quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Família



Trecho do livro "O Arroz de Palma", de Francisco Azevedo, para saborearmos nesse Natal.

Feliz Natal, com o melhor que temos!

"Família é prato difícil de preparar. São muitos ingredientes. Reunir todos é um problema - principalmente no Natal e no Ano-Novo. Pouco importa a qualidade da panela, fazer uma família exige coragem, devoção e paciência. Não é para qualquer um. Os truques, os segredos, o imprevisível. Às vezes, dá até vontade de desistir. Preferimos o desconforto do estômago vazio. Vêm a preguiça, a conhecida falta de imaginação sobre o que se vai comer e aquele fastio. Mas a vida - azeitona verde no palito - sempre arruma um jeito de nos entusiasmar e abrir o apetite. O tempo põe a mesa, determina o número de cadeiras e os lugares. Súbito, feito milagre, a família está servida. Fulana sai a mais inteligente de todas. Beltrano veio no ponto, é o mais brincalhão e comunicativo, unanimidade. Sicrano - quem diria? - solou, endureceu, murchou antes do tempo. Este, o mais gordo e generoso, farto, abundante. Aquele o que surpreendeu e foi morar longe. Ela, a mais apaixonada. A outra, a mais consistente. E você? É, você mesmo, que me lê os pensamentos e veio aqui me fazer companhia. Como saiu no álbum de retratos? O mais prático e objetivo? A mais sentimental? A mais prestativa? O que nunca quis nada com o trabalho? Seja quem for, não fique aí reclamando do gênero ou do grau comparativo. Reúna essas tantas afinidades e antipatias que fazem parte da sua vida. Não há pressa. Eu espero. Já estão aí? Todas? Ótimo. Agora, ponha o avental, pegue a tábua, a faca mais afiada e tome alguns cuidados. Logo, logo, você também estará cheirando a alho e a cebola. Não se envergonhe se chorar. Família é prato que emociona. E a gente chora mesmo. De alegria, de raiva ou de tristeza. Primeiro cuidado: temperos exóticos alteram o sabor do parentesco. Mas, se misturadas com delicadeza, essas especiarias - que quase sempre vêm da África e do Oriente e nos parecem estranhas ao paladar - tornam a família muito mais colorida, interessante e saborosa. Atenção também com os pesos e as medidas. Uma pitada a mais disso ou daquilo e, pronto, é um verdadeiro desastre. Família é prato extremamente sensível. Tudo tem de ser muito bem pesado, muito bem medido. Outra coisa: é preciso ter boa mão, ser profissional. Principalmente na hora que se decide meter a colher. Saber meter a colher é verdadeira arte. Uma grande amiga minha desandou a receita de toda a família, só porque meteu a colher na hora errada. O pior é que ainda tem gente que acredita na receita da família perfeita. Bobagem. Tudo ilusão. Não existe "Família à Oswaldo Aranha", "Família à Rossini", "Família à Belle Meunière" ou "Família ao Molho Pardo" - em que o sangue é fundamental para o preparo da iguaria. Família é afinidade, é "À Moda da Casa". E cada casa gosta de preparar a família a seu jeito. Há famílias doces. Outras, meio amargas. Outras, apimentadíssimas. Há também as que não têm gosto de nada - seriam assim um tipo de "Família Diet", que você suporta só para manter a linha. Seja como for, família é prato que deve ser servido sempre quente, quentíssimo. Uma família fria é insuportável, impossível de se engolir. Há famílias, por exemplo, que levam muito tempo para serem preparadas. Fica aquela receita cheia de recomendações de se fazer assim ou assado - uma chatice! Outras, ao contrário, se fazem de repente, de uma hora para outra, por atração física incontrolável - quase sempre de noite. Você acorda de manhã, feliz da vida, e quando vai ver já está com a família feita. Por isso é bom saber a hora certa de abaixar o fogo. Já vi famílias inteiras abortadas por causa de fogo alto. Enfim, receita de família não se copia, se inventa. A gente vai aprendendo aos poucos, improvisando e transmitindo o que sabe no dia-a-dia. A gente cata um registro ali, de alguém que sabe e conta, e outro aqui, que ficou no pedaço de papel. Muita coisa se perde na lembrança. Principalmente, na cabeça de um velho já meio caduco como eu. O que este veterano cozinheiro pode dizer é que, por mais sem graça, por pior que seja o paladar, família é prato que você tem que experimentar e comer. Se puder saborear, saboreie. Não ligue para etiquetas. Passe o pão naquele molhinho que ficou na porcelana, na louça, no alumínio ou no barro. Aproveite ao máximo. Família é prato que, quando se acaba, nunca mais se repete."

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

O português que me traiu

Fonte: Internet
Sou incorrigível. Esforço-me mas não aprendo e a verdade é que todos os dias sou traída. Traída pela língua. Depois... depois fico com essa cara de incompreendida que não passa por nada! 

