quinta-feira, 5 de junho de 2014

O falso moralismo: "Faz o que eu digo mas não faças o que eu faço" (Esqueletos de recém-nascidos e crianças são encontrados em convento da Irlanda)

A Irlanda é um país de forte tradição católica e que tem uma das leis abortivas mais restritivas, contrariando a tendência do resto da Europa. Desde 2013, a interrupção da gestação só é permitida na Irlanda em caso de risco de morte para a mãe, inclusive de suicídio, o que gerou muita polémica. A lei irlandesa não autoriza o aborto em caso de violência sexual nem anomalia fetal, gerando severas críticas por parte dos tribunais comunitários. Mas todos os anos milhares de mulheres saem da Irlanda para a Inglaterra ou para o País de Gales para fazerem um aborto, o que pode levar a Irlanda a ter de explicar-se na Comissão dos Direitos Humanos da ONU. Em 2010, a Corte Europeia dos Direitos Humanos condenou a Irlanda a pagar 15 mil euros de indemnização a uma grávida com um tipo de cancro raro por proibi-la de interromper a gestação, seja por colocar a sua vida em risco ou por a continuação do tratamento poder prejudicar o feto. Em 2012, uma mulher morreu na sequência de um aborto espontâneo em razão dos médicos irlandeses terem se recusado a interromper a gestação apesar do risco de morte. É, de facto, um assunto controverso mas que não soluciona um problema real: quem tem dinheiro, recorre a uma clínica privada ou sai do país; quem não tem faz um aborto clandestino, as complicações custam mais aos cofres públicos quando não levam à morte da mulher. Parece-me que não aceitar a prática do aborto não nos legitima a decidir pelos outros. E agora, o que dirão deste achado?


As freiras do convento de Tuam durante os anos 50. Foto: Internet

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