segunda-feira, 24 de junho de 2013

É Dia de São João e de Bolo de Fubá de Milho tipicamente do Nordeste brasileiro!

Só quem é do Nordeste do Brasil consegue imaginar de que tamanho fica o meu coração nesta época do ano, a saudade que sinto de aquecer o corpo ao pé de uma fogueira, assar milho, comer amendoim cozido, canjica, bolo de milho, docinhos de jenipapo e beber licor de todos os sabores: jenipapo, jabuticaba, mel de cacau... depois dançar quadrilha, encontrar os amigos que chegam de todas as bandas, festejar! É São João!
 
Os amigos de Portugal devem estar a se perguntar: "Mas isso não se parece nada com o São João do Porto!". Têm razão! Embora as festas juninas - Santo António (13-06), São João (24-06) e São Pedro (29-06) tenham sido introduzidas no Brasil pelos portugueses, com o passar dos anos ganharam outras características, abrasileiraram-se! E como Junho é o mês de colheita da safra do milho, este cereal está presente na maioria das comidas típicas desta festa, como bolos, mingaus (caldos), milhos cozido ou assado, pamonhas, canjicas, dentre outras. Portanto, nada parecido com as sardinhas, caldos verde, broas, pimentos e vinhos dos nossos colonizadores!
 
Nestas ocasiões, é de todo impossível conter as minhas origens, de modo que hoje à noite vamos ouvir forró lá em casa e comer o Bolo de Fubá de Milho que preparei para minimizar a minha saudade. Vou reunir todos na sala e recontar às meninas e ao marido as minhas memórias (dão com isto todos os anos!), cantar e dançar quadrilha, vamos nos divertir mesmo com a conjuntivite viral que nos assola e já dura uma semana. Ah! Um dia ainda os levo a verem de perto o meu São João!
 
Mas por ora, partilho a minha receita de Bolo de Fubá de Milho, como tradicionalmente é feito no Nordeste brasileiro. Sei que vocês vão adorar! Tal como os outros que já postei aqui, também este bolo é muito fácil de preparar, rápido e de poucos ingredientes. Além do mais, é delicioso, fica muito fofinho e acompanha divinamente o cafezinho no fim da tarde. Então, viva São João, meus amigos!
 
Ingredientes
2 chávenas (xícaras)* de fubá ou farinha de milho
1 chávena (xícara) de farinha de trigo
1 chávena (xícara) de óleo ou manteiga
1 chávena (xícara) de leite
1 chávena (xícara) de leite de côco
1 chávena (xícara) de açúcar
1 pitada de sal
3 ovos
1 colher de sopa de fermento

*A medida é mais ou menos 200ml
 
Modo de fazer
Misturar ou bater todos os ingredientes no liquidificar, a exceção do fermento, que é incorporado por último e ligeiramente misturado. Colocar em forma untada com manteiga e polvilhada com farinha de trigo. Levar ao forno pré-aquecido, a mais ou menos 180º. Assa em mais ou menos 40 minutos.
 

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Eutanásia e outros conceitos: A Ética e o Direito no final da vida

Nos temas afetos ao direito à vida, muito se discute sobre a existência de um suposto direito de matar por compaixão, matar para livrar da dor o doente incurável, matar quem suplica a morte. A eutanásia é um dos problemas mais difíceis do Direito Penal, sobretudo por não se restringir a esta área do conhecimento. Aqueles que a defendem desejam combater o poder que o avanço tecnológico veio conferir aos Médicos no controlo do próprio processo de morte do indivíduo. A eutanásia apresenta-se, assim, como um protesto, uma forma de assegurar ao doente o direito de decidir se quer e como quer utilizar a tecnologia a seu favor, em reforço da sua autonomia pessoal.
 
Mas será que a autonomia individual enquanto valor fundamental implica que uma pessoa capaz possa dispor livremente da sua vida? Quais são os limites da autonomia do doente? Será lícito que conte com a ajuda de outra pessoa para tirar a sua própria vida?
 
É de facto paradoxal a justificação teórica da prática da eutanásia, sobretudo tendo em conta que, historicamente, nunca esteve ligada à questão da autonomia. A vasta literatura atribui a origem da eutanásia aos vocábulos gregos eu (boa) e thanatos (morte), querendo expressar morte piedosa, morte sem dor, morte sem sofrimento. Com efeito, traduz-se num quase deixar morrer naturalmente. A eutanásia foi entretanto perdendo esse sentido, passando a ser entendida como o método ou ato que se destina a provocar a morte do doente desesperado, com fundamento no alívio do seu sofrimento (justificação médica) e no respeito pela sua autonomia pessoal (justificação não médica).
 
A eutanásia, na verdade, é a ação ou omissão pela qual o Médico põe termo à vida do paciente gravemente doente, a seu pedido ou para libertá-lo da dor e do sofrimento insuportável, visando possibilitar-lhe uma morte humanamente digna. É o que se designa, mais atualmente, de homicídio por compaixão ou de ajuda para morrer, a fim de eliminar toda a dor física ou psíquica.
 
