sábado, 31 de agosto de 2013

Sete anos de casados...

Há sete anos atrás, numa quinta-feira ensolarada, dirigimos-nos à Mafra para nos casar. Sem testemunhas, sem padrinhos, ao nosso modo. Ele tratou do necessário, desde o bolo de casamento à viagem de lua de mel. Ao seu modo. E parece que foi ontem!

Olhando para nós, os mais românticos pensarão: "Eles são tão felizes!"; os céticos dirão: "Não, são mesmo uns grandes sortudos!" e outros ainda nos acharão enjoados, piegas demais! Pois, também concordo. Não há nada mais lamechas que casais felizes. Mas é claro que não somos sempre felizes! É evidente que somos diferentes, muitas vezes pensamos diferente, temos gostos diferentes, opiniões diferentes... e chocamos-nos. Então, perguntar-se-ão: "Mas como é que aparentam sempre tão bem?". A verdade é que, mesmo diferentes, não somos contraditórios. E temos uma vontade enorme de ficar juntos! Gostamos de voltar um para o outro, de alimentar nossos sonhos, cuidar de nós, planear o futuro. Com uma dose valente de amor, que às vezes estremece com o cansaço e com a rotina, é assim que, há sete anos, mantemos-nos.

O que eu posso dizer do amor? Que o amor é isto, sem tirar nem pôr. Que o amor não nos anula: Não me faz gostar de praias com vento, nem o faz gostar de ler; não me faz adorar o campismo, nem o faz sonhar com férias num resort tropical; não me faz perceber de fotografia, nem a ele patavinas sobre algumas coisas que escrevo. Ele tem pressa de viver, eu ando mais devagar; ele gosta de viajar para andar de moto, sentir a areia e o vento, eu ainda quero ir a Paris; eu fico triste no inverno e ele tem paciência; ele me trata por "tu" e para mim ele é "você". No entanto, apaixonei-me porque ele falava baixinho e eu precisava de silêncio. Daí por diante, aprendemos a conversar, a ouvir e muitas, mas muitas vezes mesmo, a fazer concessões. É assim que, há sete anos, mantemos-nos.

Não pensem que tenho fórmulas para um casamento bem sucedido... era bom que as tivesse! Talvez, cada casal vá aos poucos encontrando a engrenagem do funcionamento a dois e a vá aperfeiçoando, ano após ano, ou não. Dizem que esperemos pela crise dos sete, mas imagino que haja crise todos os anos. Acho que com o passar do tempo amadurecemos, mudamos e o casamento deve ser capaz de acompanhar essas transformações. O que pode haver são pessoas que se destroem, que são nocivas umas para as outras e que, por isso, não são melhores juntas mas quanto a isto não há nada a fazer, há só que saber identificar. E há ainda aquelas que, vivendo juntas, recusam-se terminantemente a casarem-se,  pois sendo o casamento um contrato, isto haveria de mudar tudo. Tudo bem, pode fazer sentido mas ainda assim, para mim, não há contrato mais bonito do que o de um pacto de amor.

Poderia ficar o  dia inteiro escrevendo em linhas mais ou menos direitas o meu testemunho de amor sincero. Bem, não quero correr o risco de parecer lamechas e, na verdade, quero só responder ao homem que há sete anos me convence escrevendo coisas como esta:
"Gosto cada vez mais de ti e estes 7 anos de casamento passaram bem, sou feliz contigo e quero ficar velhinho ao teu lado, com ou sem caravanas, com ou sem campismos, com ou sem apartamentos no Algarve... Pensa nas meninas, pensa nas vivências de viajar (eu sei que gostas)."
Que:
"... também quero muito ficar velhinha ao teu lado, com ou sem casa no Algarve. O campismo, você sabe, não é que goste, mas faço qualquer coisa por você e pelas meninas, peço só que sejam prudentes comigo... eu confio em ti!"
E assim, fico a pensar: se tivesse de voltar sete anos atrás, me casava outra vez... com o mesmo homem... repetidas vezes! 

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Há esperança para as mulheres no Consenso de Montevideo!