Dizem, as boas ou más línguas, que a melancolia é lusitana. Se calhar tem razão! Mas de facto é a língua que faz um povo e eu cá estou, inserida. Completei uma década de português, de Portugal, tempo suficiente para aprender que:

  • açougue é talho; 
  • apostila é sebenta; 
  • bala é rebuçado; 
  • banheiro é casa de banho; 
  • calcinha é cueca; 
  • celular é telemóvel; 
  • conversível é descapotável; 
  • geladeira é frigorífico; 
  • grampeador é agrafador; 
  • injeção é pica; 
  • cafezinho é bica; 
  • ônibus é autocarro; 
  • meias são peúgas; 
  • pedestre é peão; 
  • ponto de ônibus é paragem; 
  • sanduíche é sandes; 
  • suco é sumo; 
  • trem é comboio;
  • vitrine é montra;
  • xícara é chávena...

Mas ao contrário, ainda escorrega-me os pronomes de tratamento no meu modo brasileiro de falar português, o meu português tupiniquim, que exalta a criatividade linguística e a brejeira identidade nacional de um povo refletida no seu idioma.

É óbvio que as regras gramaticais não revelam se sou muito ou pouco culta, nem se é ser simplista ou pejorativo deixar escapar um "querida", seguido da interjeição "olá", como forma de expressar um cumprimento positivo ou saudar uma pessoa apressadamente incluída num contexto, digamos, mais informal.

Era simpático, de minha parte. Todavia, sendo "querida", ipsis litteris, expressão para alguns quase ofensiva, desconcertante talvez, respeitarei o português. Da próxima haverei de corrigir-me e pôr os axiônimos nos devidos sujeitos. 

segunda-feira, 26 de outubro de 2015

La Vie Dans Une Année

Foto: Tamara Rangel
Foi outro dia, ainda me lembro de tê-la ao colo. Nasceu pequenina, filha da minha prima-mãe, também ela havia me embalado e acompanhado na minha tortuosa viagem de descobertas até transformar-me, enfim, na mulher que sou. Um engraçado labirinto onde se cruzam as mulheres fortes da minha família que, a todas as evidências, originou-se nordestina e ganhou o mundo... e as letras, as que os nossos pais e avós escreveram não com lápis e cadernos, mas com foices e muito suor. Quiseram eles que nós, da terceira geração em diante, fossemos "Doutores", de preferência, mas sobretudo de bom caráter. Esse exemplo, passado de geração para geração, salvou-nos uns tantos.

E não é que a priminha, ao modo humilde dos inteligentes, ontem apresenta-me um blog que escreve e que logo percebi que era para diminuir a solidão e a distância do novo velho mundo e do seu intercâmbio? Hoje, repassando as vistas com mais calma, me vieram lágrimas aos olhos. Que escrita linda e que bela mulher que se forma, cuja genética não nega a força e a sensibilidade apurada ao longo dos anos desde avó, mãe e Tam.

Apresento-te, para não deixar de acompanhar, o primo desses Alfarrábios, La Vie Dans Une Année, da doce viajante Tamara Rangel. Assim que li:

"Essas folhas alaranjadas, amareladas e roxeadas caindo por aí são mais bonitas e melancólicas do que eu imaginava. Também muitas outras coisas que imaginei daqui são bem mais e algumas nem tanto. É bom sentir o gostinho das coisas como elas são depois de desenhá-las na cabeça, algo que eu faço bem até demais numa boa noite de sono não dormida. As vezes não passa de uma expectativa gostosa, outras vezes é uma tormenta de ansiedade. Acho que sou assim desde que passava a madrugada inteira arrumando a mochila pro primeiro dia de aula na escola! Mas sei que é preciso aprender a dosar, porque é um risco na causa de decepções e de medos desnecessários que me impedem de fazer determinada coisa. Isso me aconteceu aqui no primeiro dia de aula do curso de francês e no da Universidade, em ambos eu passei a madrugada com insônia por causa da ansiedade, cochilei forte por um segundo e perdi a hora de levantar, deixando tudo fora do planejado. Quase me prejudiquei duas vezes (e outras tantas na vida toda) e quando não é saudável dessa forma é bom cuidar."

Isto tudo soou-me tão familiar! Logo entendi porque dizem que a gente se parece tanto... A vida é mesmo uma história que se conta e se re-conta. 

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Ninguém disse que iria ser fácil

Fonte: Internet

Acordei no domingo estava o dia ainda a dormir e, apesar da meteorologia prever um dilúvio, vesti-me para cumprir o meu desafio: correr a Meia Maratona. No telemóvel, a mensagem do meu companheiro de corrida: "Cheguei. Traz fato de surf."

Mas como dizem que principiantes contam com a sorte do seu lado, a chuva não apareceu. Fez-se bem, os 21.095km, em aproximadamente 2h18m, na calma. Mais fácil do que previa.

Hoje, já refeita das pernas, voltei à minha prova de fogo, a que exige concentração e silêncio, uma dose de solidão. Esta, mais difícil do que previa. 

A verdade é que nem tudo é como imaginamos. Quantas vezes o controlo escorrega-nos pelos dedos? A indecisão pega-nos na curva, joga-nos contra a parede e nos vira tudo do avesso. Custa muito, muito mesmo, lutar pelos nossos sonhos quando a vida parece nos sugerir soluções mais fáceis - mais cómodas, talvez! 