O fato da eutanásia implicar a intervenção de um Médico não é desprovido de sentido. Aliás, a eutanásia deve ser compreendida como um ato médico, ou seja, como um ato próprio e restrito da Medicina. Isto porque a eutanásia ou qualquer outro tipo de ajuda para morrer pressupõe a avaliação médica sobre a irreversibilidade do quadro clínico que conduzirá à morte, sobre a legitimidade do pedido do paciente ou de seus familiares, bem como sobre os métodos a serem adotados, de modo a que o processo se desencadeie com segurança e da forma mais confortável para o doente.
 
Mas se por um lado a eutanásia é a antecipação da morte de quem definha, por outro lado a missão da Medicina é lutar contra a doença. Esta dicotomia provoca uma grande tensão em torno do assunto, uma vez que a manutenção da vida a todo o custo pode conduzir a um efeito tanto ou mais criticável, que é a chegada da morte com notável sofrimento e sem vantagens para o paciente. É neste contexto que se coloca a grande discussão entre o prolongamento artificial da vida e o direito de morrer dignamente ou, como preferir, o direito de viver a própria morte, acirrando ainda mais o debate sobre os limites que envolvem o fim da vida e a real dimensão da tutela jurídica do doente.
 
Com efeito, os defensores da eutanásia negam toda a espécie de conduta médica despropositada. Nesta medida, diante dos inúmeros relatos de casos judiciais onde se discute o direito de morrer dignamente – seja reconhecendo-o previamente, seja perdoando aquele que deu a morte a pessoa enferma – pode parecer equivocado que poucos países aceitem e pratiquem a eutanásia. Isto porque, é muito comum o termo eutanásia ser utilizado de forma imprecisa.
 
Muitas vezes, a eutanásia – ato pelo qual alguém retira a vida a outra pessoa – é referida indistintamente como suicídio assistido – ato pelo qual alguém ajuda terceiro a pôr termo à sua própria vida. Um exemplo clássico de suicídio assistido é o do Médico de Detroid (EUA) Jack Kevorkian, que ficou conhecido nos anos 90 como Dr. Morte, por ter criado várias “máquinas de suicídio” e instalado em sua carrinha Volkswagen, para onde levava os pacientes.
 
Outras vezes, confunde-se a eutanásia com a distanásia, que é o seu inverso, a morte protelada; e a estas duas ainda se contrapõe a ortotanásia, que é a morte no tempo certo. No caso da ortotanásia o Médico não interfere no processo natural da morte, nem para antecipá-lo nem para adiá-lo. Mantém apenas os cuidados básicos no doente. Deste modo, a prática da ortotanásia é largamente aceita tanto pela Ética médica como pelo Direito. É, em verdade, a restrição do uso de certos recursos por serem considerados desproporcionados e, portanto, medicamente inadequados.
 
Ainda, não raramente confunde-se o significado da ortotanásia com o da eutanásia passiva, obscurecendo ainda mais o sentido dos debates, na medida em que coloca no mesmo plano todo o tipo de abstenção de tratamento. Trata-se, na realidade, de uma imprecisão conceitual, pois na eutanásia passiva suspende-se deliberadamente as medidas de suporte vital indicadas para o caso, enquanto na ortotanásia suspende-se as medidas que perderam sua indicação por resultarem inúteis para o doente.
 
É importante ter presente que a eutanásia é sempre concebida como uma atuação, positiva ou negativa, dirigida a provocar a morte de outra pessoa. Daí que a eutanásia de fato corresponde ao crime de homicídio, pois a conduta do agente resulta na morte de alguém. Mas a distinção entre eutanásia ativa e passiva – ou a diferença moral entre matar (killing) e deixar morrer (allowing to die) – não é tão linear quanto parece. Se assim fosse, então o Médico que desliga a máquina que mantém o paciente vivo, mata-o; enquanto aquele que recusa-se a colocar o doente numa máquina de suporte de vida, simplesmente deixa-o morrer.
 
Tradicionalmente, aceita-se valorações diversas para a eutanásia ativa e passiva. Ao mesmo tempo em que não se aceita acabar intencionalmente com a vida de uma pessoa, aceita-se que, em certos casos, se deixe de socorrer a medidas para manter a vida. Tudo dependerá das circunstâncias concretas de cada caso e dos limites que se possa estabelecer, embora não se deva ignorar que a eutanásia passiva todos os dias seja praticada nos hospitais do mundo inteiro.
 
