terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Marcas da maternidade

Costumo dizer que a vida da gente é dividida em dois períodos importantes: antes e depois dos filhos. Não estou a falar de mudança de rotina, hábitos ou prioridades, que para alguns pode não ser tão significativo assim! Estou a falar de uma mudança estrutural, da raiz às pontas, de um sentimento tão exclusivo e tão facilmente delineável que quase nos transfere outra identidade, depois dos filhos. Na escola dos pequenos, por exemplo, passamos a ser "a mãe" ou "o pai". No início, fazia-me alguma confusão! Como se de repente tivesse perdido o meu nome próprio, aquele ao qual até então respondia, para passar a ser referida pela nova espécie a que pertencia, do género mater.

Isto sem falar, no que toca às mulheres, a uma outra transformação igualmente importante - e inicialmente chocante - qual seja, do físico. Passamos 9 meses esticando... às vezes uma, duas ou mais vezes durante a vida e, como é óbvio - pelo menos para a grande maioria na qual me incluo! - não voltamos num passe de magia às medidas ou formas de antes, talvez nunca mais! Tudo bem, há mulheres que se sentem (e de facto se tornam!) muito mais bonitas; outras contam com a ajuda da medicina estética, mas estou a falar, nesse caso, da regra geral. Nesse caso, depois dos filhos, o que acontece a muitas mulheres, durante um período variável e ocupado com os cuidados com o bebé, é um quase desleixo natural e que se acentua quando o espelho não reflete a imagem que se conhecia de antes da gravidez. Segundo os médicos, o corpo da mulher pode demorar até um ano para voltar ao "normal", mas a verdade é que, muitas vezes, as marcas físicas deixadas pela maternidade são perenes.

E em razão disto, um grupo de mulheres uniram-se no Facebook em volta do projeto Birth Marks - Marcas de Nascença, da fotógrafa brasileira Leticia Valverdes, divulgando imagens e relatos de suas experiências com a maternidade e com o seu próprio corpo antes e depois dos filhos. As mulheres deixam-se fotografar tal como são, sem maquilhagem, manipulação ou pós-produção. Este tipo de trabalho fotográfico vem ganhando adeptos, tendo a fotógrafa americana Jade Beall também ficado conhecida a fotografar mulheres "sem retoques" pós-parto.
 
É um trabalho emocionante, cujo resultado pode ser conferido aqui ou na página do Facebook referida. E também, ser fotografada com o bebé, de uma forma mais íntima e materna, pode fazer parte de um processo de autoestima das recém-mamãs, ajudando-as a compreenderem a beleza que suplanta todo o estereótipo ou forma física. Como quando um amigo meu disse à sua mulher, perante as queixas que fazia relativas às suas marcas da maternidade: "Eu não me casei com uma barriga!". Foi talvez a declaração de amor mais bonita que já ouvi! 
        

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