sábado, 21 de setembro de 2013

"Eu bebo sim, e estou vivendo"

Eu até tentei, esforcei-me, não queria comentar! Primeiro, porque o único refrigerante que bebo é a Coca-Cola Zero (e ainda mantenho todos os meus movimentos!); depois, porque há um processo judicial em busca da verdade material pendente de julgamento (está em fase de razões ou alegações finais, em seguida irá concluso para sentença). Mas é tanto o alarde, é tanto que se fala, que o meu lado sarcástico não se conteve calado, foi mais forte do que eu.
 
Sabem ao que me refiro. Ao tal rato encontrado numa garrafa de Coca-Cola que alegadamente intoxicou o consumidor brasileiro Wilson Batista de Rezende, provocando-lhe sequelas  graves e irreversíveis. Wilson requer danos morais (e não percebi porque não haveria de pedir também os materiais!) à fabricante do refrigerante no Brasil, no valor de R$ 10.000,00, soma que considero bastante reduzida tendo em conta não somente os danos que alega, como também o poder económico da Ré. O processo realmente existe e pode ser consultado, aqui.
 
Assisti atenta ao vídeo que circula com a reportagem feita por uma rede televisiva e que pode ser visto aqui, o que, parece-me, foi o que espoletou o caso para o conhecimento público. Num primeiro instante, fiquei chocada. Mas depois, com a sagacidade que se adquire quando se está de um dos lados da lide, refiz-me.  Passado uns dias, a Coca-Cola manifestou-se sobre o episódio em sua página oficial, esclarecendo que "é praticamente nula a possibilidade de haver a entrada de roedores em [sua] área de fabricação, que é controlada por rígidas normas de controle de qualidade e higiene".
 
Bem, de fato, transcorridos 13 anos desde a data do acontecimento, é pouco provável que o animal mantenha-se intacto embebido em substância aquosa possivelmente ácida e venenosa, corrosiva, tal como alegado pelo consumidor! Penso que os exames periciais serão decisivos, mas até o trânsito em julgado, há muito o que se diga.
 
No entanto, uma outra questão muito importante veio à tona, que é o fato da Coca-Cola fabricada no Brasil ter cerca de 60 vezes mais o corante Caramelo IV (4-metilimidazol), cuja quantidade foi obrigatoriamente reduzida nos Estados Unidos após estudos comprovarem que a substância é potencialmente cancerígena. A Coca-Cola defende-se sob o argumento de que o uso do Caramelo IV segue critérios definidos pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e não indica riscos à saúde. De todo modo, ao meu ver, se o Tio Sam diminuiu a quantidade da substância de sua Coca-Cola,  os critérios da ANVISA passam a ser no mínimo duvidosos!
 
Por fim, neste quadro horrendo e cheio de ambivalências, o que verdadeiramente sobressai é o humor característico do povo brasileiro que, beirando a crueldade, não deixou escapar a oportunidade de criar o novo logotipo da Coca-Cola. Enquanto isto, Coca-Cola a mais ou a menos, a verdade é que não se fala em outra coisa. Bom para quem, ainda não se sabe, mas decerto não há como não achar piada - e digo, mesmo com todo o respeito às pessoas que sofrem! De minha parte, vou continuar a beber a minha "Cola" Zero, que se não me mata, também não me engorda. Mas avisem-me caso encontrem roedores em conserva!  

 
 

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