No entanto, ao contrário do que pode parecer, a eutanásia passiva não é lícita, na medida em que deixa morrer o paciente por omissão de cuidados médicos. É neste contexto que se discute uma das maiores controvérsias em torno do assunto, referente ao tratamento jurídico que deve ser dispensado à conduta do Médico que desliga os aparelhos de suporte de vida do doente, não consideravelmente em final de vida. Parte da doutrina considera que consiste numa conduta ativa e via de regra passível de punição; mas a corrente maioritária inclina-se para concebê-la como uma conduta passiva, de interrupção técnica de tratamento e, portanto, de omissão de uma atividade de esforço adicional ou de ulterior tratamento.
 
Apesar de ilícita, a conduta do Médico poderá ficar impune, se fundada no consentimento do doente para a interrupção do tratamento. Ou seja, a eutanásia passiva será legítima se apoiada na vontade do paciente recusar o tratamento médico, mesmo que ponha em risco a sua própria vida ou que a omissão seja a causa suficiente de sua morte. Tal direito enquadra-se na dimensão da própria dignidade da pessoa humana, como reza a Carta dos Direitos das Pessoas Doentes, aprovada pela Organização Mundial de Saúde em 18 de Junho de 1996.
 
Assim, o consentimento informado funciona como o limite da obrigação jurídica de curar, mas é necessário que a recusa do tratamento não padeça de vício relevante, como quando o doente não tem o pleno conhecimento da situação em que se encontra. No caso dos pacientes inconscientes de modo irreversível ou que já não estão em condições de decidir de forma responsável, é necessário recorrer-se à sua vontade presumida, ou, ainda, quando se está diante de doentes menores, o consentimento terá que ser dado pelos seus representantes legais.
 

terça-feira, 18 de junho de 2013

A comovente história de Danann Tyler, uma criança transgénero norte-americana. E se fosse brasileira ou portuguesa?

Tomei conhecimento da matéria da Folha de São Paulo, de 16 de Junho de 2013, assinada por Luciana Coelho, e não consegui ficar indiferente à notícia. Conta a história de Danann Tyler, uma criança norte-americana de 10 anos (Orange County), que nasceu biológica e geneticamente menino, mas que desde os 2 se expressa e se identifica como menina. Trata-se de uma criança transgénero, uma situação que suscita ainda muitos esclarecimentos sobre as questões de género.
 
A vida da pequena Danann, que caminha para o feminino, nem sempre foi de cor-de-rosa! Apesar de afirmar a certeza de ser menina, durante a maior parte da sua vida esta convicção foi sentida de forma solitária, de modo que aos 4 anos Danann tentou mutilar o seu pénis com uma tesoura infantil e meses mais tarde tentou contra a sua própria vida. Este episódio foi o marco para que passasse a ser tratada em casa e na escola como a menina que diz ser, recebendo acompanhamento médico e psicológico desde os 6 anos.
 
Danann é paciente da Doutora Cindy Paxton, da Universidade da Califórnia, especializada em crianças e adolescentes transgénero. A Doutora Paxton faz questão de ressaltar a diferença entre meninos que se travestem ou que brincam com brinquedos de meninas - e que muitas vezes quando adultos se tornam gays - daqueles que, como Danann, se identificam de forma coerente como meninas. O mais natural é os pais não darem muita importância ao fato, acreditando que tudo não passa de uma fase, mas os casos de crianças transgénero há cerca de uma década começam a ser tratados com a devida importância.
 
Atualmente a incongruência de género, termo que substitui o criticado “transtorno de identidade de género”, não é mais vista como uma doença psiquiátrica. No entanto o diagnóstico muitas vezes é impreciso, não raramente sendo confundido com transtorno de deficit de atenção e hiperatividade, esquizofrenia ou bipolaridade. Foi o que aconteceu com Danann até receber o diagnóstico acertado.
 
Está decidido que Danann usará inibidores hormonais para conter o desenvolvimento das características sexuais secundárias – voz grossa, pelos, etc. – de modo que, por volta dos 15 ou 16 anos, possa optar entre a continuação da transição ou a manutenção do sexo com o qual nasceu. Depois disto, poderá receber hormônios femininos para desenvolver seios e outras características próprias até a eventual cirurgia de mudança ou de confirmação de sexo.
 
No caso dos EUA a legislação e os custos cirúrgicos variam de Estado para Estado, mas em geral estima-se em US$50mil, parcialmente cobertos por alguns seguros de saúde. Isto levou-me a pensar no assunto sob o aspeto legal e por curiosidade quis saber como seria a abordagem pelo direito brasileiro e português, mais perto de nossa realidade.
 
E foi com alívio que constatei que, no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) cobre os custos da cirurgia, que desde Abril deste ano passou a poder ser realizada a partir dos 18 anos, ao invés de 21. Antes, é requisito obrigatório a avaliação clínica e psicológica por equipa multidisciplinar durante no mínimo 2 anos, viabilizando o tratamento hormonal a partir dos 16 anos.
 