É sempre mais fácil desistir do que esforçar-se por merecer. 

É sempre mais fácil dormir mais um pouco do que levantar-se e fazer-se à vida.

É sempre mais fácil deitar fora do que reparar os estragos.

É sempre mais fácil acusar do que admitir os próprios erros.

É sempre mais fácil adiar uma decisão do que focar-se nos objetivos.

Ninguém disse que iria ser fácil e se te disserem o contrário, duvides. Confesso: também eu tropeço, também eu titubeio, cambaleio em sonhos. Agora, sê grande, põe-te firme, não te deixes corromper. Tu e eu. Que a vida, esta deusa sedutora, tanto nos dá como nos tira.    

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

No domingo vou correr...

No domingo vou correr a minha primeira Meia Maratona. Tomei gosto pela coisa e vou ver como me saio, mesmo assim, apesar do meu jeito desordenado de treinar. Vou correr à minha conquista de ter elegido um desporto depois dos 40, prático como tornou-se a minha vida: elásticos para os cabelos, tênis para os pés.

No domingo vou correr os meus primeiros 21.095 metros. Vou de pulmão aberto, mente livre e cheia de esperança em cumprir a meta dentro do tempo limite de 3 horas. Não tenho muita pressa, mas quero chegar.  

No domingo vou correr porque mereço, porque existo, porque decidi que vou conseguir. Vou correr por mim, por ti, por nós...

No domingo, prometo que vou, com um nervoso miudinho. Deseja-me sorte?

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Carta aos Alfarrábios (De mim para mim, com partes de nós)

Saudades de ti, Alfarrábios! Prometi que só voltava aqui quando a vida me permitisse um momento de descontração autoral, por causa daquela coisa assombrosa de mais ou menos 300 páginas que me tira o sono e que não vejo jeito de pôr um ponto final. É que a coisa não anda, ou melhor, anda, mas de gatinha!

Eu é que ando sem paciência. Tenho visto coisas horríveis a acontecer pelo mundo, parece que estamos a meio de um novo extermínio em massa e a gente não sabe para que lado há de se virar. Outro dia, vi colegas destratarem-se por causa de política. Essas coisas de intolerância me entristece, embora eu própria, como disse, ando sem paciência. 

Quando a curiosidade é maior do que eu, vou saber se afinal aquela amiga que estava a espera de bebé já o tem no colo; ou como anda a família da outra margem do infinito azul; ou quem é que está mais feliz do que eu... e então vejo o que fazemos nós para autopromover a nossa excentricidade... acho o mundo tão estranho! Insano. Não falo das coisas que nos alegra a alma de ver na expressão de amor do outro ou na saudade que diminuímos aos bocadinhos, inocente; falo das pessoas que julgam que o mundo cabe na circunferência do seu próprio umbigo. Às vezes pego-me a rir, desacreditada. 

Mas olha, ainda assim, fui de férias. Lembra que tenho duas rainhas lá em casa? Que me enche o coração de amor? Que culpa elas têm? Também ando sem paciência para elas, coitadinhas! Para ser sincera, ando meio histérica! Elas estão a crescer rápido demais, estão se enchendo de poder... eu não acompanho... e quando a noite cai, penso que fiz tudo mal e lamento. Mas ainda assim tento dar-lhes o melhor que tenho: dou-lhes o meu tempo, escasso mesmo assim, além do meu amor por vezes fragmentado.

Continuo a correr. Durante aquela horinha, corro, penso, extravaso e tiro conclusões. Conclusões boas e más. Esses dias conclui que a vida nem sempre é o que aparenta, que é mais difícil ser tristemente verdadeiro do que fingir alegria e que, de facto, qualquer problema torna-se menor quando se tem companhia.

Por falar nisso, lembra que fez 9 anos que casei-me com o amor da minha vida? É verdade, mudamos, desde então. Mas continuo a acreditar que apaixonei-me por um homem com um coração amoroso e tenho fé que ele não se esqueça... Nem eu, Alfarrábios! Nem eu!

É que a vida não é uma história que se escreve num dia. Tem gente tão estúpida, Alfarrábios! Deus nos livre de gente estúpida.

        

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Mulher, acorda!

Outro dia, em conversa com um amigo que não vejo há séculos, perguntei-lhe pela R., ao que ele respondeu-me: 

- Tranquila. É Mãe, como tu

Continuei sem entender, até que em fração de segundos sinais neuronais foram enviados. Pensei: 

- Oh, pá! Maneira insossa de reportar-se à mulher! 

Depois... 

- Buáááááá... A sério? Sou uma Mãe? É isso?

Fiquei a pensar naquilo, na verdade por detrás daquilo e no quanto não nos apercebemos do processo de transformação a que passamos desde que somos... Mães. Nascemos, crescemos, tiramos a maior onda, lá para as tantas tornamo-nos... Mães. 