Por aqui, perdida entre os meus papéis, já ia desatualizada quando me entusiasmei com a notícia de que, no passado dia 15, representantes de 38 países (incluindo o Brasil) presentes na I Reunião da Conferência Regional sobre População e Desenvolvimento da América Latina e do Caribe (Montevideo, Uruguai), concluíram pela implementação de diversas medidas a favor da expansão dos direitos das mulheres. Visa-se, com isto, dar seguimento ao Programa de Ação da Convenção do Cairo (CIPD) de 1994, que instituiu internacionalmente as bases para uma visão de desenvolvimento fundada na importância das pessoas como sujeitos de direito, hoje ratificado por 179 países.
 
Entre os mais significativos avanços em abono dos direitos das mulheres, o Consenso de Montevideo reafirma, em seus princípios gerais, a laicidade do Estado como "fundamental para garantir o exercício pleno dos direitos humanos, o aprofundamento da democracia e a eliminação da discriminação contra as pessoas". Pode parecer redundante, mas reforçou-se a necessidade dos governos considerarem a possibilidade de mudarem suas legislações e políticas públicas sobre a interrupção voluntária da gravidez "para salvaguardar a vida e a saúde de mulheres e adolescentes, melhorando sua qualidade de vida e reduzindo o número de abortos". Igualmente relevante, destaca-se "o direito às orientações sexuais e à identidade de género".

Enquanto isso, no dia 25 de Julho uma manifestação a favor do direito de decidir livremente sobre a interrupção de uma gestação indesejada reuniu mais de 5 mil pessoas no Chile; bem como, desde o dia 31 de Agosto encontra-se suspensa a Portaria do Ministério da Saúde do Brasil que instituía novas regras para a realização de cirurgia de mudança de sexo na rede pública hospitalar, vindo na sequência do post sobre criança transgénero que escrevi, aqui

De modo que, como se pode notar, nem sempre as conquistas são percetíveis, o que por vezes faz esvair o meu entusiamo! Mas ainda assim, mantenho-me a espera de que desta vez o acordo não seja só um cheque passado em branco, que realmente valha o significado que traz  em si e que, verdadeiramente, venha concretizar o exercício democrático da cidadania de toda a população da América Latina e do Caribe.

 

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

I have a dream...

Hoje faz 50 anos (28 de Agosto de 1963) que o reverendo e ativista Martin Luther King Jr. proferiu em Washington, D. C., durante uma Marcha que reunião cerca de 250 mil pessoas, o discurso que entrou para a história americana como símbolo político da luta pelos direitos civis dos negros, da busca por uma sociedade igualitária para negros e brancos. Passado meio século, o discurso continua atual, ecoando pelo mundo afora, projetando incansável o sonho de Luther King para as novas gerações.
 
Os especialistas dizem que isto deve-se ao fato de não ter sido dirigido apenas para negros ou cristãos, mas precisamente ao contrário, por ter sido um discurso para todos que buscam uma sociedade mais justa e fraterna. Hoje ele continua representando e reivindicando os ideais de democracia, consubstanciado em outros modos de viver e expressar-se livremente em sociedade, contra todas as formas de segregação e discriminação.
 
50 anos depois, o discurso de Luther King reflete não apenas um sonho de um cidadão americano, mas um sonho universal, um sonho ainda em vias de ser concretizado e, por isto mesmo, um sonho que não deve ser esquecido!
"Digo-lhes hoje, meus amigos, que apesar das dificuldades e frustrações do momento, ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.
Tenho um sonho que um dia esta nação se levantar-se-á e viverá o verdadeiro significado da sua crença: 'Consideramos estas verdades como evidentes por si mesmas, que todos os homens são criados iguais'.
Tenho um sonho que um dia nas colinas rubras da Geórgia os filhos de antigos de escravos e os filhos de antigos proprietários de escravos poderão sentar-se à mesa da fraternidade.
Tenho um sonho que um dia o estado do Mississippi, um estado deserto, sufocado pelo calor da injustiça e da opressão, será transformado num oásis de liberdade e justiça.
Tenho um sonho que meus quatro pequenos filhos viverão um dia numa nação onde não serão julgadas pela cor da sua pele, mas pela qualidade do seu caráter.
Tenho um sonho, hoje! (...)".
 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Poucas e boas sugestões para as férias dos mais pequenos (e não só!)

