segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Distância

A minha mãe, a pessoa que eu conheço que mais desculpas sabe dar, diz-me muitas vezes, com um certo ar inaceitável, que estou longe; que fui para um "lugar tão longe!". A minha mãe não quer entender! Digo-lhe que não há "lugares longes", há tempos de distância (há muito deixei de medir a distância em quilômetros!). O que muda é como se transporta, por exemplo: tanto faz levar 8 horas para percorrer de autocarro 350 km de estradas quase inexistentes; como levar 8 horas para entrar num avião em um país e sair em outro. A distância, nada mais é, do que o tempo que se leva para percorrer de um ponto a outro e que pode ser muito variável, a depender da velocidade empreendida pelo viajante (e da sua vontade!). Física pura. Mas ela não entende... ou talvez tenha mesmo dificuldade em ultrapassar a circunferência do seu círculo. Morreremos sem saber. Eu, daqui, fico a espera que um dia a minha mãe compreenda duas verdades que aprendi com a vida: há quem esteja ao lado e abandone; há quem esteja distante e mais perto ainda.     

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