Oh, céus! É tudo? É mesmo somente isto que sobra de uma mulher que procria? Bem, vamos lá esclarecer os factos:

Eu sei que ser Mãe é algo incomensurável. Nos toma por completo, por dentro e por fora, nos preenche e preenche tudo que se mantém de pé ao nosso redor. E por saber disto, eu e tu, vamos deixar de tretas e confessar abertamente que ser Mãe é algo tão intenso que por largos tempos esquecemo-nos mesmo que há vida para além daquele bebé. A amamentação, as trocas de fralda, as noites pequenininhas... A gente é Mãe vinte e quatro sobre vinte e quatro, não há tempo para ser mais nada. 

À medida que os nossos pequenos vão se tornando grandes, agiganta-se ainda mais o nosso amor. Tanto ou ainda mais que, sem notar, inundamos a nossa vida real e virtual de vídeos, imagens, textos, tudo sobre eles. Passamos a falar meio assim, ternuriiiiiiinho, e num instante já estamos a tratar o nosso homem como um... Filho. A verdade, a mais pura verdade, é que o cansaço, a falta de disponibilidade, as tarefas de que nos ocupamos para ver os pimpolhos repletos de felicidade, vão dando cabo de nós. Então, um dia, em modo de elogio, o nosso homem olha para nós e diz: 

- Gosto de ti. És uma boa... Mãe.

Mulher, pára tudo. Vamos admitir, também não somos as bambambãs do pedaço, não temos super poderes nem sustentamo-nos à base de amor maternal. Alguma coisa fica prejudicada em meio a tamanha experiência e, de facto, quanto mais lhes damos mais eles exigem de nós.

Mulher, a vida continua depois da maternidade. Faz bem comprar maquilhagem; voltar a trabalhar; lembrar que o saco do bebé não é a nossa mala de senhora; sentir que ser Mãe, por mais que nos transforme para sempre, não deve nos aniquilar enquanto mulher. Ser Mãe é uma das nossas inúmeras, digamos, competências e efetivamente deve ser considerado a nosso favor - a gente se vira nos trinta depois que é Mãe -, embora sem idealizações e sexismo. Pode ser sexy ser Mãe! Bem gerido, pode haver espaço para todas nós dentro do nosso papel de Mãe.

Sabia que os nossos filhos são os nossos maiores observadores? Vê como eles nos admira - ou não - quando nos arranjamos e ficam cheios de orgulho quando a Mãe, gira, vai buscá-los à escola? Sabia que os nossos filhos precisam de nós completamente felizes? Sabia que eles gostam de dizer que a Mãe é "isto" e "aquilo"? Foi-se o tempo em que reservava-se à mulher essencialmente a maternidade e digo isto também para nós.

Homem, nós não somos a vossa Mãe. Mulher, acorda!
                   

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Abraça-me

Chega perto, vem cá, com cuidado. Não diz nada, dá-me as mãos e olha. 

Vês? Já se passaram tantos anos, nem lembro-me quanto! Lembro-me que sorrias quase sempre com ternura e tinhas um cheiro bom. Cercava-me e eu adormecia em teu colo; cercava-me e eu sentia que já podia ir, recarregada de afeto. 

Vês? Eu não esqueci-me. É impossível esquecer! Mesmo quando o mundo gira, mesmo quando já somos crescidas, mesmo quando nos sentimos menos importantes, é impossível esquecer...

Braço a braço, um amplexo, abraça-me. 

Faria-nos bem, um abraço!

quarta-feira, 29 de abril de 2015

No Santuário de Fátima...


Independente de crença ou religião, há lugares que toca-nos profundamente, que transporta-nos numa corrente de energia, sensibiliza-nos, faz-nos sentir em paz. 

Há lugares onde as palavras se calam, só o coração fala. E fala de coisas guardadas lá dentro; fala de perdão, de amor e compaixão; fala de acolhimento.

O Santuário de Fátima, situado em Fátima, norte de Lisboa, é um desses lugares. 

Não é a primeira vez que vou a Fátima. Passaram-se 10 anos, voltei com a minha família e amigos, mais madura e mais serena. Fui, no entanto, arrebatada pela mesma gratidão que só é possível sentir ao ver a dor e a fé do outro.

O Santuário de Fátima, comove-nos. 



segunda-feira, 27 de abril de 2015

Homens pagam mais, segundo o princípio "a quem mais for dado, mais será cobrado"

Aproveitando a discussão sobre desigualdade de género, que recentemente ganhou fôlego com o discurso da atriz Patricia Arquette na entrega do Óscar 2015, um restaurante em São Paulo resolveu acrescer 30% aos preços dos seus cardápios sempre que quem fizesse o pedido fosse um homem. 

No Brasil, à semelhança de outros países do mundo, as mulheres recebem cerca de menos 30% de ordenados para desempenhar as mesmas funções que os homens e, diante da tentativa de paridade pelo menos nesse setor da restauração, as reações masculinas foram acirradas. 

Depois, à vista de um folheto explicativo esclarecendo que aquele "menu injusto" tentava apenas demonstrar "quão ultrajante é a diferença salarial entre homens e mulheres no mercado de trabalho", melhor ainda foram as reações dos clientes, dignas de aplausos. Sem dúvida uma campanha publicitária provocadora e inteligente que dá gosto partilhar.