Talvez alguns de vós tenham por preocupação escolher atividades que enriqueçam as férias escolares dos filhos, que os mantenham entretidos antes que ponham a casa abaixo, de tédio. Passar horas a fio frente à televisão, convenhamos, não é nada divertido! E com os pais tendo de trabalhar, ainda pior! 
 
No ano passado, tirei um dia para ir com a Malu ao Oceanário de Lisboa, outro ao Pavilhão do Conhecimento (onde fomos os quatro!) e outro ao Planetário Calouste Gulbenkian, este último tendo sido para mim tão proveitoso quanto para ela. Escolhi a sessão infantil, recomendada para maiores de 5 anos, mas que adaptou-se perfeitamente à minha maturidade mental... Foi uma tarde muito bem passada numa viagem pela via láctea!
 
E foi assim que conheci o programa Ciência Viva no Verão, que na verdade existe em Portugal desde 1996. A edição deste ano decorre até 15 de Setembro e engloba passeios científicos, observações astronómicas, visitas a obras de engenharia, castelos e faróis, em todo o território nacional, na companhia de especialistas. Há atividades para todas as idades (inclusive para os mais crescidos!) e a participação nas ações é totalmente gratuita, bastando apenas inscrever-se através da Internet ou da linha azul 808 200 205.
 
Ainda gostaria de repetir a visita ao Oceanário, desta vez levando a Eva, que com certeza aproveitará melhor já agora com quase 2 anos. E também adoraria ir em família assistir a peça de teatro "As Aventuras de Pinóquio", encenada todos os fins de semana nos jardins da Quinta da Regaleira, em Sintra, até 29 de Setembro. Enquanto isso, hoje a Malu foi à KidZania levada pelo programa Campo de Férias do Gymboree e, para amanhã, tem confirmada sua visita ao Museu Nacional de História Natural e da Ciência, para a ação "Medir o Céu!" do Programa Ciência Viva no Verão, que tenho certeza será mais uma grande aventura!
 
No entanto, não nos devemos esquecer que férias também é sinônimo de descanso, o que, na minha opinião, significa dar às crianças espaço para fazerem o que lhes apetecer, brincar, desenhar, ouvir e contar histórias, ir à praia, ao shopping, aos parques, ao cinema, dormir até às tantas e, claro, ter o momento de verem os seus programas televisivos preferidos, como aliás também nós fazemos (pelo menos lá em casa é assim!)! Portanto, sendo possível, perfeito seria dar-lhes o direito de escolherem, junto com os pais, um ou outro programa que possa tornar as férias de todos mais divertidas e interessantes!    
 
Enfim, são apenas sugestões que penso que vão gostar e os vossos pequenos vão aprovar!    

 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A Gaiola Dourada

"A Gaiola Dourada", filme em que o realizador lusodescente Ruben Alves faz um retrato cómico e ao mesmo tempo tocante da vida de uma família de emigrantes portugueses em França, é simplesmente delicioso! Já foi visto por mais de um milhão de espetadores em França e em Portugal ultrapassou os 200 mil em pouco mais de duas semanas. Para mim, a cena final em que a família regressada a Portugal confraterniza com os amigos, diz tudo por si: a alegria em voltar ao país de origem, a espera do "rebento" que já nascerá em Portugal, o prazer da boa mesa levado tão a sério pelos portugueses, a paixão pelo futebol... e a vista sobre o Douro... ah! esta é de tirar o fôlego!
 
Não deixem de conferir! É de ir às lágrimas, de rir e de emoção! Vejam o trailer, abaixo:
 
 
 
       

terça-feira, 20 de agosto de 2013

É verão, mas não é Carnaval!

