No passado dia 15 (segunda quinta-feira do mês de Janeiro) aconteceu em Salvador (Bahia, Brasil) uma das festas populares que considero a mais bonita, conhecida como a Lavagem do Bonfim. Claro que o meu coração baiano e devoto não se esqueceu e passou o dia a cantarolar o Hino ao Senhor do Bonfim!
Para recordar, a Igreja Nosso Senhor do Bonfim, a mais famosa igreja católica da Bahia, fica situada na Sagrada Colina, na parte baixa de Salvador (Cidade Baixa), onde se distribui as coloridas Fitinhas do Bonfim. A tradição diz que cada cor da fita simboliza um Orixá, devendo a mesma ser enrolada no pulso e atada com três nós, a cada nó um pedido, mantido secreto até a fita se romper naturalmente. E é aqui que começa a maior representatividade do sincretismo religioso da Bahia, a fusão perfeita entre o Cristianismo (predominante entre os portugueses que colonizaram Salvador) e o candomblé (predominante entre os africanos enviados como escravos para o Brasil).
Em verdade, a imagem de Jesus Cristo - o Senhor do Bonfim -, foi esculpida no Séc. XVIII em Setúbal e levada de Portugal para a Bahia pelo capitão-de-mar-e-guerra da marinha portuguesa Theodózio Rodrigues de Faria, em razão do pagamento da promessa feita por ter sobrevivido a uma tempestade no mar. Mas a construção da igreja que veio a abrigar o santo (1745) só ficou concluída em 1772, iniciando-se a sua lavagem pelos escravos no ano seguinte como parte dos preparativos para a festa do Senhor do Bonfim (segundo domingo de Janeiro após o Dia de Reis). Com o tempo, adeptos do candomblé passaram a identificar o Senhor do Bonfim com Oxalá, medida a que recorreram para burlar a proibição e disfarçar seus deuses adorando-os como santos católicos. De facto, apesar de todos os esforços, nunca foi possível eliminar os orixás e terreiros de candomblé da Bahia, os quais até hoje convivem lado a lado com o cristianismo. E deste modo, não havendo alternativa, a Arquidiocese de Salvador acabou por transferir o ritual da lavagem para as escadarias e o adro, permanecendo fechadas as portas da Igreja enquanto as baianas lavam a parte externa com água de cheiro, ao som de toques e cânticos africanos.
A Igreja do Senhor do Bonfim é passagem obrigatória para quem visita Salvador, assim como é para os baianos católicos o local sagrado de oração, de pedidos aflitos, de gratidão e de fé. Acreditem ou não, foi numa Lavagem do Bonfim (1997) que eu assisti ao encontro mais furtivo, mais festeiro e que, depois de um período duvidoso, acabou por resultar no encontro da minha amiga Anelise Pinheiro com a sua "cara metade", hoje a caminho do segundo filho do casal. Quem conhece essa história, assegura que se trata de uma bênção do Senhor do Bonfim!
Dito isto, é por estas e outras que sempre que vou à minha Bahia, como de costume, vou ao Senhor do Bonfim renovar minha proteção e dos meus queridos, pedir resolução e agradecer pelas infinitas venturas concedidas a mim e a minha família. De lá, trago Fitinhas abençoadas e o coração transbordando de fé!
Para recordar, a Igreja Nosso Senhor do Bonfim, a mais famosa igreja católica da Bahia, fica situada na Sagrada Colina, na parte baixa de Salvador (Cidade Baixa), onde se distribui as coloridas Fitinhas do Bonfim. A tradição diz que cada cor da fita simboliza um Orixá, devendo a mesma ser enrolada no pulso e atada com três nós, a cada nó um pedido, mantido secreto até a fita se romper naturalmente. E é aqui que começa a maior representatividade do sincretismo religioso da Bahia, a fusão perfeita entre o Cristianismo (predominante entre os portugueses que colonizaram Salvador) e o candomblé (predominante entre os africanos enviados como escravos para o Brasil).
Em verdade, a imagem de Jesus Cristo - o Senhor do Bonfim -, foi esculpida no Séc. XVIII em Setúbal e levada de Portugal para a Bahia pelo capitão-de-mar-e-guerra da marinha portuguesa Theodózio Rodrigues de Faria, em razão do pagamento da promessa feita por ter sobrevivido a uma tempestade no mar. Mas a construção da igreja que veio a abrigar o santo (1745) só ficou concluída em 1772, iniciando-se a sua lavagem pelos escravos no ano seguinte como parte dos preparativos para a festa do Senhor do Bonfim (segundo domingo de Janeiro após o Dia de Reis). Com o tempo, adeptos do candomblé passaram a identificar o Senhor do Bonfim com Oxalá, medida a que recorreram para burlar a proibição e disfarçar seus deuses adorando-os como santos católicos. De facto, apesar de todos os esforços, nunca foi possível eliminar os orixás e terreiros de candomblé da Bahia, os quais até hoje convivem lado a lado com o cristianismo. E deste modo, não havendo alternativa, a Arquidiocese de Salvador acabou por transferir o ritual da lavagem para as escadarias e o adro, permanecendo fechadas as portas da Igreja enquanto as baianas lavam a parte externa com água de cheiro, ao som de toques e cânticos africanos.
A Igreja do Senhor do Bonfim é passagem obrigatória para quem visita Salvador, assim como é para os baianos católicos o local sagrado de oração, de pedidos aflitos, de gratidão e de fé. Acreditem ou não, foi numa Lavagem do Bonfim (1997) que eu assisti ao encontro mais furtivo, mais festeiro e que, depois de um período duvidoso, acabou por resultar no encontro da minha amiga Anelise Pinheiro com a sua "cara metade", hoje a caminho do segundo filho do casal. Quem conhece essa história, assegura que se trata de uma bênção do Senhor do Bonfim!
Dito isto, é por estas e outras que sempre que vou à minha Bahia, como de costume, vou ao Senhor do Bonfim renovar minha proteção e dos meus queridos, pedir resolução e agradecer pelas infinitas venturas concedidas a mim e a minha família. De lá, trago Fitinhas abençoadas e o coração transbordando de fé!
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