Fonte:B9.


segunda-feira, 13 de abril de 2015

O que é feito de mim? (O que é feito de ti?)

Faz tempo que não dou notícias mas continuo por aqui. De minha parte, fazendo mais ou menos as mesmas coisas... 

Não escrevo tanto mais por punição, a ver se obrigo-me a acabar o trabalho - todo o tempo de escrita deve ser canalizado. 

Uma parte do dia ocupo-me do jantar, das meninas, das tarefas rotineiras... vez por outra recebo notícias que deixam-me feliz, outras nem por isso... alguns dias estou um caco, em outros sinto-me extraordinária. Não é assim com todos?

Sinto-me, ainda, perseguida por um pensamento atroz: o medo e a incerteza quanto a um futuro próximo. Resolvi viver um dia de cada vez, terminar passo a passo uma caminhada que já vem de longe. Mas tenho medo.

Há noites em que não durmo. Tenho tanta coisa por fazer e quero tanto fazer tantas coisas! A noite tornou-se a minha maior crítica.

Ainda assim tiro férias. Sim, a minha família não tem culpa da minha desorientação; além do mais, sou responsável pela felicidade de duas crianças.   

Mas há dias em que corro, por uma questão de sanidade e prazer. Agora faço treinos com desafios e adoro sentir-me forte; sentir que, nesse aspeto, os meus limites sou eu quem me imponho. A corrida é o meu Reset.

Recordei-me de sentimentos bons que andavam esquecidos, guardados no fundo de um coração com espaço demasiado ocupado com quezilas sem importância.

E tento, por tudo, ter tempo para mim; ter uma vida produtiva o mais que possa e seguir em frente, descobrindo, todos os dias, maneiras de ser feliz.

E tu? O que é feito de ti? Precisava saber que estás aí, precisava saber que continuas a gostar de estar aqui... e que não vamos desistir, pois não?

quinta-feira, 26 de março de 2015

Hoje é Dia do Cacau, o alimento dos deuses

Hoje é Dia do Cacau, esse fruto delicioso que conheço tão bem e que faz parte da minha história e de minha família. Sou do Sul da Bahia, foi lá que cresci e estudei, o cacau ajudou-me nesse crescimento. Poderia ficar horas contando casos, anedotas e acontecimentos reais que presenciei ou de amigos e conhecidos, tendo como tema o cacau, que de tão fértil até rendeu assunto para duas telenovelas da Rede Globo: Gabriela e Renascer. É conversa para muitos dias! E é por isso que hoje presto a minha homenagem ao Dia do Cacau, trazendo algumas curiosidades sobre esse alimento dos deuses.

1. Cacaueiro, ou theobroma cacao, significa alimento dos deuses.

2. O fruto, originário da região tropical da América Central, é alongado e cheio de sulco por fora; possui uma polpa branca por dentro, viscosa e com muitas amêndoas, que são as sementes do cacau.

3. É através da moagem das amêndoas secas do cacau que se faz o chocolate.

4. O cacau existia no Brasil na região Amazônia, em estado natural, mas foi cultivado pela primeira vez no Pará, e depois em Ilhéus e Itabuna (Sul da Bahia), contribuindo para o desenvolvimento econômico dessa região e servindo de inspiração para as obras de Jorge Amado.

5. Na metade do século XIX, o Brasil já era o maior exportador de cacau do mundo, chegando a mandar para o exterior mais de 70 mil toneladas. Em 2005 ocupou o 5º lugar como maior produtor mundial (sua capacidade produtiva foi reduzida com o advento da vassoura de bruxa).

7. Atualmente, o maior produtor de cacau do mundo é a Costa do Marfim.

Fontes: WikipédiaYahoo Mulher.





quarta-feira, 11 de março de 2015

O mundo, segundo o dicionário das crianças

Numa edição da Feira Internacional do Livro de Bogotá, que decorreu em Abril de 2013, um livro chamado Casa das estrelas: o universo contado pelas crianças teve um grande destaque. Nele, o autor e professor Javier Naranjo reuniu mais de 500 definições para 133 palavras, de A a Z, segundo o significado que lhes dão as crianças. A ideia surgiu quando, em uma comemoração do Dia da Criança, pediu aos alunos para definirem a palavra "criança" e uma delas chamou-lhe a atenção: "uma criança é um amigo que tem o cabelo curtinho, não toma rum e vai dormir cedo." A partir daí surgiram novas definições, que o  autor foi compilando durante dez anos em diferentes escolas. 

