Ontem assisti a um dos episódios mais interessantes do Programa Prós e Contras, da RTP, sobre o «Amor em Tempo de Crise». Em pouco mais de 1 hora, técnicos e apaixonados discorreram sobre as suas experiências e sentimentos acerca deste motor que nos impulsiona, do amor romântico e das velhas e novas perspetivas sobre o mesmo. Ouviu-se a opinião apaixonada de um escritor sobre a sua procura pessoal pela compreensão do amor; a objetividade com que uma advogada percebe o divórcio, muitas vezes como uma solução inevitável e a cura para a auto-estima; a crença comprovada de um psiquiatra no amor como algo ainda melhor e falou-se, muito, sobre como os casais lidam com a sexualidade sob o ponto de vista de uma médica. De tudo o que foi dito e discutido, enumerei e trouxe algumas conclusões que julgo as mais importantes. Apetece-me fazer um papel de parede com elas, pôr no hall de entrada para que nunca sejam esquecidas! Passo a enumera-las:
- Antes de casarem, as pessoas devem aprender a lidar com a solidão.
- Há a linguagem da família da mulher, a linguagem da família do homem e a linguagem do casal. Os casais precisam desvincularem-se de suas respetivas famílias e desenvolverem a sua própria linguagem. Os sogros não devem intervir.
- A companhia ainda é melhor do que a solidão. A doença mental atinge mais os solteiros.
- A paixão dura dos 6 meses aos 3 anos; depois disto ou vira amor ou pesadelo.
- Muitos relacionamentos acabam porque se procura no outro o amor absoluto. Não existe o amor absoluto; a única certeza que há é que o outro irá falhar.
- Os casais devem resguardar a sua individualidade e respeitar as diferenças um do outro. Há o "eu", o "tu" e o "nós".
- A crítica negativa destrói o amor.
- É preciso que haja tempo e disponibilidade mútua para discutir a relação.
- Um casamento instável pode afetar mais os filhos do que o divórcio.
- Muitas vezes acusa-se o outro daquilo que se sente, que não é verdadeiramente culpa do outro.
- O afeto e o respeito pelo outro deve ser ensinado desde cedo, inclusivamente nas escolas.
- A violência doméstica pode ser o resultado da discussão crescente entre os casais.
- É preciso ter em conta que a violência pode não ser somente física. Há pessoas que a dada altura deixam de ser "pessoas" e passam a ser só "tristeza".
- Um agressor que não é tratado continuará sendo agressor em outra relação.
- Os médicos de família, professores, ministros religiosos e outros profissionais deveriam ser capacitados e estarem aptos a prestar aconselhamento aos agressores e aos casais.
- Um amor pouco consolidado pode não sobreviver à emigração de um dos parceiros.
- O consumo, a facilidade ao crédito e o cansaço de uma vida atribulada faz com que os casais modernos suportem menos as crises conjugais.
- Os conflitos vividos entre os casais heterossexuais são idênticos aos vividos entre os casais homossexuais; o resto é estereótipo.
- O órgão mais estimulante de todos é o cérebro; depois de terem esta compreensão, o casal precisa aprender a se tocar.
- O afeto é tanto ou mais importante que a sexualidade. Há casais que se entendem muito bem sexualmente mas que sofrem de carência afetiva.
Por último, o que ouvi de mais marcante veio de um casal unido há 50 anos, que se mantém feliz praticando o ensinamento passado pelos pais e que segue sendo transmitido aos filhos e netos. É com este enunciado que termino, deixando que cada um de nós reflita longamente sobre o mesmo:
"A escola dos filhos é a casa dos pais."
(Fiquei com muita vontade de ler o livro Labirinto de Mágoas, do psiquiatra Daniel Sampaio).
Adorei a tua análise!! ♥
ResponderEliminarObrigada, minha querida Rute! :)
Eliminar