No entanto, o Brasil não tem uma legislação específica sobre o assunto, sendo o procedimento cirúrgico realizado na rede pública com base em interpretação jurisprudencial que invoca o amplo direito à saúde assegurado pela Constituição Federal, na Resolução CFM nº 1.955/2010, de 12 de Agosto, e na recente Portaria do Ministério da Saúde (MS) que reduziu a idade para a intervenção médica. Mas apenas São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia e Porto Alegre contam com serviços ambulatoriais especializados. O tratamento inclui a retirada de mamas, útero e ovários, além da terapia hormonal para o crescimento de clítoris, mas a neofaloplastia (cirurgia para construção do pénis) não é arcada pela rede pública, pois o Conselho Federal de Medicina (CFM) ainda considera a técnica experimental.
 
Já Portugal conta com a Lei nº 7/2011, de 15 de Março, que assegura a todas as pessoas de nacionalidade portuguesa, maiores de idade (18 anos) e em pleno gozo das suas capacidades civis e mentais, o direito a alteração ou confirmação de sexo e nome próprio no registo civil, cujo procedimento é  bastante célere (o requerimento de alteração de nome é dirigido diretamente a uma Conservatória e dura em média 8 dias). Exige-se a apresentação de um relatório que comprove o diagnóstico de incongruência de género, elaborado por equipa clínica multidisciplinar de sexologia clínica em estabelecimento de saúde público ou privado, nacional ou estrangeiro, e também da necessária autorização da Ordem dos Médicos, o que é bastante controverso.
 
Com a reforma do único cirurgião plástico que realizava estas operações em Portugal, João Décio Ferreira, do Hospital Santa Maria, e o seu desligamento do Sistema Nacional de Saúde (SNS) por lhe ter sido proposto um pagamento de €6/hora, somente em Setembro de 2011 as cirurgias de mudança de sexo foram retomadas no país, através do programa atualmente assegurado de forma exclusiva pelos Hospitais da Universidade de Coimbra. Na rede privada, a cirurgia genital custa de €15mil a €20mil.
 
No resto da Europa, tal como na Espanha, Alemanha, Suíça e Itália, há pelo menos mais de 20 anos se legisla sobre a transexualidade, na esteira da Diretiva da Comissão Europeia que recomenda aos Estados Membros o reconhecimento legal desta situação.
 
No mais, tanto no Brasil como em Portugal a intervenção cirúrgica de mudança de sexo não é considerada uma mutilação, ou seja, conduta criminosa, não só porque conta com o consentimento informado do paciente, como também em face do seu propósito terapêutico de adequar a genitália ao sexo psíquico. O Estado de São Paulo conta, ainda, com a Lei nº 10.948/2001, de 5 de Novembro, contra a discriminação homofóbica em estabelecimentos comerciais, e em Portugal, no início deste ano, foi aprovada na Assembleia da República uma revisão ao Código Penal para consagrar a discriminação em função da orientação sexual ou identidade de género da vítima como uma qualificadora do crime de homicídio.
 
Congratulo, portanto, com o reconhecimento legal, que certamente vem na sequência do reconhecimento da própria sociedade, de toda a forma de fazer valer o exercício pleno da cidadania. E claro está, em termos de orientação sexual, que quanto mais cedo for o exercício e o asseguramento do livre direcionamento individual, mais cedo ter-se-á pessoas humanas completas e realizadas, que é o que realmente importa. Como, no terreno prático, Brasil e Portugal tratam as suas crianças transgénero, o mero cunho informativo deste post não me permitiu aprofundar. Mas a certeza inabalável que tenho - e que sinto! - de que o corpo deve ser a morada de um espírito verdadeiramente feliz, não a sua clausura, me fez escrever sobre isto, pelo menos deixando nesses alfarrábios um registo que julgo da maior importância e que deve por todos nós ser reivindicado: o respeito pelas nossas crianças, sejam elas como forem!

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Porque a Sexta-feira não está fácil, vai a receita de uma Pizza Rápida

Hoje eu estou completamente desconcentrada. Perdoem-me, às vezes também a mim me acontece! O dia até tinha tudo para começar bem! Às 7h30m já eu despachava a Malu para a Escola, mas às 10h30m ainda estava parada na porta de casa, tentando decidir para que lado ir... E assim, às 11h entrei numa repartição pública, para ser informada por um funcionário simpático que desde às 10h as senhas se tinham acabado. 
 
Decidi não perder mais tempo e trabalhar. Ao meio-dia abri o computador e entre responder e enviar emails, abri um artigo sobre eutanásia, outro sobre aborto fetopático e outro sobre responsabilidade penal das pessoas jurídicas - todos a espera de revisão - e já passam das 15h, tenho fome...
 
Pensei: "Ainda tenho de escrever qualquer coisinha para o blogue!". Mas o quê? Eu própria respondi-me: "Bem, do jeito como estou, melhor terminar esta famigerada Sexta-feira com uma receitinha rápida!"
 