Há quem diga que o ano só começa depois das férias, o que não deixa de ter a sua lógica! No Brasil, por exemplo, só começa mesmo, mesmo, depois do Carnaval, lá para Fevereiro ou Março! Mas da Bahia de onde eu venho, nunca sem antes estar tudo lavadinho, desde as escadarias do Bonfim ao Rio Vermelho, perfumado com água de cheiro, flores e as bênçãos de Iemanjá. A bem da verdade, depois disto tudo, começam os ensaios para o próximo Carnaval, que se vai afinando Micareta afora. Ora, preparar a maior festa popular do mundo é coisa que exige labor!
 
Daí porque, aborreço-me quando ouço dizer que baiano não trabalha! Acham mesmo que conciliar tanto talento com sol, mar, acarajé e um ofício pelo meio não é trabalhoso? Aliás, na Bahia, trabalhar divertindo-se é modo de vida, razão que leva o meu marido a cismar em querer ser baiano - e nisso já não me meto! É claro que conheço umas almas que "não batem um prego numa estopa", mas tanto lá como aqui! Portanto, tenho de reconhecer que viver assim é para poucos, senão por privilégio, só mesmo por mazela da natureza.
 

Seja como for, tenho saudades daqueles verões metidos a verões, com Carnaval e tudo, como se não fosse assim o ano inteiro! Mas agora a realidade é outra e, para ser sincera, rogo para que o verão com ar de Agosto e férias escolares seja finito: escola, trabalho, fins-de-semana no lugar dos fins-de-semana,  cada coisa no seu sítio!
 
É que, por cá, sem ter por marco institucionalizado o Carnaval, as nossas férias oficiais há tempos já terminaram e assim vamos trabalhando a meio das férias prolongadas das crianças, o que de certa forma nos obriga a inventar formas de sermos todos felizes, de nos desculparmos se não nos apetece fazer niente com esse sol que brilha prenunciando o inverno que não tardará. Do Agosto, queria que nos deixasse ficar a temperatura em torno dos 30º e já bastava!

Agora, sem ter nada a ver com a minha condição, hão de entender que custa-me imenso trabalhar em Agosto, ou melhor, no verão! Com esses dias quentes que ainda mais me remetem aos meus verões tropicais, apetece-me é passear, apetece-me até descer o Mondego à remo, de modo que fico deprimida quando vejo de soslaio os amigos em esplanadas ensolaradas ou em viagens de aventura, exibindo sorridentes os corpos bronzeados entre um mergulho, uma escalada, uma caipirinha e um mojito.
 
Lembram-se da fábula da formiga que passava o verão a armazenar comida para o inverno? Pois bem, há pouco fui recordada que tenho uma tese para produzir, mas além disso, tenho quase sozinha uma família para gerir, pois no que toca ao marido fotógrafo, no verão é quando há mais casamentos. Moral da história: só na Bahia, onde o verão coincide com o Carnaval e dura todo o ano, cigarra canta e formiga bate-palma! 


sábado, 17 de agosto de 2013

Contra o desperdício de comida

Agrada-me a ideia da empresa brasileira Ecobenefícios, que para alertar as pessoas para o problema da fome e para o desperdício de alimentos, criou um prato com 20% menos de espaço. Isto porque, é provado que 20% da comida preparada no mundo é jogada fora todos os dias, o que equivale a 39 mil toneladas diárias apenas no Brasil, suficiente para alimentar 19 milhões de brasileiros que passam fome. Em Portugal, um milhão de toneladas de alimentos por ano é desperdiçado, ou seja, 17% do que se produz no país.  
 
Visando educar as pessoas para o consumo consciente, a Ecobenefícios lançou uma campanha em alguns refeitórios, restaurações ou praças de alimentação e de forma surpreendente chamou a atenção dos consumidores, cujo vídeo circula nas redes sociais e pode se ver abaixo. Está de parabéns, é de fato uma questão com que nos devemos preocupar e que deve começar a ser trabalhada no seio da própria família, em benefício de toda a humanidade.
 
