segunda-feira, 1 de julho de 2013

Desapareci, mas não morri!

Não, não morri! Foi só uma espécie de "morte virtual" quase anunciada, saí do "ar", desapareci forçadamente por uns dias... intermináveis dias! Ser mãe tem dessas coisas! É que nós, para além de todos os nossos papéis sociais, pessoais e profissionais, "também" somos mães. Ou será exatamente o contrário: somos mães e "também" desempenhamos outros papéis? Não sei, esta é uma luta que travo diariamente comigo!
 
Mas seja de que modo for, a minha ausência veio na sequencia de uma gastroenterite que a Malu trouxe para casa, seguida de uma conjuntivite viral com outra bacteriana por cima, que descambaram em  consultas, urgências pediátricas e oftálmicas. Salvamo-nos todos, mas a "mãe" termina com um esgotamento assimilado como um processo não criativo (para além de apanhar os "bichos" todos!).
 
Eu tenho uns "comas", no linguajar do marido! Não sou de todo hiperativa, aliás, uma das coisas de que mais sinto falta é de esticar-me numa toalha de praia, virar para um lado, para o outro, ler uma revista "cor-de-rosa", sem me levantar para absolutamente nada: nem apanhar baldinhos, nem catar conchinhas, nem assistir a piruetas felizes, nem correr para o mar, nada, nada mesmo. Mas quando me sinto obrigada a ficar em casa, ao invés de aproveitar para dormir a sesta, por exemplo, dou para arrumar armários. Começo pelos roupeiros e vou até a casa de bonecas do terraço.
 
Deve ser uma espécie de loucura, mas é assim que organizo minhas ideias. É incrível, mas enquanto seleciono coisas - separo as que tenho para dar daquelas que vão para o lixo - a minha cabeça pensante descansa e eu reoriento-me por dentro. E riu imenso das pegadas que as meninas vão deixando pela casa, da personalidade que elas vão desenhando pelos quatro cantos! A Malu tem se revelado uma exímia recicladora, guarda tudo, desde rolos de papel higiénico a caixas vazias de ice tea (para o desespero da mãe compulsiva por limpeza!), que "é para fazer criativas", segundo explica. E por onde a Eva passa, deixa um rastro de DVDs partidos, chinelos perdidos e um banquinho pelo meio, que é para atingir os lugares onde a sua pequenez não alcança.
 
Nessas horas, apraz-me sentir que somos uma família e que funcionamos dentro das condições que nos são impostas, cada um de nós desempenhando o seu papel da melhor forma que sabemos (e conseguimos!). Há renúncias, sem dúvida, umas mais que outras. Há cansaços, angústias, tarefas mal divididas e perguntas que não se calam, livros que não acabamos de ler, textos não concluídos, viagens que não fizemos, peças e filmes que não assistimos, mas por outro lado há uma alegria genuína estampada nas nossas fotografias, que revela o nosso melhor, o que temos de mais terno e nos mantém unidos.
 
Talvez só quem tenha experimentado a solidão rodeada de pessoas compreende ao certo esse meu sentimento! Tudo pode esperar, todos os projetos são adiáveis e realizados no último dia do prazo, impreterivelmente, exceto quando é a "mãe" quem tem de atuar. A "mãe" está sempre pronta e sobressalta ao primeiro chamamento!

Quanto a nós, prometo que esta semana termino de arrumar os armários e que se tudo correr bem, não tardo mais! É que também já sentia saudades de vos escrever!

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