terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Promessas revogadas para 2015


Ahhhh... este ano que vem... vai ser "o Ano"! 

Este novo ano, prometo, vou dedicar-me a mim, mas também vou lembrar de cuidar de "nós". Andamos tão perdidos e solitários! Bem, vou trabalhar menos e melhor e, juro, vou passar mais tempo bom com a família. 

Resolverei meus problemas financeiros, sinto isso! 

No ano que vem é certinho que viajo mais. Vou andar mais leve, reduzir a carga e, importantíssimo, não vou esquecer-me de respirar enquanto olhar o pôr do sol. Sim, olharei mais sois, mais luas, olharei mais para o céu.

Este ano novo, quando for verão, andarei com os pés descalços - algumas vezes sozinha, mas não muitas - e terminarei tudo que ficou pendente. Vou dar mais abraços, mais beijos, mais risadas, farei mais visitas. Só me conterei em demonstrar que pareço tão forte. Assumirei que não sou e pronto: exigirei ajuda, por amor. 

Para o próximo ano a meta é escrever, no mínimo, uma página por dia e correr 100 dias ao longo do ano. Haverei de conseguir!

E não farei promessas, nenhuma. Que isto de promessas, quando acaba o ano, é só para deixar uma pessoa confusa com o que andou a fazer! Portanto, se as fizer, por negligência, revogo-as todas desde já. Tal como ficam revogadas todas as disposições em contrário. 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

A história do Natal, pela Vovó Ana

Estar longe e receber um e-mail com uma cartinha assim, dirigida às meninas, é mais uma prova do seu amor e a confirmação de que a distância não afasta as pessoas que se amam.

Partilhem com vossos filhos! 


"Oi Lu e Evinha, saudades de vocês! Olha hoje quero falar com vocês sobre o Natal. No dia de natal ganhamos muitos presentes e fazemos uma grande festa, mas vou contar a vocês o motivo de tanta comemoração:
O natal é comemorado no dia 25 de dezembro, mas a festa sempre começa um dia antes, durante a ceia de natal! É quando a mamãe prepara aquela mesa cheia de coisas gostosas para comer. A tradição da ceia vem da "Santa Ceia", quando Cristo reuniu seus Apóstolos e instituiu o Santíssimo Sacramento.
No dia de Natal é celebrado o nascimento de Jesus e, sendo o aniversário dele, nada mais importante do que comemorarmos este dia. Ele nasceu em Belém, em uma gruta, e durante sua vida espalhou pelo mundo lições de amor ao próximo.
A história nos conta que no dia do nascimento de Jesus, uma grande estrela, guiou os três Reis Magos: Belchior, Baltasar e Gaspar, até o local onde nasceu Jesus, uma pequena manjedoura (um pequeno curral). Os três Reis Magos levaram presentes para Ele. Um levou ouro, o outro incenso e o outro mirra.
O ouro que representa a realeza (que Jesus é rei), o incenso que representa a divindade (que ele é o divino, filho de Deus) e a mirra que representa a imortalidade (Jesus ressuscitou).
A visita dos Reis Magos a Jesus está representada nos presépios, que até hoje são montados durante a espera do Natal. Sabe como isto começou? Quem primeiro montou presépio foi São Francisco de Assis, em 1224. Todos ficaram tão encantados de como ele contava a história do nascimento de Jesus, que a partir daí, a tradição de montar o presépio ganhou o mundo.
Outro símbolo muito importante no natal são as árvores enfeitadas. Para nossa religião a árvore de natal, toda verde, é sinal de vida, enquanto as bolas nela penduradas significam os bons frutos oferecidos por Jesus à Humanidade. Já as velas que usamos no Natal representam a presença de Cristo como Luz.
Ah! E o Papai Noel. Diz a lenda que ele vive no Pólo Norte e tem uma fábrica de brinquedos, onde trabalham seus ajudantes, os duendes. Na noite de natal, ele pega seu trenó, puxado por renas voadoras, enche seu saco vermelho de presentes e sai para presentear todas as crianças que se comportaram bem durante o ano. A figura do bom velhinho de barbas brancas foi inspirada no bispo São Nicolau. "Atribuíram-se a ele vários milagres, mas o que marcou definitivamente foi sua bondade e a prática de distribuir presentes entre as crianças".
Outra coisa importante no Natal é ajudar quem mais precisa. É um gesto muito bonito, pois mais importante do que receber, é dar. Por isto é importante tirar aquelas roupinhas e brinquedos que não usamos mais para doar a uma criança que precisa. Podemos também pedir a mamãe para comprar um brinquedo para crianças, que os papais não podem comprar presentes para eles ou mesmo comprar comidas e guloseimas e entregar em orfanatos e fazer a noite de Natal destas crianças uma alegria. 
Feliz Natal para vocês minhas meninas amadas. 
Da dinda vó Ana" 

