segunda-feira, 9 de junho de 2014

Mafalda: a menina fez 50 anos

Muitos de nós tínhamos acabado de nascer quando a Mafalda deixou de povoar o mundo e os papéis do seu criador. A personagem, criada em 1964 pelo cartunista argentino Quino (Joaquín Salvador Lavado Tejón), de 82 anos, e que há 41 deixou de desenha-la (1973), completou 50 anos a encantar crianças e adultos pelo mundo afora.  Quino divide a vida entre Buenos Aires e Madrid e quando é questionado sobre a razão que lhe levou a deixar tão cedo de conceber a Mafalda, explica: "(...) estava cansado de fazer sempre a mesma coisa." "A decisão passou até por áreas conjugais, porque minha mulher estava chateada de não saber se podíamos ir ao cinema, convidar pessoas para jantar, porque eu ficava até as dez da noite com as tiras. Além disso, era muito difícil não repetir." (Veja). Mas a criatura, uma menina contestadora e precoce para a sua idade de pouco mais de seis anos, teima em abandonar o seu criador e tem-lhe rendido inúmeros prêmios, inclusive o reconhecimento pelo seu trabalho em defesa dos direitos humanos. Quino recusa-se em acreditar que a menina ultrapasse as fronteiras da história; por outro lado, está ciente dos ideais que perpetuam a Mafalda:
"Concordo, relendo minha própria obra me dou conta que tratei de temas que 40 anos depois seguem atuais. Não consigo entender. O mundo repete sempre os mesmos erros, é incrível" (O Globo). 
Não há como, em plena consciência, sentir-se indiferente aos comentários da Mafalda. A Mafalda é uma menina intrigante, que não compreende o mundo dos adultos, odeia sopa, adora os Beatles e o desenho do Pica-Pau. Além disso, a Mafalda preocupa-se com a humanidade e a paz mundial, questiona-se sobre problemas políticos, científicos e de gênero que, passadas mais de quatro décadas, continuam atuais e a exigir a sua constante reedição. Conclusão: a Mafalda não envelhece e o mundo tudo indica que não evolui. 




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