Mais essas preciosidades:

"Adulto: Pessoa que em toda coisa que fala, fala primeiro dela mesma." (Andrés Felipe Bedoya, 8 anos) 
"Ancião: É um homem que fica sentado o dia todo." (Maryluz Arbeláez, 9 anos) 
"Água: Transparência que se pode tomar." (Tatiana Ramírez, 7 anos) 
"Branco: O branco é uma cor que não pinta." (Jonathan Ramírez, 11 anos) 
"Camponês: Um camponês não tem casa, nem dinheiro. Somente seus filhos." (Luis Alberto Ortiz, 8 anos) 
"Céu: De onde sai o dia." (Duván Arnulfo Arango, 8 anos) 
"Colômbia: É uma partida de futebol." (Diego Giraldo, 8 anos) 
"Dinheiro: Coisa de interesse para os outros com a qual se faz amigos e, sem ela, se faz inimigos." (Ana María Noreña, 12 anos) 
"Deus: É o amor com cabelo grande e poderes." (Ana Milena Hurtado, 5 anos) 
"Escuridão: É como o frescor da noite." (Ana Cristina Henao, 8 anos) 
"Guerra: Gente que se mata por um pedaço de terra ou de paz." (Juan Carlos Mejía, 11 anos) 
"Inveja: Atirar pedras nos amigos." (Alejandro Tobón, 7 anos) 
"Igreja: Onde a pessoa vai perdoar Deus." (Natalia Bueno, 7 anos) 
"Lua: É o que nos dá a noite." (Leidy Johanna García, 8 anos) 
"Mãe: Mãe entende e depois vai dormir." (Juan Alzate, 6 anos) 
"Paz: Quando a pessoa se perdoa." (Juan Camilo Hurtado, 8 anos) 
"Sexo: É uma pessoa que se beija em cima da outra." (Luisa Pates, 8 anos) 
"Solidão: Tristeza que dá na pessoa às vezes." (Iván Darío López, 10 anos) 
"Tempo: Coisa que passa para lembrar." (Jorge Armando, 8 anos) 
"Universo: Casa das estrelas." (Carlos Gómez, 12 anos) 
"Violência: Parte ruim da paz." (Sara Martínez, 7 anos)
Fontes:Repertório CriativoCatraca Livre.


Imagem do Professor com alguns de seus alunos. Fonte: Catraca Livre

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Paciência

"Mesmo com toda libertação feminina essa grande 'paciência' que nos caracteriza não deve nunca acabar. É uma riqueza de infinitos alcances que aumenta os poderes de paz do Universo."
(Simone de Beauvoir)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A Verdade e o Amor

Há quem diga que o amor e a verdade não se misturam. Eu não acredito. Mas há pessoas que só descobrem que amam verdadeiramente depois que mentem, que a relação se impregna de mentira, da mais obscura e desumana mentira. É pena! Às vezes já vai tarde, matou o amor do mais cruel amorcídio. 

Quando duas pessoas se amam, dizem uma à outra: Sigo-te. Fecha-se os olhos, entrelaça-se as mãos e, a partir daí, a vida continua a quatro passos. É um caminhar a dois, são sonhos sonhados juntos, são dias melhores e outros muito piores, de quem sabe que só os supera porque tem no outro um amigo. Então, como se pode amar sem confiar? O amor baseia-se na verdade, é esta a máxima, a fórmula que mantém intacto o amor quando um dos dois o coloca em risco. 

O amor, também, por vezes confunde-se... o amor zanga-se. Todavia, o amor tem medo de perder-se, de não encontrar o caminho de volta. E é por isto que o amor, o verdadeiro amor, refaz-se. 

O amor é um turbilhão de sentimentos bons e ruins, todos aglutinados da mais densa forma e que vez por outra desintegra-se como numa explosão de átomos para novamente reconstruir-se. O amor renasce. Contudo, na minha opinião, de todos os sentimentos apenas a mentira não se integra no amor.

Engana-se quem pensa que se pode amar em paz! Não, o amor não é uma experiência de paz contínua, diria mesmo que o amor é perturbador. O amor pode esvaziar-se, pode transformar-se e pode até findar-se. Só uma coisa é invariável: não haverá amor se faltar a lealdade. Com todas as diferenças possíveis, a continuidade do amor é a verdade. O amor sucumbe à mentira.

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Happy Valentine's Day!

Pode parecer piegas e às vezes provoca dores incríveis. Pode até despertar cobiças... É o amor, esse sentimento extraordinário que nos mantém firmes no propósito de continuarmos juntos.

Feliz Dia do Amor!

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Maria Muda

Imagem: Eligible Magazine

Havias de conhecer a Maria! Maria nunca foi, de todo, uma pessoa vulgar. Tinha imensa alegria e qualquer coisa de sonho, de encanto. Maria não caminhava, rasgava o ar ao passar... des-li-za-va... Maria não olhava, observava. Tanto ouvia quanto falava mas falar era o que Maria mais gostava. Maria discursava.

Maria amou, muitas vezes, mas uma mais que todas as outras. O amor de Maria também a amou e foram, por longos dias, felizes. Até que um dia o amor resolveu mudar a Maria. Maria não era suficientemente boa, nem era suficientemente feliz, nem inteligente era. Maria não se compreendia.

Teria a Maria existido? Haveriam Marias dentro de outras Marias? Marias aflitas, escondidas, adormecidas? Marias dançantes, elegantes, amantes? Onde estaria a Maria?

