Passou-se uma semana, um susto, algumas
horas de reflexão e finalmente estou refeita, de modo que já posso partilhar o
assunto. Não riam, mas quem me conhece sabe o quanto a mentira me
apavora, é sempre um reviver de coisas desagradáveis quando “a tal” me bate à
porta! Foi então com um certo espanto que eu recebi a notícia da
visita da D. Mentirinha.
Como devem imaginar, a personagem
principal desta história é a Malu, a minha primogênita em idade pré-escolar. Para
ser justa, tenho de ressalvar que a Malu normalmente é muito bem comportada e,
afora o fato de ultimamente não querer falar às pessoas (deixando a mim e ao
pai desconcertados!), é uma criança meiga e tranquila. Mas naquele dia a Malu surpreendeu-nos
a todos! Acusou injustamente um colega de classe de ter sido o autor dos rabiscos na mesa e, em ricochete, ficou sem direito ao saco surpresa do aniversariante do dia. O que de
pior lhe poderia acontecer, se aquele recipiente continha o
melhor e mais bonito caderno da Pucca que há no mundo?
Eu quis relativizar, visto o
drama em que me meti. Daí que, primeiro expliquei-lhe a gravidade
da situação, com a minha conversa maternal politicamente correta, e em seguida
saí com esta: “A mãe também mentiu quando tinha 5 anos e também foi punida por
isso, mas sempre que a mãe fazia alguma coisa parva, tentava aprender e não
voltar mais a errar”.
Promessas feitas e juras
sacramentadas, a vida voltou ao normal. Até que, passados alguns dias, a Malu foi
outra vez apanhada pelo detetor de mentiras. Não deu outra: ficou sem direito
aos cromos da caderneta da Monster High, nova coqueluche na escola. E quem disse que vida de criança é fácil? Mais dramas,
mais lágrimas e um desenho onde a mãe aparece ao seu lado, mas com os cabelos arrepiados?! O mistério somente foi desvendado pela Mariana, sua amiga preferida: "Foi porque não lhe compraste os cromos da Monster High!". Oh, vida!
É claro que nem sempre tenho esta paz de
espírito, de modo que foi com alegria que constatei que a mentira
faz parte do crescimento saudável das crianças entre os 3 e os 7 anos de idade,
já que nessa altura não dissociam muito bem a fantasia da realidade. Com
efeito, são levadas a mentir normalmente para ocultar uma ação reprovável ou
fugir da responsabilidade. Os psicólogos, via de regra, afirmam que desde que este
comportamento não continue a se repetir em idade mais avançada, não é
considerado um problema. Após os 10 anos, no entanto, poderá depender de um
diagnóstico em consultório, mas em todo o caso a “mitomania” tem tratamento (graças a Deus!),
que pode durar até dois anos.
Portanto, folgo em saber que está
tudo sob controlo, mas é com desagrado que vos comunico que a mentira
perambula lá por casa, serelepe e faceira!
rsrs... Esta minha Dinda!
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