Está próximo o dia 8 de Março, o Dia Internacional da Mulher. Mas o que temos mesmo para comemorar? O facto de termos nascido do género "sexo frágil"? De ainda ganharmos um ordenado menor do que o dos homens, apesar da nossa dupla jornada (fora e em casa) e de pesquisas revelarem que temos mais anos de estudos? De sermos massacradas pela cultura da beleza que nos obriga a sermos magras e termos medo de envelhecer? De ocuparmos, no Brasil, a 7.ª posição na listagem dos países com o maior número de homicídios femininos e da violência doméstica matar cada vez mais em Portugal? Não. É possível que todas as flores e mensagens partilhadas nesse dia não compensem aquilo que realmente merecemos: uma sincera mudança de atitude. Está mais do que na hora de falarmos abertamente e assumirmos posturas. A verdade, a verdade absoluta, é que não estamos sempre felizes nem acordamos sempre bonitas e bem dispostas. Há dias em que estamos imensamente cansadas e isto não é tremelique de mulher; há dias em que também nos apetece vaguear pois este não é um direito só dos homens; há dias em que não queremos falar; há dias em que queremos sonhar; há dias em que ainda temos medo; há dias insuportáveis e há coisas que de facto nos acontecem. Por exemplo: quando nos queixamos de dor de cabeça, é mesmo porque temos cabeça e ela também nos dói; e a TPM, a famigerada da TPM, pode mesmo nos atordoar; assim como também é mazela puramente feminina a tal da depressão pós-parto. Não é verdade que a conquistada igualdade tenha nos retirado a delicadeza, o gosto pela gentileza e pelo cavalheirismo; mas é verdade que a vinda dos filhos nos tira algum frescor, uma mutação própria de nossa condição... e não temos que nos penitenciar por isto; não temos de ser super-mulher, super-mãe, super-profissional, super-amante, super tudo. Lembraram-se de nos consagrar um dia porque, historicamente, as nossas lutas por melhores condições sociais, políticas e económicas assim nos avalizaram. Mas hajam muitos outros dias, hajam dias todos os dias em que possamos nos lembrar que a nossa maior e mais importante luta, ainda é, sermos tratadas com respeito.
Consultado: Texto de Janethe Fontes, Blogueiras Feministas.
Dudú, o seu blogue está simplesmente maravilhoso! Descobri esta semana e fiquei encantada, parabéns! Beijão, Hari.
ResponderEliminarHari, linda! Obrigada, acompanha, saudades... :D
EliminarArrasou na postagem, Binha!
ResponderEliminarCompartilho das mesmas reflexões... :D
Obrigada Tam, vc é uma grande voz e um orgulho... Bj
Eliminardá uma olhada neste!
ResponderEliminarhttp://www.geledes.org.br/areas-de-atuacao/questoes-de-genero/180-artigos-de-genero/23665-dia-internacional-da-mulher-comemorar-o-que-por-janethe-fontes