Maria olhou-se ao espelho. E viu-se, com 45 anos, uma casa, um filho, um cão, um livro. Tinha marido e emprego. Mas de tanto querer e de tanto silenciar, Maria mudou. Maria, calou-se. 

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Eu + Tu = Eu?: "Antes só do que amado pela metade. Sozinhos somos inteiros"

Um amigo que lê o blog e que assinala-me quando apanha um texto que tem a ver com esses alfarrábios, fez-me chegar o texto abaixo, da colunista Rebeca Bedone, da Revista Bula. Verdadeiro e motivacional, fala sobre separação, solidão e recomeço, sentimentos que todos nós já partilhamos. Àqueles que estão a vivê-lo, leiam-no com atenção e com a certeza de que a pior solidão ainda é a solidão a dois.

"Você não queria, mas disse adeus. Não havia nada mais que fizesse aquele amor ficar. Restaram somente você e os sonhos que um dia foram de duas pessoas. No vazio do quarto silencioso, sua vontade de se levantar ficava escondida no canto mais frio debaixo da cama. Estava tudo fora do lugar. Móveis, objetos e pensamentos se perderam na bagunça da despedida, na partilha para decidir quem fica com o quê. Murcharam-se as flores do canteiro da janela e você se esqueceu por que precisava sair de casa para viver. 
A gente querendo ou não, o frio vem como um beijo da morte, carregado de culpas e porquês. Traz no vento gelado dúvidas como “e se eu tivesse feito isso” ou “se não tivesse feito daquele jeito”. Chega com a solidão congelando o riso e aumentando a dor de quem fica, só não vem mais o amor que já foi embora. 
Quando deixamos o amor partir, aprendemos a deixar o inverno passar. E para que chegue a estação do sol e das flores, não podemos mais viver a vida daquele amor sem ele. Ora, você nem curte essas músicas que ouviam juntos só porque ele gostava. Antes, tudo bem. Mas, agora, por que continuar com essa tortura musical? Coloque para tocar a sua canção preferida e tire-se para dançar no meio da sua sala! Então ponha um vaso florido no centro da sua mesa de jantar enquanto reaprende a fazer as refeições somente na sua companhia. Daqui a pouco estará colhendo as flores que nascerão no jardim da sua alma. 
Atenção: não é culpa sua se mais um amor não te amou. E também não é exigindo do outro a entrega de algo que não é seu que alguém te amará. Não temos a posse do outro, então não se aflija por deixar o que não te pertence partir de você. Perdoe-se de suas dúvidas e “não se esqueça que desistir de alguém não é fracassar, é só reconhecer que não se pode amar onde não há reciprocidade”. 
Eu sei que, se você pudesse, pegaria um avião agorinha mesmo só para achar o amor de novo. Iria de barco, de trem, de bicicleta, pedindo carona. Pediria férias, as contas, um empréstimo só para viajar rastreando o cheiro do seu perfume. Ah, se você pudesse, o convidaria para tomar um café, uma cerveja, um banho quente e falariam dos seus filmes preferidos, quais livros estão lendo, sobre política, filosofia e nada. Ouviriam o silêncio da noite e suas revelações, seus planos e medos. 
Mas parece que você e o amor estão sempre se desencontrando. Quando você chega, ele já passou. Quando você vai, o amor te esperava. E nesse esconde-esconde você fica cheio de saudades, deseja o que já se foi e o que nunca chegou. Seu coração é um barquinho num oceano de lembranças, ora passeando por águas calmas, ora se perdendo em lágrimas turbulentas. 
Então deixe o inverno passar e levar seu barquinho para águas que você não conhece ainda. Navegue um pouco sem rumo, mas sempre em frente. Lembre-se que o pôr do sol acontece para que na manhã seguinte o seu oceano receba um beijo quente de luz. O amor está em algum porto distante e perto de você. 
Vai navegando sua vida porque somente você pode completá-la. Dê festa para os amigos em casa, assista a filmes, mesmo sozinho, e saia para passeios por aí com você mesmo. Seja feliz com o que você tem até não precisar ter ninguém. Vai navegando ora triste, ora feliz, mas vai navegando sem se preocupar com o tempo que falta para o amor chegar. Livre-se de convenções sociais que ditam que temos que ter alguém. Acredite, é bem melhor estar só do que ser amado pela metade. 
Não que seja fácil, mas pode se tornar uma viagem e tanto. E quando um dia você se ancorar em uma nova praia, e o calor dessa areia amanhecida aquecer a sua alma e a brisa suave que vier das ondas do amar te beijar, você saberá… É o amor sendo escrito nos versos da vida que dois corações navegantes decidiram compartilhar!"
Fonte: Revista Bula.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Correr e amar, é só começar (Atenção: este post não é só sobre mulheres e corrida)

Sou uma pessoa angustiada com os ponteiros do relógio. Adorava saber desenhar, ilustrava-me com um relógio como uma arma apontado à cabeça. É o que nesse momento melhor me descreveria, mas a verdade é que essa sensação é mais comum do que possamos imaginar. A sobrecarga de tarefas que nos impomos deixa-nos de rastos. 