 
 


quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Reflexões sobre o crime de aborto no Brasil, em artigo publicado na Revista de Ciências Jurídicas da Unime

A Revista de Ciências Jurídicas da Unime, Ano 5, Vol. 1, publicada em 12-08-2013 (ISSN 1808-4613), traz um Artigo meu: «Entre a mulher e o feto: Considerações sobre a (des)criminação da interrupção voluntária da gravidez no Brasil» (pp. 19-53). De forma prévia e sucinta, faço algumas reflexões sobre o flagelo do crime de aborto no Brasil, objeto da tese de doutoramento que estou a trabalhar. É um tema atual e de urgente discussão, que ao meu ver acresce de interesse em vista do estudo comparado com o direito português na mesma matéria, notadamente no que respeita à análise constitucional do direito à vida. 
 
Na apresentação dos trabalhos, a Coordenação da Revista ressalta o rigor e cuidado com a pesquisa bibliográfica e doutrinária dos mesmos, com especial destaque para a "pesquisa desenvolvida sobre a proteção dos interesses da mulher e do feto na discussão sobre a descriminalização da interrupção voluntária da gravidez no Brasil; bem como, o cuidado estudo sobre a aplicabilidade do transconstitucionalismo no direito penal".
 
Portanto, para quem se interessa pelo tema, dou a conhecer este meu trabalho, onde discorro de forma desenvolvida e com cuidado investigativo sobre as impressões que venho retirando do meu estudo.

A Revista de Ciências Jurídicas da Unime está disponível em formato eletrónico, podendo-se aceder aqui ao Artigo a que me refiro, assim como aos dos demais Autores.

Com isto, espero servir de contributo, sobretudo à comunidade académica, neste momento oportuno de debate tendo em conta, de um lado, a possibilidade de algum avanço com a reforma do Código Penal brasileiro, e  do outro, a tentativa de retrocesso anunciada pelo Estatuto do Nascituro.    

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Pai...

Ontem comemorou-se o Dia do Pai no Brasil (segundo domingo de Agosto) e eu emudeci. Vi fotos dos amigos com seus heróis, vi os meus amigos heróis, mensagens sentidas circulando pelas redes sociais. Recordei e calei. Há momentos assim, em que as palavras são vazias ou não bastam! E tive pena de ter crescido longe dele, de tantas vezes não nos termos compreendido, de constatar, somente tarde demais, que na maioria das vezes ele estava com a razão. Não sabia era dizê-lo, afastava-nos com um abismo de ideias mal transmitidas e um poço de sentimentos profundo demais! Hoje tranquiliza-me a certeza de que nem a distância e nem a morte afasta-nos, nunca antes me senti tão perto do meu pai! Sinto-o dentro de mim, sinto-o todas as vezes em que reconheço-o nas minhas atitudes, sinto-o quando não ultrajo a sua memória. Tudo o mais é perecível.  

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Leva-me tudo, mas deixa-me a receita do Bolo de Banana!

É espantoso, mas o post mais lido deste blogue é de receita de bolo, o do Bolo de Maçã! Não deixa de ser engraçado, considerando que não sou propriamente uma experiente cozinheira! Ainda assim, antes de partilhar as receitas, vou eu mesma prepara-las, para ter a certeza que são fáceis de fazer, rápidas e deliciosas. Podem acreditar: tudo que aqui está cumpre os requisitos!
E o Bolo de Banana não foge à regra. É corriqueiro lá em casa, o preferido da Maluzinha, o "miminho" que a sua querida "Ei" lhe preparava e que nos deixou a receita quando regressou para o Brasil. Eu própria lhe supliquei: "Leva-me tudo, mas deixa-me a receita do Bolo de Banana!". E a Elen, além do mais, deixou-nos uma saudade enorme!

Ingredientes
2 ovos
2 colheres de sopa de manteiga
1 chávena (xícara) de açúcar
2 chávenas (xícaras) de farinha de trigo
1 chávena (xícara) de leite
1 colher de sopa de fermento
1 colher de chá de bicarbonato de sódio
3 bananas cortadas em tiras no sentido do cumprimento (mais ou menos)

