Não sei de quem é a autoria da imagem mas tocou-me profundamente. A estátua é de Carlos Drummond de Andrade e fica na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro. A par das atitudes de vandalismo, maioritariamente quem passa por lá não resiste a guardar uma imagem ao lado de um dos mais festejados poetas brasileiros - ou registar um momento como este. Ironicamente, o que se sabe é que Carlos Drummond era muito reservado (dizia que tudo o que tinha a dizer já estava escrito) e não gostava de ser fotografado pois achava-se feio. Feio? A verdade é que há beleza que escapa aos olhos e mesmo na dureza, no lado mais sombrio e solitário da vida, pode haver beleza. Como nesta imagem!
Ausência
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade, in: O Corpo
Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.
Carlos Drummond de Andrade, in: O Corpo
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