Às vezes perco o sono. Repasso o dia, infinitas vezes, em meus pensamentos. E perco o sono. Apavoram-me fantasmas, não do passado mas do futuro. Apavora-me o papel em branco, a tela vazia, as horas perdidas, as palavras desaparecidas. Apavora-me a exclusão, o escuro, o obscuro. Apavora-me não saber ou mesmo saber tão pouco quando era suposto saber tanto!
Quando sinto-me assim gosto de ouvir no carro algum tipo de música calma, que é quando basicamente o faço! Acredito que as canções podem ser formas do universo comunicar, dizer-nos coisas através da sensibilidade de algumas pessoas, que entretanto também se perdem! Bem, quando não piora a minha melancolia geminiana, deixa-me serena. Hoje ouvi o Luís Represas, um dos meus portugueses favoritos. E cantou-me isto. E eu senti que era mesmo isto. E soube-me bem!
Quando me perco
busco um abrigo
ou um tecto que não tolha os meus sentidos
E se o teu céu, por ser maior,
cobrir o pranto?
eu vou!
Quando me perco
sigo uma estrela
que não brilha igual
em todo o firmamento.
E se cair para lá das ilhas encantadas?
eu vou!
Se o teu nome não fosse
o do pecado,
ou da benção que o céu
hoje me deu,
nem por montes,
nem por mares
onde o sol nunca nasceu,
perderia o rasto
de um sorriso teu!
Quando me perco
sigo uma voz
que me chama bem do fundo
das certezas.
Mesmo que chegue
como um canto de sereia?
eu vou!
Quando me perco
ou se me encontro,
ou se me der para ser banal
tal como agora,
tudo não passa
da vontade de dizer?
eu estou!
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