Modo de fazer 
1. Preparar a forma: a) untar com manteiga e polvilhar com farinha de trigo uma forma redonda sem furo; b) depois, polvilhar açúcar e por cima canela em pó, numa quantidade suficiente para cobrir o fundo da forma, que é para caramelizar; c) em seguida, cobrir todo o fundo com as bananas cortadas em tiras. 2. A massa: a) bater numa batedeira primeiramente os ovos, a manteiga e o açúcar; b) depois juntar os outros ingredientes e continuar a bater, até formar uma massa homogénea; c) por fim, colocar a massa na forma já preparada, por cima das bananas, e levar ao forno pré-aquecido à 180º.   

terça-feira, 6 de agosto de 2013

"A Confissão da Leoa", de Mia Couto: um olhar sobre nós

Nunca tinha lido um livro do Mia Couto, só pequenos fragmentos e poemas que ia apanhando. Mas convencida da sua importância para a literatura contemporânea portuguesa, distinguido em face dos diversos prémios que vem angariando tal como o Prémio Camões deste ano e a mais recente indicação para a Bienal Internacional de Literatura Neustadt, escolhi A Confissão da Leoa como o meu livro de férias. E adorei!
 
Mia Couto começou como jornalista e professor universitário e atualmente é Biólogo e o escritor Moçambicano mais traduzido.  A sua obra A Confissão da Leoa chamou a minha atenção por ser inspirada em fatos e acontecimentos reais. Tem uma mulher como narradora, a qual, junto com outro personagem, retrata a guerra, a fome, a superstição e a cultura africana de segregação. Conta a história de pessoas mortas por ataques de leões numa aldeia do Norte de Moçambique e de sofrimento das vítimas da própria condição de mulher africana. Passagens como: «Foi a vida que lhe roubou humanidade: tanto a trataram como um bicho que você se pensou um animal», «Tristeza não é chorar. Tristeza é não ter para quem chorar» e «Não é a morte que confere ausência. O morto está ainda presente: todo o passado lhe pertence. O único modo de deixarmos de existir é a loucura. Só o louco fica ausente», revelam a sensibilidade do Autor e a dura verdade que exsurge das entrelinhas desse seu romance.  
 
Mia Couto recria de forma magistral a língua portuguesa, com uma influência africana que lhe confere doçura e beleza. Recomendo-o, portanto.
 

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O balanço das férias

Até há pouco tempo, as férias tinham um sentido quase egocêntrico. Despedia-me do trabalho e rumava para um retiro ensolarado, com o tempo todo dedicado ao ócio. Tem o seu valor e de fato às vezes berro pelo “meu minuto”, mas passou a ser inimaginável férias sem visitas ao zoológico, insufláveis, carrocéis, golfinhos, passeios no comboio turístico e muitos gelados. Deixou-me feliz constatar que temos vindo “afinando” a cada ano e que estes momentos em que estamos todos juntos servem também para conhecermo-nos melhor. Sim, nada é estanque e definitivo, sobretudo quando vemos crescer os filhos, constatamos que nunca sabemos tudo a respeito uns dos outros.
 
A Malu parece que vai gostar de navegar, para a felicidade do pai! É curiosa, inteligente e responsável, para a minha própria felicidade! A Eva é uma exploradora voraz, escaladora nata, teimosa e faminta. E foi presenteada com os olhos mais encantadores que há no mundo, amendoados e de pestanas enormes, que é para nos enfeitiçar e nos fazer esquecer as suas traquinices. O Zé aprendeu a virtude do equilíbrio. Eu talvez tenha conseguido repartir-me sem desintegrar-me, comove-me o amor de minhas filhas, a forma benevolente como perdoam a minha impaciência! Sim, a mãe também faz birras.
 
Contemplei infinitamente o mar, quase terminei de ler um livro. E a avaliar que não sou nada perfeita, sinto-me agraciada pela vida partilhada com eles. Foi a conclusão mais importante que extrai desses dias de férias. Gosto de estar de volta, de refugiar-me no computador, de esquecer de tudo enquanto procuro respostas e soluções, enquanto não penso em mais nada a não ser no que tenho à frente. É o meu instante vital de solidão, além do quê, ter um projeto me mantém sã. Agarro-me a ele como a tábua que me resta em um navio naufragado. No entanto, nada faria sentido se eu não pudesse tê-los, fechar a porta atrás das costas e dedicar-me a ser somente nós. É basicamente isto!