sábado, 20 de dezembro de 2014

Ciranda da Bailarina


"Procurando bem
Todo mundo tem pereba
Marca de bexiga ou vacina
E tem piriri, tem lombriga, tem ameba
Só a bailarina que não tem
E não tem coceira
Berruga nem frieira
Nem falta de maneira
Ela não tem

Futucando bem
Todo mundo tem piolho
Ou tem cheiro de creolina
Todo mundo tem um irmão meio zarolho
Só a bailarina que não tem
Nem unha encardida
Nem dente com comida
Nem casca de ferida
Ela não tem

Não livra ninguém
Todo mundo tem remela
Quando acorda às seis da matina
Teve escarlatina
Ou tem febre amarela
Só a bailarina que não tem
Medo de subir, gente
Medo de cair, gente
Medo de vertigem
Quem não tem

Confessando bem
Todo mundo faz pecado
Logo assim que a missa termina
Todo mundo tem um primeiro namorado
Só a bailarina que não tem
Sujo atrás da orelha
Bigode de groselha
Calcinha um pouco velha
Ela não tem

O padre também
Pode até ficar vermelho 
Se o vento levanta a batina
Reparando bem, todo mundo tem pentelho
Só a bailarina que não tem
Sala sem mobília
Goteira na vasilha
Problema na família
Quem não tem

Procurando bem
Todo mundo tem..."

(Chico Buarque)


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Fala, Amendoeira*


"Esse ofício de rabiscar sobre as coisas do tempo exige que prestemos alguma atenção à natureza - essa natureza que não presta atenção em nós. Abrindo a janela matinal, o cronista reparou no firmamento, que seria de uma safira impecável se não houvesse a longa barra de névoa a toldar a linha entre o céu e o chão - névoa baixa e seca, hostil aos aviões. Pousou a vista, depois, nas árvores que algum remoto prefeito deu à rua, e que ainda ninguém se lembrou de arrancar, talvez porque haja outras destruições mais urgentes. Estavam todas verdes, menos uma. Uma que, precisamente, lá está plantada em frente à porta, companheira mais chegada de um homem e sua vida, espécie de anjo vegetal proposto ao seu destino.

Essa árvore de certo modo incorporada aos bens pessoais, alguns fios elétricos lhe atravessam a fronde, sem que a molestem, e a luz crua do projetor, a dois passos, a impediria talvez de dormir, se ela fosse mais nova. Às terças, pela manhã, o feirante nela encosta sua barraca, e ao entardecer, cada dia, garotos procuram subir-lhe o tronco. Nenhum desses incómodos lhe afeta a placidez de árvore madura e magra, que já viu muita chuva, muito cortejo de casamento, muitos enterros, e serve há longos anos à necessidade de sombra que têm os amantes de rua, e mesmo a outras precisões mais humildes de cãezinhos transeuntes.

