Queria mais horas no dia. Era mesmo capaz de reivindica-las, tipo numa manifestação de greve de fome. Mas se calhar ninguém me ouvia, ainda era castigada pela infâmia. Às vezes sinto-me improdutiva, que horror, não consigo fazer o dia render. Logo vêm as amigas no mesmo estado e riem-se, dizem-me que só posso ser maluca, ainda meto-me em mais coisas, que disparate. Se calhar têm razão. Amuo, brigo, falo em divisão equânime, em conquistas, ameaço que vou fazer menos coisas. Não consigo. É que tenho medo do futuro, do futuro. Devo sofrer de uma síndrome qualquer. Ainda por cima, bati com a porta do carro em minha própria cara, tenho nódoas negras e os olhos a sumir de inchaço. No meio disso tudo quero correr, sinto falta de tempo para correr, oh céus, é o meu pedacinho de tempo. Pode dar-me só mais um pedacinho de tempo, se faz favor? Prometo que termino a escrita, abro um negócio e cuido de tudo o resto. Não que isto seja certo, nem concordo, mas ando a procura da balança. Devo tê-la avariada, perdida num canto da bagunça da garagem, o lugar das coisas descontinuadas. Maldita balança! É que os desafios me estimulam. Então, avanço ou perco tempo a tirar medidas? Não me parece que seja isto. Amanhã, amanhã eu corro... e na próxima semana, na próxima semana eu compenso o que estiver em atraso. Está prometido.
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