quinta-feira, 11 de abril de 2013

"Já posso sair do castigo?"

Depois de minha experiência não muito bem sucedida com os manuais e o sono das crianças, abandonei-os de vez (não que não resultem, mas antes por opção). Leio um livro ou outro com qual título me identifico – estou a ler Eduardo Sá, «Más Maneiras de Sermos Bons Pais», Alfragide: Oficina do Livro, 2008 –, mais para distrair, para descomprimir dos pesados e sisudos livros jurídicos que me acompanham. Normalmente o faço “depois que a casa dorme”, como costumo dizer.

Às vezes, nesses momentos que me dedico, revejo o dia e questiono-me sobre os meus papéis, as minhas atitudes e as dos outros perante mim. Às vezes perco o sono, às vezes não encontro respostas para as inúmeras questões que me coloco, às vezes sou cruel comigo e me ponho de castigo. 
 
Isso do castigo é para já uma coisa que me aflige! Como disse, há tempos desisti das respostas prontas e desde que assumi seguir as minhas intuições, de fato sou uma pessoa mais tranquila, mas fico sempre em dúvida quando se trata da disciplina com as crianças. Entendam, eu tenho lá em casa uma inquiridora com apenas 5 anos, que sabe-se lá a quem saiu, conhece bem os seus direitos infantis! É muito comum ouvi-la bradar: “Mas eu não sou obrigada a gostar das couves!” (e tem razão!), ou então, “Por que é que a mãe sempre manda?”. Explico-lhe, com o meu discurso proativo, que a mãe não manda, a mãe educa, para o seu próprio bem, o que é bem diferente. Mas a verdade é que a mãe também manda!
 
Nessas ocasiões me imponho algum rigor para não ser deliberadamente ditadora, não sendo complacente. O que não é fácil, sobretudo quando não tenho respostas a dar às reclamações de uma revolucionária-mirim!
 
Assim, vou mais ou menos levando as coisas de forma consensual, especializei-me em negociações, mas vez por outra “passo-me”, literalmente. Ontem, passei-me. E apliquei a penalidade máxima: o castigo.
 
Agora me digam, quanto tempo deve durar um castigo? Faço-me sempre esta pergunta e até hoje não encontrei a solução. Os tais manuais falam em “moderação” e pregam que os castigos devem ser aplicados com os "pais serenos", eu tenho sempre vontade de rir quando leio estas regras de ouro! Com a minha visão positivista, fico pensando se não seria mais fácil se tivéssemos um Código Disciplinar Doméstico, com a sanção cominada a cada crime e os critérios de dosimetria da pena. De modo que já não me enrolaria quando a infratora gritasse: “Já posso sair do castigo?”. E eu, muito atrapalhada, tivesse de sentenciar: “Ainda não!?”. Mas, qual a medida exata do castigo? O certo é que ficamos, nós as duas, de castigo.
 

3 comentários:

  1. Bem como te entendo!! Para mim sempre é um castigo castigar, mas o que tem que ser tem muita força. Agora a minha táctica é defenir um tempo e reduzir a pena por bom comportamento... beijos grandes

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  2. Revejo-me nas tuas palavras...: )
    Nos adoptámos o método de o castigo durar o dobro da idade, em minutos. Já nao sei onde lemos, se livro, artigo. ..
    Claro que hoje em dia é empirico... Agora quando eles eram pequenininhos ficava a olhar para os ponteiros do relogio!! Loucura!!

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