Imagem: Eligible Magazine |
Havias de conhecer a Maria! Maria nunca foi, de todo, uma pessoa vulgar. Tinha imensa alegria e qualquer coisa de sonho, de encanto. Maria não caminhava, rasgava o ar ao passar... des-li-za-va... Maria não olhava, observava. Tanto ouvia quanto falava mas falar era o que Maria mais gostava. Maria discursava.
Maria amou, muitas vezes, mas uma mais que todas as outras. O amor de Maria também a amou e foram, por longos dias, felizes. Até que um dia o amor resolveu mudar a Maria. Maria não era suficientemente boa, nem era suficientemente feliz, nem inteligente era. Maria não se compreendia.
Teria a Maria existido? Haveriam Marias dentro de outras Marias? Marias aflitas, escondidas, adormecidas? Marias dançantes, elegantes, amantes? Onde estaria a Maria?
Maria olhou-se ao espelho. E viu-se, com 45 anos, uma casa, um filho, um cão, um livro. Tinha marido e emprego. Mas de tanto querer e de tanto silenciar, Maria mudou. Maria, calou-se.
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