Eu sei que a semana não foi muito produtiva! Santo António, foi ele o culpado, com essa mania de dedicar um dia para os namoros e outro para as penitências! Mas prometo que na próxima já arranco com um assunto que nos coloque a pensar a sério, quem sabe um qualquer sobre o início e o fim da vida!
 
E ainda às 18h30m irá uma Senhora lá em casa tentar vender-nos uma Bimby! Ao menos deixa o jantar feito! Está bem, estou rabugenta... Mas daqui a pouco são 16h30m, ainda não almocei, não fui ao ginásio e são horas de ir buscar a Malu na Escola. Portanto, antes que não consiga nem terminar este post, segue a receita da pizza de liquidificador que cheira aos domingos bons de minha infância. Não é certamente uma legítima pizza italiana, mas é sem dúvida um lanche delicioso e fácil de preparar com as crianças. Elas vão adorar!
 
Ingredientes da massa
3 ovos
1 chávena (xícara) e 1/2 de chá de leite
1 colher de chá de sal
1/2 chávena (xícara) de chá de óleo
1 colher de sopa de fermento em pó
1 chávena (xícara) de chá de farinha de trigo
 
Recheio
Catchup
Atum ou fiambre (presunto) ou o que preferirem
1 ou 2 tomates
Queijo muzzarela ralado
Azeite e orégãos à gosto
 
Modo de fazer
Colocar os ingredientes da massa todos no liquidificador e misturar bem. Despejar o conteúdo num recipiente que vá ao forno (de preferência redondo, próprio para pizza), de tamanho médio (ou dois pequenos) untado e polvilhado. Espalhar sobre a massa catchup, o recheio que preferir e o tomate em rodelas. Levar ao forno pré aquecido a 180º, por cerca de 15m. Por último, cobrir com o queijo muzzarela, regar com azeite e orégãos e levar ao forno por mais 5m aproximadamente. Servir em seguida.
 
P.S.: Esta que se vê nas fotografias é de atum, a minha preferida. Agora, sim, vou almoçar...
 
 


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Santo António de Lisboa, de Padova e de todos nós!

Por ser Dia de Santo António, minhas memórias me levam de volta à infância e ao início das festas juninas, que têm um significado especial para quem vem do interior do Nordeste brasileiro; mas principalmente, ao meu pai, pela sua predileção a este Santo. 

Talvez não por acaso o destino me trouxe à Coimbra, onde o Santo estudou, e à Lisboa, de onde proveio. Talvez por uma qualquer interceção paterna, Ele me proteja! Talvez por isto o meu coração tenha ficado tão pequenino, impossibilitando-me de conter as lágrimas quando a Maluzinha, aos 5 meses, fora abençoada na Basílica de Santo António de Padova, local onde repousam os seus restos mortais. Talvez nenhuma coincidência me tenha guiado à Clínica de Santo António, onde a Evinha nasceu. Nem desconfiaram que quando me presentearam com a imagem do Santo vinha oculto naquele gesto a presença do meu pai que só eu sentia!

Venho, portanto, somente louvar, do modo que sei, o glorioso Santo António, mais um português adorado pelos brasileiros, o Santo do meu coração! O Hino a Santo António, interpretado majestosamente por Maria Bethânia, é a minha Oração.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Santo António casamenteiro, felicitai os namorados brasileiros!

Na Europa e na América do Norte, o Dia dos Namorados ou Dia de São Valentim comemora-se a 14 de Fevereiro, em homenagem a morte deste bispo e em celebração ao amor romântico. História ou lenda, conta-se que no final da Idade Média São Valentim insurgiu-se contra a proibição do casamento durante as guerras, por se acreditar que os solteiros combatiam melhor. Além de celebrar casamentos secretamente, há quem diga que o próprio bispo se casou, o que lhe rendeu uma condenação à pena de morte. 
 
Mas no Brasil, a data é comemorada a 12 de Junho, por ser véspera do Dia de Santo António, o Santo português conhecido como casamenteiro. O costume deve-se a uma campanha publicitária encetada por um comerciante paulista, cujo slogan "Não é só de beijos que se prova o amor" se tornou num grande êxito.
 
Seja como for, o amor que une os casais e que tem decerto suas vicissitudes, deve ser celebrado todos os dias, através de afeto, cuidado, respeito recíproco e exercício contínuo do perdão. No meu caso, há especialmente uma canção portuguesa que me reporta ao amor e que quero dedicar ao meu marido, ao mesmo tempo em que partilho-a com vocês, felicitando-os se acaso os vossos corações também tiraram a sorte grande!
 
Ouçam "Sorte Grande", de João Só e Abandonados, com Lúcia Moniz. E um feliz Dia dos Namorados a todos os casais brasileiros!
 
