terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O português que me traiu

Fonte: Internet
Sou incorrigível. Esforço-me mas não aprendo e a verdade é que todos os dias sou traída. Traída pela língua. Depois... depois fico com essa cara de incompreendida que não passa por nada! 

Dizem, as boas ou más línguas, que a melancolia é lusitana. Se calhar tem razão! Mas de facto é a língua que faz um povo e eu cá estou, inserida. Completei uma década de português, de Portugal, tempo suficiente para aprender que:

  • açougue é talho; 
  • apostila é sebenta; 
  • bala é rebuçado; 
  • banheiro é casa de banho; 
  • calcinha é cueca; 
  • celular é telemóvel; 
  • conversível é descapotável; 
  • geladeira é frigorífico; 
  • grampeador é agrafador; 
  • injeção é pica; 
  • cafezinho é bica; 
  • ônibus é autocarro; 
  • meias são peúgas; 
  • pedestre é peão; 
  • ponto de ônibus é paragem; 
  • sanduíche é sandes; 
  • suco é sumo; 
  • trem é comboio;
  • vitrine é montra;
  • xícara é chávena...

Mas ao contrário, ainda escorrega-me os pronomes de tratamento no meu modo brasileiro de falar português, o meu português tupiniquim, que exalta a criatividade linguística e a brejeira identidade nacional de um povo refletida no seu idioma.

É óbvio que as regras gramaticais não revelam se sou muito ou pouco culta, nem se é ser simplista ou pejorativo deixar escapar um "querida", seguido da interjeição "olá", como forma de expressar um cumprimento positivo ou saudar uma pessoa apressadamente incluída num contexto, digamos, mais informal.

Era simpático, de minha parte. Todavia, sendo "querida", ipsis litteris, expressão para alguns quase ofensiva, desconcertante talvez, respeitarei o português. Da próxima haverei de corrigir-me e pôr os axiônimos nos devidos sujeitos. 

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