Até
há pouco tempo, as férias tinham um sentido quase egocêntrico. Despedia-me do
trabalho e rumava para um retiro ensolarado, com o tempo todo dedicado
ao ócio. Tem o seu valor e de fato às vezes berro pelo “meu minuto”, mas passou
a ser inimaginável férias sem visitas ao zoológico, insufláveis, carrocéis, golfinhos,
passeios no comboio turístico e muitos gelados. Deixou-me feliz constatar que
temos vindo “afinando” a cada ano e que estes momentos em que estamos todos
juntos servem também para conhecermo-nos melhor. Sim, nada é estanque e
definitivo, sobretudo quando vemos crescer os filhos, constatamos que nunca
sabemos tudo a respeito uns dos outros.
A
Malu parece que vai gostar de navegar, para a felicidade do pai! É curiosa,
inteligente e responsável, para a minha própria felicidade! A Eva é uma
exploradora voraz, escaladora nata, teimosa e faminta. E foi presenteada com os
olhos mais encantadores que há no mundo, amendoados e de pestanas enormes, que
é para nos enfeitiçar e nos fazer esquecer as suas traquinices. O Zé aprendeu a
virtude do equilíbrio. Eu talvez tenha conseguido repartir-me sem desintegrar-me,
comove-me o amor de minhas filhas, a forma benevolente como perdoam a minha
impaciência! Sim, a mãe também faz birras.
Contemplei
infinitamente o mar, quase terminei de ler um livro. E a avaliar que não sou nada
perfeita, sinto-me agraciada pela vida partilhada com eles. Foi a
conclusão mais importante que extrai desses dias de férias. Gosto de estar de volta, de
refugiar-me no computador, de esquecer de tudo enquanto procuro respostas e
soluções, enquanto não penso em mais nada a não ser no que tenho à frente. É o
meu instante vital de solidão, além do quê, ter um projeto me mantém sã.
Agarro-me a ele como a tábua que me resta em um navio naufragado. No entanto,
nada faria sentido se eu não pudesse tê-los, fechar a porta atrás das costas e
dedicar-me a ser somente nós. É basicamente isto!
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