 

segunda-feira, 10 de junho de 2013

No dia de Camões, nossa homenagem à língua portuguesa: Passatempo "Batalha de Mestre", do brasileiro Achel Tinoco, e "Caronte à Espera", da portuguesa Victória F.

No dia 10 de Junho comemora-se o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades  Portuguesas. O feriado nacional em honra de Luís Vaz de Camões, conhecido como o génio da pátria portuguesa, é alusivo à data da morte do autor de “Os Lusíadas”, em 1580.
 
Até hoje o poeta aventureiro propaga a língua portuguesa, a sétima mais falada no mundo, e dá nome ao prémio literário mais importante da língua portuguesa – o Prémio Camões – que na edição deste ano galardoou o escritor moçambicano Mia Couto.
 
Vejo a escrita como a forma mais bela de imortalizar as pessoas e suas ideias, por isto, aproveito a ocasião para homenagear não só o já imortal Camões, como também todos os escritores de língua portuguesa. Neste universo, ressalto uma escritora portuguesa ainda pouco conhecida, de pseudónimo Victória F., pela particularidade de editar e lançar o seu primeiro romance através de uma Editora brasileira, a Aped.
 
Caronte à Espera é de leitura agradável e surpreende pelo cuidado da Autora com a escrita do português, a forma melódica da narrativa, sendo na minha opinião uma excelente escolha para os mais exigentes com a precisão e correção da linguagem. É um livro sugestivo, por exemplo, para um trabalho de literatura portuguesa, principalmente por trazer em notas de rodapé esclarecimentos quanto à grafia de alguns vernáculos em português de Portugal e do Brasil.
 
Por isto, e para presentear os leitores destes alfarrábios pela passagem desta data tão significativa, criei um Passatempo que consiste em:
 
  1. Escrever uma frase contendo a palavra “alfarrábios”, nos comentários a este post na pagina do Blogue no Facebook;

  2. Identificar dois amigos nos mesmos comentários ao post, indicando-os para participarem do Passatempo;   

  3. Dar “gosto” nas páginas Nos meus alfarrábios e Editora Aped, ambas no Facebook;

  4. Partilhar este post na própria cronologia.
As duas frases mais criativas - escolhidas entre um participante do Brasil e outro de Portugal - receberão das mãos dos respetivos escritores os livros Batalha de Mestre, do brasileiro Achel Tinoco, e Caronte à Espera, da portuguesa Victória F. Os locais de entrega dos exemplares serão possivelmente num Café de uma Livraria de Salvador e outra de Lisboa, em data e local a combinar, após 15 dias do lançamento do Passatempo. Caso a entrega pessoal seja inviabilizada por questões geográficas, os exemplares serão autografados e enviados aos vencedores via Correios.
 
Já vos apresentei o livro Batalha de Mestre, no post de 07 de Maio, e recomendo que revisitem-no. Sobre Caronte à Espera, só posso dizer-vos que estou a lê-lo devagar, com atenção em cada palavra e frase bem colocada, na esperança de que a leitura se prolongue por mais tempo. É um livro intenso, que prende o leitor e que decifra muitos dos personagens que guardamos dentro de nós!
 
Confiram a sinopse e o Book Trailer de Caronte à Espera, de Victória F., e não percam por nada este Passatempo: 
 
Artur, um recém reformado aprisionado na rotina de uma vida sem surpresas, decide morrer. Então encontra um motivo para protelar esse gesto na forma de um rosto nunca antes notado numa velha fotografia. Este acontecimento leva-o a empreender uma viagem ao longo da qual passa a acreditar que esse homem impresso é o seu destinado salvador. Artur titubeia entre o desejo da morte e o de redenção quando conhece alguém, um confidente ou um mentor, que insiste em conduzi-lo pela mão até ao seu fim planejado. 
    

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O Estatuto do Nascituro deixa-me triste e desiludida!

Confesso que não acreditava, mas aconteceu! No passado dia 05, o Estatuto do Nascituro, de que falei aqui, foi aprovado na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados, no Brasil, e segue desenfreado para a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, a última desta Casa. É parte da vitória da estupidez sobre a razão!
 
Não sei o que pensar! Quero continuar confiando na Ciência e nos seus Operadores acima dos dogmas e da moral; quero acreditar que o esforço para a construção de um país verdadeiramente democrático, pautado numa Constituição que tem a dignidade humana como motor, não seja em vão.
 
Mas se isto prosseguir, caso uma mulher, ou mesmo uma menor, seja vítima de violência sexual e engravide em decorrência desse crime contra a sua liberdade, terá de deixar nascer o filho do violador. E se uma mulher estiver em risco de vida e a interrupção da gravidez for o único meio de salva-la, terá de morrer. 
 
