Há
alguns dias a imprensa tem chacoalhado notícias e imagens da investida do
diretor de teatro Gerald Thomas contra a repórter Nicole Bahls do programa
Pânico na TV (Band, Brasil). Segundo relatos, Gerald tentou apalpar a repórter
pondo-lhe as mãos por baixo das saias, contra a sua vontade.
Daí
por diante, há pelo menos a versão que diz que o ato é claramente de violência sexual e outra que sustenta que tudo não passou de uma brincadeira adequada ao
tipo de programa televisivo, o que é corroborado pelos seus próprios
integrantes.
Pelas
cenas, é difícil perceber se houve um dissenso explícito por parte de Nicole ou
se efetivamente encarou a situação de forma lúdica, ainda que tenha sido
surpreendida pelo gesto de Gerald. Assim, como a sua vontade pode alterar toda
a contextualização do episódio, acaba por ser desnecessário alargar os comentários
que já existem e circulam nas redes de comunicação social.
Mas
como uma coisa puxa a outra, as notícias vão nos recordando os inúmeros casos de
violência sexual, mediáticos ou não, contra mulheres, homens e crianças. Um
deles é o da jovem canadense Rehtaeh Parsons, que aos 15 anos foi violentada
por quatro colegas de classe, cujas imagens fizeram circular através da internet.
Rehtaeh Parsons mudou-se de escola e internou-se numa instituição de saúde para
tratamento da depressão, da raiva e da dor. A polícia nunca concluiu pela acusação e posterior julgamento dos agressores, por falta de provas. No último dia 4 de Abril, Rehtaeh
Parsons, com 17 anos, enforcou-se em sua própria casa. Três dias depois os
seus pais autorizaram o desligamento dos aparelhos de suporte vital, fazendo
valer a sua vontade.
Rehtaeh
Parsons foi vítima de violação sexual (estupro) e bullying, poderia ser um de nós, poderia ser nossa filha. Por isto e não só, é muito importante lutarmos contra a cultura da violência e contra a
impunidade que cerca os crimes dessa espécie. A melhor forma de o fazer é já através de medidas preventivas e educativas, a começar pela nossa casa e estendendo-se pelas escolas, comunidade e finalmente fazendo ecoar nas
redes sociais o nosso grito de protesto.
Mães
e pais, tios e tias, avôs e avós… vamos todos ensinar aos nossos meninos e
meninas a tratarem-se com respeito e a desde cedo compreenderem o significado
do “não”. “Não” é muitas vezes a primeira palavra que uma criança aprende a falar,
pois que o “não” separa-nos, é o início da consciência que temos de nós mesmos e
de nossa cidadania. “Não” derruba Impérios, afasta governantes e veta projetos.
“Não” não é “talvez”, “não” não é a brincar!
Minha amiga Núbia Alves está se superando em seus "Alfarrábios" um poder de transmissão e concisão que tem me impressionado. Parabéns minha "Cumade"
ResponderEliminarMuito bem Núbia! Não me tinha passado pela cabeça essa perpectiva que tão bem soube apresentar! Um abraço.
ResponderEliminarObrigada, vms em frente!
ResponderEliminarMuito bom você falar sobre isto, Binha!
ResponderEliminarEstava hoje lendo algumas materias sobre o caso. A questão da violência contra as mulheres é algo que me mobiliza. Existem muitas formas de violência, não só a física e a do estupro. O desrespeito moral que as mulheres sofrem muitas vezes é encarado como natural, mas é também violência!
Como por exemplo me sinto violentada todas as vezes que sou impedida de fazer algo por ser mulher, como é dentro da Universidade no curso que eu faço.
Acabei de ler uma matéria bacana sobre este caso da Nicole e que relaciona com as formas de violência cotidianas... http://camaraempauta.com.br/portal/artigo/ver/id/4584/nome/Somos_todas_Nicole_Bahls
Verdade, Tam! Há muitas formas de violência: a econômica, a psicológica, a moral... O curso que vc escolheu tem por tradição ser frequentado por uma maioria de homens... e infelizmente o machismo ainda é predomina no interior do nordeste brasileiro. Lute contra isso, contra toda a forma de violência, eu sei que vc é forte, como a sua mãe, a sua avó e os nossos antepassados de sangue. Um bj grande e obr por comentar de forma tão lúcida.
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