terça-feira, 26 de agosto de 2014

É da natureza do pássaro voar...

Durante as férias no Brasil aprendi muito com uma pequena fêmea de pardal que resolveu habitar e fazer seu ninho na varanda do nosso apartamento em Salvador. Fiquei uma semana a observá-la, quietinha, a cuidar dos seus dois rebentos, mimá-los e vezes sem conta sair em busca do que alimentá-los. Até que um dia, sentindo-se preparados, os filhotes voaram. Deixaram todos aquela casinha improvisada, que eu julgava ser um lar, e nunca mais voltaram. 

Fiquei a pensar se teríamos nós, eu e as crianças, culpa por termos travado uma tentativa de aproximação nem que fosse ocular. Senti-me, de certo modo, estúpida. Depois, pensei: É da natureza do pássaro voar. A beleza do pássaro está no voar, ir longe, ser livre, cantar onde bem lhe provém. Por acaso não somos nós parecidos com os pássaros? O que pode haver de mais triste senão as tentativas de sufocarem o que somos, transformarem-nos a fórceps, pretenderem-nos outro, quase de outra espécie? Não passamos nós a vida a cuidar, amar e alimentar os nossos filhos para que um dia eles alcem orgulhosos o voo mais alto que puderem? 

Sejamos íntegros. Toda a tentativa de mudar a natureza, seja do que for, é vil e vã. Contemplar, mesmo que de longe, o que nos difere do outro, é o gesto mais puro de respeito e amor.




domingo, 24 de agosto de 2014

De volta

Voltei e encontrei a casa limpa, arrumada, o carro lavado, o frigorífico completo, comida pronta, tudo no lugar, como se nunca tivesse ido. Voltei esperada. Voltei de coração mais leve, com a cabeça refeita e os pensamentos mais organizados. Voltei segura, amada e feliz. Voltei mais certa do que nunca de que há coisas que não valem mesmo a pena e pessoas que estão onde realmente deveriam. Voltei com pos doctor na observação e análise da lei do menor esforço. Voltei porque eu não costumo "entregar os pontos". Voltei porque qualquer lugar é bom desde que sirva de cenário de uma história que se pretende feliz. Voltei carregada de abraços, de beijos, de bênçãos, de conversas longas e sentidas, de amigos, de família, de compreensão. Voltei revisitada. Voltei com a minha história revista. Voltei em dia. Voltei em paz comigo. 

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Era uma vez...

Era uma vez uma menina que sonhava. E lia muito, desde muito antes de aprender a ler, e assim sonhava com as histórias que ouvia ou inventava...

Era uma vez uma menina, muito pequenina, mas que não cabia no seu quarto, na sua casa, na sua cidade... só cabia bem nos seus sonhos. 

Um dia, aconteceu de sentir que já não estava no mesmo lugar. Estava muito longe de todos os lugares que ela conhecia.

Era uma vez uma menina que sonhava em voltar. Todos os anos, uns mais outros menos, ela voltava e contava a sua história. Era assim, revivendo, que ela não a perdia. E se sentia feliz. 

Uma história pode ser contada muitas vezes... vezes sem conta.











quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Férias. Primeira parte: Estamos a voar

Férias. Estamos de férias do trabalho, da escola, da nossa casa; apesar de que, para mim, viajar para o Brasil não signifique propriamente "ir de férias". Mesmo assim, aproveitamos e matamos saudades, mais que tudo. Perguntam-me como consigo viajar sozinha com duas crianças, uma com 2 e outra com 6 anos, mantendo-as a colaborar desde as 8 horas de vôo - que, no nosso caso, aumentaram para 11 horas devido a dificuldades de pouso em Salvador face ao mal tempo. Voltamos para Recife, abastecemos, esperamos e lá se foram mais 3 horas de vôo. As meninas foram impecáveis! O segredo? Começo a doutrina-las um mês antes de viajar: que precisam ajudar a mama; que a mais velha deve ajudar com a mana; que quem não tem paciência não pode viajar; que devem esperar ao lado do carrinho enquanto a mama apanha as malas... e compreenderam tudo muito bem. A verdade é que são umas queridas!

A propósito das malas: O primeiro desafio é viajar com o menos possível. Consegui reduzir tudo, para um mês de viagem, em três malas pequenas; uma mochila com computador, máquina fotográfica e documentos e outra mais pequena ainda, partilhada pelas meninas, com um pequeno lanche para o caso de não gostarem da comida do avião, uma peça de roupas e fraldas para uma emergência - que por sinal foram necessárias, já que a mais pequena anda no processo de largar definitivamente as fraldas. Nessas ocasiões, é melhor não arriscar.

É a minha primeira dica de viagem: organização, disciplina e muita diversão. 


sexta-feira, 1 de agosto de 2014