Vejo a história andar para trás. E de cá do outro lado do Atlântico, assisto triste e paralisada. Vejo as mulheres voltarem às ruas para protestarem, de Constituição em riste, pelo cumprimento dos seus direitos constitucionais. E isto me toca, me assusta, também me ofende!  

quinta-feira, 6 de junho de 2013

A dermatite atópica, vista pelo Pediatra José Carlos Ferreira Guimarães

Quem leu o post «Onde dorme um português, dormem dois ou três», sabe da verdadeira confiança e admiração que tenho pelo Dr. José Carlos Ferreira Guimarães, Pediatra de minhas filhas. É claro que eu tenho a sorte de ter duas filhas saudáveis, mas o Dr. Guimarães também tem o poder de, com sua calma natural, desmistificar todas as minhas paranoias de mãe. Tem sempre uma palavra acertada, que eu imagino que só é possível devido a sua larga experiência na Medicina, e não raramente eu saio do seu Consultório pesando menos 10kg só de peso na consciência! Por isso, não me canso de recomendar o Dr. Guimarães a todos que me solicitam a indicação de um Pediatra.
 
Assim, na semana passada, virose vai, virose vem, fomos ter com o Dr. Guimarães, aproveitando também para a consulta de rotina das meninas. Com relação à Eva, a única coisa que me preocupa é a sua dermatite atópica. Desde que nasceu, volta e meia aparece-lhe uma manchinha vermelha no pescoço, que eu trato invariavelmente com creme hidratante e outro com corticoide nas ocasiões mais intensas. Mas aborrece-me que isto não ceda definitivamente! Então, o Dr. Guimarães entregou-me este texto que agora vos partilho e que responde a todas as dúvidas!
 
Antes, deixo-lhes os contatos do Pediatra que tem as minhas melhores indicações: 
 
José Carlos Ferreira Guimarães
Rua D. João V, 4 - 1º Esq. - 1250-090 Lisboa
Tel. 21 385 33 08
 
“A dermatite atópica ou eczema atópico é uma inflamação crónica da pele, que afeta até 10% das crianças e 1-3% dos adultos.
Não tem causa específica mas existe uma predisposição para a doença que é hereditária.
A atopia é uma tendência para reagir exageradamente produzindo anticorpos contra alergénios que não desencadeiam nenhuma reação nos não atópicos. Estes alergénios podem ser do ambiente (pólen, pó da casa, pelo de animais), alimentos (leite de vaca, ovo, etc), vestuário (lã, materiais sintéticos), infeções da pele (vírus, bactérias, fungos) ou psicológicos (stress, nervosismo).
A atopia pode afetar sobretudo o aparelho respiratório (asma), as vias aéreas superiores (rinite), os olhos (conjuntivite), o aparelho digestivo (alergia alimentar) ou a pele (dermatite atópica).
Sintomas
Os primeiros sintomas são pele seca, desidratada, surgindo uma erupção com manchas vermelhas, algumas crostas e exsudado, que se acompanham de intensa comichão. A comichão é pior à noite, após o banho e nas situações de stress.
Estes sintomas não são permanentes podendo durar alguns dias ou prolongar-se várias semanas.
A comichão origina coceira, danificando a pele que fica seca, com crostas, com exsudado e vermelha, libertando-se várias substâncias entre elas a histamina, o que agrava a comichão num ciclo vicioso.
Nos primeiros anos de vida, as crianças além de se coçarem podem dormir mal, choram continuamente com grande irritabilidade. Nesta idade a face, bochechas, pescoço e ancas são as zonas mais afetadas. Os braços e pernas também podem ser afetados, mas a zona das fraldas geralmente é poupada. Estas lesões tendem a melhorar depois dos 2 anos.
Nos mais velhos em idade escolar, as pregas cutâneas (cotovelos, pulsos e parte detrás dos joelhos), são as zonas mais afetadas, mas a região palpebral, em volta da boca, no pescoço, palmas e plantas das mãos e pés também podem ser afetadas.
Na adolescência, a dermatite atópica pode persistir por períodos prolongados, nas mãos e pregas cutâneas, mas em áreas mais reduzidas e muitas vezes desaparecendo com a idade adulta.

Tratamento
Evitar os fatores desencadeantes ou agravantes, nomeadamente o pó da casa, bonecos de peluche, polens, pelos de animais, certos alimentos, perfumes e os climas frios e secos.
É fundamental usar regularmente creme hidratante (emoliente) que protege a pele da secura e dos alergénios e germes, aplicando 2 vezes/dia nas zonas afetadas. Os cremes devem manter-se em local fresco para, ao aplicar, arrefecerem a pele aliviando a comichão.
Os banhos de óleo são úteis hidratando e protegendo a pele. Não devem prolongar-se (preferir duche rápido) e a água não deve estar muito quente. A pele deve enxugar-se com toalha macia e sem esfregar.
Coçar a pele agrava a inflamação. É preferível massajar ou dar pancadinhas nas zonas afetadas para aliviar a comichão. Manter as unhas curtas.
Usar roupas macias, de preferência de algodão, linho, seda ou microfibras, evitando tecidos ásperos, lã, nylon ou poliamida.
Para além de tratar a pele com hidratantes, na fase aguda pode ser necessário aplicar anti-inflamatórios (corticoides) em cremes ou pomadas, que inibem a inflamação reduzindo a comichão.
Nalgumas situações moderadas a graves, em crianças com mais de 2 anos, podem usar-se cremes sem corticoides (inibidores da calcineurina) que afetam o sistema imunitário da pele, controlando a inflamação”.
 

