Hoje o meu dia começou invadido pela
notícia vinda dos Estados Unidos (Cumberland, Kentucky), onde um menino de apenas
5 anos matou acidentalmente a irmã de 2 com a sua própria arma de fogo. A arma
de calibre 22, chamada My first Riffle, é produzida pela empresa Cricket,
especializada em roupas, livros e armas para crianças e foi um presente que o
menino ganhou dos pais no seu 5º aniversário. Há menos de 1 mês, outra criança
de 4 anos matou o amigo de 6, também com disparo de arma de fogo nos EUA (New Jersey).
Fiquei chocada. Tanto pela tragédia
quanto pela forma como os americanos percecionam essas fatalidades. Em verdade,
a população americana orgulha-se em ser a sociedade mais armada do mundo (uma em
cada três pessoas possuem uma arma de fogo) e por estar apta a lutar pelo país
em caso de invasão. Não importam os meios quando os fins se justificam, desde
que tenham a liberdade de garantir a sua própria segurança, não importam os
massacres que volta e meia nos fazem interrogar sobre a importância de leis
mais restritivas acerca das armas de fogo. Basta dizer que, no dia a seguir aos
tiroteios de Tucson (Arizona, 2011), 60% da população do Arizona correu às
lojas para comprar armas de fogo, receosa com a possibilidade do Governo
proibi-las para os particulares.
Qualquer pessoa nos EUA, acima de 18
anos, pode comprar armas ou munições, exigindo-se apenas o preenchimento de um
formulário que é entregue ao vendedor e é este funcionário quem decide se
completa ou não a venda, após uma pesquisa no NICS do FBI (National Instant Criminal Background Check System), mesmo não sendo
uma autoridade. É fácil imaginar a fragilidade desse Sistema e a razão pela
qual muitos utilizam-se de compradores intermediários para concretizar o seu desejo
de possuir uma arma de fogo, como também acontece usualmente no caso dos pais
que compram armamentos para os filhos menores, comandando a sua própria milícia.
Além disso, fala-se já, para muito em breve, na possibilidade de se poder descarregar
pela Internet e imprimir uma arma perfeitamente funcional através de uma
impressora 3D.
E fico aqui a me questionar de quem
seria a responsabilidade no caso deste triste acidente (mais um!) ocorrido na
terça-feira passada nos EUA envolvendo duas crianças e uma mãe supostamente
desatenta! De acordo com a sua explicação, ausentou-se por apenas 3 minutos, tempo suficiente
para a tragédia acontecer. Mas, quantas vezes também nós deixamos nossos filhos
sós, por apenas 3 minutos, confiantes no controlo absoluto da nossa quase
sobrenaturalidade? Como responsabilizar a negligência dessa mãe, se antes os
Estados Unidos aceitam e de certa forma facilitam o acesso das crianças às
armas de fogo? O que fazer neste caso, se a própria vida encarregou-se de
prender perpetuamente esta mulher dentro do seu mais severo e imperdoável
julgamento próprio? Haverá, afinal, algo que possa recompor os fatos? Talvez,
não!
"O pesadelo da culpa" é, sim, o maior castigo, a maior e mais severa das penalidades!! E fico a pensar na saúde mental desta família :(
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