Não à toa esse sentimento que algumas mulheres experienciam como stress, outras como incapacidade de progredir na carreira profissional e educacional, vem sendo motivo de preocupação dos países nos diversos encontros internacionais. Apenas como uma referência importante, em 1994, na Conferência do Cairo, falou-se em plena participação e parceria entre mulheres e homens como necessários à vida produtiva e reprodutiva, inclusive com a divisão de responsabilidades no cuidado e alimentação dos filhos e na manutenção da família. E mais se disse:
"Em todo o mundo, a mulher vê em perigo sua vida, sua saúde e seu bem-estar porque está sobrecarregada de trabalho e carece de poder e de influência. Na maior parte do mundo, as mulheres recebem menos educação formal que os homens e, ao mesmo tempo, não se reconhecem seus conhecimentos, aptidões e mecanismos de luta frente a vida. As relações de poder que impedem a mulher de alcançar uma vida sadia e plena se faz sentir em muitos níveis da sociedade, desde os mais pessoais até os mais públicos" (Cap. IV, par. 4.1, Relatório da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, Plataforma de Cairo). 
Passados mais de 20 anos desde a Conferência do Cairo, continuamos a discutir como um assunto atualíssimo a necessidade premente de empoderamento da mulher, de igualdade e equidade dos sexos e de desenvolvimento sustentável. Portanto, o tempo de uma mulher não é coisa que se resolva e se explique com um relógio apontado à cabeça, isto sim uma arma branca. 

Mas sexismos à parte, nada disso anula a possibilidade real de muitos homens, pais solteiros ou não, divorciados ou não, assumirem o papel tradicionalmente desempenhado pela mulher na família e na sociedade. É importante que se diga que, no caso das mulheres, a situação é agravada pela falta ou desequilíbrio no apoio, sobretudo, por parte do Estado e da sociedade. 

E foi por isso que, sem tempo para muito, de forma quase irônica comecei a correr. Hoje corro porque é quando mais me sinto livre de mim e da rotina; corro porque, durante aquela horinha de relógio, apodero-me do tempo. Corro sozinha, de fones no ouvido, música alta e todo o resto esquecido. 

Assim como eu, qualquer um, a princípio, pode começar e amar correr. Bastam uns bons tênis, uma roupa apropriada para o frio ou o calor e a boa disposição que se ganha pelo caminho. 

A propósito, recomendo a quem queira começar ou está a retomar os treinos, a leitura de um livro fabuloso, dirigido às meninas, mas que vale para os machos também: Correr (não) é Para Meninas, da autora Alexandra Heminsley, edição em português da Ed. Asa. A sinopse diz tudo:
"Alexandra Heminsley queria ter a cintura de uma supermodelo, as pernas de uma bailarina, a rapidez de uma gazela. Durante anos, debateu-se com estas expectativas e a realidade dos implacáveis ginásios da moda e de exercícios que a entediavam de morte. Ela queria sentir-se bem mas ver resultados rápidos. Queria ar livre e liberdade. Um dia, decidiu correr. A sua primeira corrida não acabou bem. Atualmente, já correu cinco maratonas. Como? Tudo mudou no dia em que percebeu que correr é não só um exercício físico. É também um exercício mental. É uma atitude. Por isso, embora este livro seja sobre corrida, não é apenas sobre corrida. É também sobre determinação (sim, sair da cama numa manhã chuvosa de domingo é um desafio), relações pessoais (enfrentar os intimidantes veteranos do desporto também conta), e o nosso próprio corpo (não, a gravidade não tem de interferir no nosso desempenho). Mais, é sobre cada uma de nós (e nós conseguimos chegar mais longe do que pensamos… mesmo!)."
Boa corrida! ;)

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Não te apaixones...


O texto é da autora dominicana Martha Rivera-Garrido. Explica porque um contingente de mulheres interessantes continuam sós, por opção ou falta dela. Responde a outras tantas perguntas. Achei fabuloso! Alguém, por acaso, se identifica?
"Não te apaixones por uma mulher que lê, por uma mulher que tem sentimentos, por uma mulher que escreve. Não te apaixones por uma mulher culta, maga, delirante, louca. Não te apaixones por uma mulher que pensa, que sabe o que sabe e também sabe voar, uma mulher confiante em si mesma.
Não te apaixones por uma mulher que ri ou chora quando faz amor, que sabe transformar a carne em espírito; e muito menos te apaixones por uma mulher que ama poesia (estas são as mais perigosas), ou que fica meia hora contemplando uma pintura e não é capaz de viver sem música.
Não te apaixones por uma mulher que está interessada em política, que é rebelde e sente um enorme horror pelas injustiças. Não te apaixones por uma mulher que não goste de assistir televisão.
Não te apaixones por uma mulher intensa, brincalhona e irreverente. 
Não queiras te apaixonar por uma mulher assim. Porque quando te apaixonares por uma mulher como esta, se ela vai ficar contigo ou não, se ela te ama ou não, de uma mulher assim, jamais conseguirás ficar livre."
Fonte: Cortina de Retina