terça-feira, 4 de junho de 2013

O Bolo de Chocolate Low Cost

Sei que andam com saudades das receitinhas mágicas e por isso vou recompensa-los trazendo um dos meus ex libris. O "marido" diz que é o melhor bolo de chocolate lá de casa, mas ele é suspeito, diz o mesmo também do bolo de laranja! Ou seja, é melhor serem vocês a julgar! Mas posso assegurar que este bolo de chocolate tem o seu lugar. Faço-o já há muito tempo e batizei-o de "Bolo de Chocolate Low Cost", não por acaso! É mesmo económico e facílimo de preparar: bastam alguns ingredientes, um liquidificador e um forno. Para além do mais, é maravilhoso de bom! Tão bom, tão bom, que foi ele o eleito para cantarmos os “parabéns para mim” ainda ontem! Aliás, com metade dele, pois a outra metade já se tinha abocanhado. Agora não esperem mais, tenho certeza que todos os ingredientes se encontram em casa. Mãos ao Bolo!

Ingredientes
1 chávena (xícara) de leite
1 chávena (xícara) de óleo
2 ovos
2 chávenas (xícaras) de farinha de trigo
1 chávena (xícara) de achocolatado
1 chávena (xícara) de açúcar
1 colher de sopa de fermento em pó

Modo de fazer
1. No liquidificador, misturar bem o leite, o óleo e os ovos. 2. Depois, acrescentar a farinha de trigo, o achocolatado e o açúcar e continuar misturando bem. 3. Por último acrescentar o fermento em pó, misturando ligeiramente. 4. Assar em forma untada e polvilhada (manteiga e farinha de trigo), em forno pré-aquecido mais ou menos a 180º.

Sugestão de cobertura
2 colheres de sopa de manteiga
2 colheres de sopa de achocolatado
2 colheres de sopa de açúcar
5 colheres de sopa de leite

Modo de fazer
1. Numa panela, levar ao fogo a manteiga, o achocolatado, o açúcar e o leite. 2. Mexer até engrossar um pouco ou soltar do fundo da panela. 3. Desenformar o bolo ainda quente e deitar a cobertura por cima.

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Confissões de uma mulher de 40

Nem me apercebi e quando vi já era chegado os 40. Agora cá estou, com ar de incrédula, de que falta qualquer coisa, qualquer sensação nova que só se sente aos 40. Afinal não se passa nada! Ou melhor, vou corrigir o que disse: Pensando bem, quando entrei nos 30 lembro-me de chorar todo o dia, como se o mundo estivesse à beira do fim. E tomei sérias resoluções nesse dia! Foi a partir daí que abri o coração para a pessoa certa, mudei de país, retomei projetos e fui mãe. Portanto, passados 10 anos, não tenho razão para queixar-me que os 40 não é bem aquele dia em que obrigamos-nos a estar felizes, em festa, vestir branco, saltar 7 ondas e comer 12 uvas! Sinto-me como quem acorda numa Segunda-feira e despacha a filha mais velha para a Escola; dá o leite a mais pequena; um beijo de despedida no marido e espera, absorta, por um qualquer raio que diga que é dia de aniversário mas não um qualquer! O dos teus 40 anos!

A verdade é que entrei no segundo ato, na metade que falta da viagem e não me sinto a tal loba dos 40! Quem foi mesmo que disse isso? Talvez a falta de euforia deste dia, para além da sensação estranha de que já percorri boa parte do caminho, deve-se ao facto de esforçar-me para ser feliz todos os dias! E sou, variavelmente.

Costumava brincar que iria comemorar os 40 numa clínica de estética, esticada, plastificada. E nem foi assim tão preciso! Hoje trago comigo as marcas da caminhada, naturalmente, nem feia nem bonita. É o meu desenho, o meu mapa de estrada. Tenho vida, saúde, amores, amigos; tenho planos, sonhos, tenho tudo que mereço, que me proponho. Falta-me só abraçar a minha mãe - para ser perfeito! - e agradecer-lhe a vida. Mesmo assim vou dizer-lhe, de coração, que tenho sido incansável e que a vida me tem sido generosa. Sinto falta do meu pai, hoje mais do que nos outros dias. No mais, acho mesmo que sou corajosa; e acredito, de verdade, que tenho a família que sempre sonhei. Falta-me outras coisas, sem dúvida, mas não se pode ter tudo!