo-lhes os contatos do Pediatra que tem as minhas melhores indicações: 
 
José Carlos Ferreira Guimarães
Rua D. João V, 4 - 1º Esq. - 1250-090 Lisboa
Tel. 21 385 33 08
 
“A dermatite atópica ou eczema atópico é uma inflamação crónica da pele, que afeta até 10% das crianças e 1-3% dos adultos.
Não tem causa específica mas existe uma predisposição para a doença que é hereditária.
A atopia é uma tendência para reagir exageradamente produzindo anticorpos contra alergénios que não desencadeiam nenhuma reação nos não atópicos. Estes alergénios podem ser do ambiente (pólen, pó da casa, pelo de animais), alimentos (leite de vaca, ovo, etc), vestuário (lã, materiais sintéticos), infeções da pele (vírus, bactérias, fungos) ou psicológicos (stress, nervosismo).
A atopia pode afetar sobretudo o aparelho respiratório (asma), as vias aéreas superiores (rinite), os olhos (conjuntivite), o aparelho digestivo (alergia alimentar) ou a pele (dermatite atópica).
Sintomas
Os primeiros sintomas são pele seca, desidratada, surgindo uma erupção com manchas vermelhas, algumas crostas e exsudado, que se acompanham de intensa comichão. A comichão é pior à noite, após o banho e nas situações de stress.
Estes sintomas não são permanentes podendo durar alguns dias ou prolongar-se várias semanas.
A comichão origina coceira, danificando a pele que fica seca, com crostas, com exsudado e vermelha, libertando-se várias substâncias entre elas a histamina, o que agrava a comichão num ciclo vicioso.
Nos primeiros anos de vida, as crianças além de se coçarem podem dormir mal, choram continuamente com grande irritabilidade. Nesta idade a face, bochechas, pescoço e ancas são as zonas mais afetadas. Os braços e pernas também podem ser afetados, mas a zona das fraldas geralmente é poupada. Estas lesões tendem a melhorar depois dos 2 anos.
Nos mais velhos em idade escolar, as pregas cutâneas (cotovelos, pulsos e parte detrás dos joelhos), são as zonas mais afetadas, mas a região palpebral, em volta da boca, no pescoço, palmas e plantas das mãos e pés também podem ser afetadas.
Na adolescência, a dermatite atópica pode persistir por períodos prolongados, nas mãos e pregas cutâneas, mas em áreas mais reduzidas e muitas vezes desaparecendo com a idade adulta.

Tratamento
Evitar os fatores desencadeantes ou agravantes, nomeadamente o pó da casa, bonecos de peluche, polens, pelos de animais, certos alimentos, perfumes e os climas frios e secos.
É fundamental usar regularmente creme hidratante (emoliente) que protege a pele da secura e dos alergénios e germes, aplicando 2 vezes/dia nas zonas afetadas. Os cremes devem manter-se em local fresco para, ao aplicar, arrefecerem a pele aliviando a comichão.
Os banhos de óleo são úteis hidratando e protegendo a pele. Não devem prolongar-se (preferir duche rápido) e a água não deve estar muito quente. A pele deve enxugar-se com toalha macia e sem esfregar.
Coçar a pele agrava a inflamação. É preferível massajar ou dar pancadinhas nas zonas afetadas para aliviar a comichão. Manter as unhas curtas.
Usar roupas macias, de preferência de algodão, linho, seda ou microfibras, evitando tecidos ásperos, lã, nylon ou poliamida.
Para além de tratar a pele com hidratantes, na fase aguda pode ser necessário aplicar anti-inflamatórios (corticoides) em cremes ou pomadas, que inibem a inflamação reduzindo a comichão.
Nalgumas situações moderadas a graves, em crianças com mais de 2 anos, podem usar-se cremes sem corticoides (inibidores da calcineurina) que afetam o sistema imunitário da pele, controlando a inflamação”.
 

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