segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O balanço das férias

Até há pouco tempo, as férias tinham um sentido quase egocêntrico. Despedia-me do trabalho e rumava para um retiro ensolarado, com o tempo todo dedicado ao ócio. Tem o seu valor e de fato às vezes berro pelo “meu minuto”, mas passou a ser inimaginável férias sem visitas ao zoológico, insufláveis, carrocéis, golfinhos, passeios no comboio turístico e muitos gelados. Deixou-me feliz constatar que temos vindo “afinando” a cada ano e que estes momentos em que estamos todos juntos servem também para conhecermo-nos melhor. Sim, nada é estanque e definitivo, sobretudo quando vemos crescer os filhos, constatamos que nunca sabemos tudo a respeito uns dos outros.
 
A Malu parece que vai gostar de navegar, para a felicidade do pai! É curiosa, inteligente e responsável, para a minha própria felicidade! A Eva é uma exploradora voraz, escaladora nata, teimosa e faminta. E foi presenteada com os olhos mais encantadores que há no mundo, amendoados e de pestanas enormes, que é para nos enfeitiçar e nos fazer esquecer as suas traquinices. O Zé aprendeu a virtude do equilíbrio. Eu talvez tenha conseguido repartir-me sem desintegrar-me, comove-me o amor de minhas filhas, a forma benevolente como perdoam a minha impaciência! Sim, a mãe também faz birras.
 
Contemplei infinitamente o mar, quase terminei de ler um livro. E a avaliar que não sou nada perfeita, sinto-me agraciada pela vida partilhada com eles. Foi a conclusão mais importante que extrai desses dias de férias. Gosto de estar de volta, de refugiar-me no computador, de esquecer de tudo enquanto procuro respostas e soluções, enquanto não penso em mais nada a não ser no que tenho à frente. É o meu instante vital de solidão, além do quê, ter um projeto me mantém sã. Agarro-me a ele como a tábua que me resta em um navio naufragado. No entanto, nada faria sentido se eu não pudesse tê-los, fechar a porta atrás das costas e dedicar-me a ser somente nós. É basicamente isto! 
 




 

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