Todas estavam ainda verdes, mas essa ostentava algumas folhas amarelas e outras já estriadas de vermelho, gradação fantasista que chegava mesmo até o marrom - cor final de decomposição, depois a qual as folhas caem. Pequenas amêndoas atestavam o seu esforço, e também elas se preparavam para ganhar coloração dourada e, por sua vez, completado o ciclo, tombar sobre o meio-fio, se não as colhe algum moleque apreciador do seu azedinho. E como o cronista lhe perguntasse - fala, amendoeira - por que fugia ao rito de suas irmãs, adotando vestes assim particulares, a árvore pareceu explicar-lhe:

- Não vês? Começo a outonear. É 21 de Março, data em que as folhinhas assinalam o equinócio do outono. Cumpro meu dever de árvore, embora minhas irmãs não respeitem as estações.

- E vais outoneando sozinha?

- Na medida do possível. Anda tudo muito desorganizado, e, como deves notar, trago comigo um resto de verão, uma antecipação de primavera e mesmo, se reparares bem neste ventinho que me fustiga pela madrugada, uma suspeita de inverno.

- Somos todos assim.

- Os homens, não. Em ti, por exemplo, o outono é manifesto e exclusivo. Acho-te bem outonal, meu filho, e teu trabalho é exatamente o que os autores chamam de outonada: são frutos colhidos numa hora da vida que já não é clara, mas ainda não se dilui em treva. Repara que o outono é mais estação da alma que da natureza.

- Não me entristeças.

- Não, querido, sou tua árvore-da-guarda e simbolizo teu outono pessoal. Quero apenas que te outonizes com paciência e doçura. O dardo de luz fere menos, a chuva dá às frutas seu definitivo sabor. As folhas caem, é certo, e os cabelos também, mas há alguma coisa de gracioso em tudo isso: parábolas, ritmos, tons suaves... Outoniza-te com dignidade, meu velho."

Carlos Drummond de Andrade, 1957

* Fala, Amendoeira é uma reunião de crónicas de Carlos Drummond de Andrade, originalmente publicadas no jornal Correio da Manhã.

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Viajar até Guimarães

Sentia a vida em círculos: a rotina, a roda da vida a me consumir, a me adoecer. Intimei todos a uma viagem, nem que fosse "ali", por nós. E fomos a Guimarães, conhecida como o Berço da Nação. Há muito que queria conhecer Guimarães; como imaginava, fiquei surpreendida com a beleza da região, a simpatia das pessoas e o estado de conservação dos monumentos, de visitas gratuitas. Guimarães está situada no Distrito de Braga, região Norte de Portugal, sendo o seu centro histórico considerado Património Cultural da Humanidade (UNESCO). Em 2012 foi nomeada Capital Europeia da Cultura. É um lugar a não deixar de visitar. 

Pontos de interesse:

Castelo de Guimarães
Castelo de Guimarães - Construído no século X e ampliado no século XII. Classificado em 1910 como património nacional. Possivelmente, foi o local onde nasceu o primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques.

Capela de S. Miguel do Castelo
Capela de S. Miguel do Castelo - Igreja românica, situada entre o Castelo e o Paço dos Duques de Bragança. Local onde, possivelmente, D. Afonso Henriques foi batizado. O seu pavimento é lajeado por sepulturas de importantes guerreiros ligados a fundação da nacionalidade portuguesa. É monumento nacional desde 1910. 

Paço dos Duques
Salão dos Banquetes
Paço dos Duques - Construído no século XV pelo primeiro Duque de Bragança, abriga raras tapeçarias, peças de mobiliários renascentistas e tem o teto em forma de barco no Salão dos Banquetes. Está classificado como património nacional.

Museu de Alberto Sampaio
Museu de Alberto Sampaio - Foi criado em 1928 e abriga valiosas coleções de arte sacra, esculturas e azulejos do país. Situa-se no centro histórico, no local onde a condessa Momadona instalou um mosteiro (século X), cercado pelo claustro e salas medievais. Guarda o loudel que D. João I vestiu na Batalha de Aljubarrota.

  
Os Duques